Encerradas as mostras competitivas do Cine PE no último sábado (7), tudo o que restava para a programação de domingo (8) era a premiação, certo? Errado. Antes disso, para ampliar o clima de suspense e a ansiedade das equipes dos longas e curtas concorrentes, dois filmes foram exibidos como hors concours. A animação Pedrinho e a Chuteira da Sorte (PE), de Marcos França, e o drama sobre violência doméstica Vidas Partidas (RJ), de Marcos Schechtman.
As duas sessões, originalmente programadas para depois da premiação, foram antecipadas, possivelmente para manter o público na sala de cinema até o fim da noite. O que ocorreu, no entanto, foi uma sucessão de espectadores transitando a todo tempo no Cine São Luiz, geralmente conversando alto e bolinando celulares, desrespeitando filmes e público que os acompanhavam. Outro problema, já apontado e muito debatido durante o festival, foi a equivocada seleção de uma animação pueril para acompanhar um filme de temática adulta, este com sequências de sexo, nudez e violência explícita. Desta vez, no entanto, dois avisos foram feitos de que menores só poderiam permanecer na sala para o segundo filme se estivessem com os pais ou responsáveis.
Ao término das exibições, a expectativa aumentou enquanto a muito simpática apresentadora Graça Araújo anunciava os primeiros prêmios. Na mostra de curtas-metragens pernambucanos, saíram laureados Diva, de Luiz Rodrigues Jr., com a distinção do Júri Popular, Não Tem Só Mandacaru, de Tauana Uchôa, como Melhor Direção, e o melancólico Maria, de Carol Correia, destacado justificadamente como o Melhor Filme.
Com muitos mais prêmios para distribuir entre um total de 12 categorias, a mostra de curtas nacionais laureou O Coelho (RJ), primeiro filme de Marcello Sampaio, com quatro troféus Calunga: Melhor Direção (Sampaio), Melhor Atriz (Ingrid Cairo), Melhor Fotografia (Sampaio) e o prêmio do Júri Popular. Com três Calungas, o curta Redemunho (PB) saiu com a principal distinção da noite, a de Melhor Filme, além de receber também as de Melhor Roteiro (Marcélia Cartaxo e Virginia de Oliveira) e Melhor Ator (Daniel Porpino). Das Águas Que Passam (ES) e Gramatyka (DF), excepcionais obras de Diego Zon e Paloma Rocha, terminaram apenas com os prêmios de Edição de Som e Trilha Sonora, respectivamente. O prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) ficou com Paulo Bruscky, de Walter Carvalho, e o Prêmio Canal Brasil também foi para Redemunho.
Na competição de longas nacionais, nove dos 15 prêmios foram divididos entre os dois filmes que mais agradaram ao público em suas respectivas exibições no Cine PE: Por Trás do Céu (RJ), de Caio Soh, que recebeu cinco troféus Calunga, e Danado de Bom (PE), de Deby Brennand, que terminou exaltado em outros quatro prêmios, incluindo o de Melhor Filme. O momento mais curioso da noite ocorreu quando o troféu de Melhor Diretor foi para Rodrigo Gava, pela animação As Aventuras do Pequeno Colombo (RJ), decisão que gerou ainda mais burburinho quando o icônico cineasta Luiz Rosemberg Filho foi chamado ao palco para receber um prêmio especial do júri, pelo conjunto de sua obra e contribuição ao cinema brasileiro. Seu filme, Guerra do Paraguay (RJ), ainda foi laureado com a distinção do Júri da Crítica da ABRACCINE.
Leste Oeste (PR), primeiro longa-metragem de Rodrigo Grota, saiu com os principais prêmios de atuação, para Felipe Kannenberg e Simone Iliescu. Os atores coadjuvantes premiados, como já era de se esperar, foram Renato Góes e Paula Burlamaqui, de Por Trás do Céu. O júri oficial da premiação foi composto por João Batista de Andrade (diretor e produtor, SP), Guilherme Fiuza (diretor e produtor, MG), Angelisa Stein (produtora, RS), Odilon Wagner (ator, SP) e Ingra Liberato (atriz, BA). Confira a seguir todos os vencedores:
MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS:
Filme: Danado de Bom (PE), de Deby Brennnad
Direção: Rodrigo Gava, por As Aventuras do Pequeno Colombo (RJ)
Roteiro: Caio Soh, por Por Trás do Céu (SP)
Fotografia: Jane Malaquias, Pablo Nóbrega e Pedro Von Kruger, por Danado de Bom (PE)
Direção de Arte: Ana Isaura, Zeno Zanardi e Kennedy Mariano, por Por Trás do Céu (SP)
Montagem: Jordana Berg, por Danado de Bom (PE)
Edição de Som: Ernesto Sena e Antonio de Pádua, por Danado de Bom (PE)
Trilha Sonora: Ary Sperling, por As Aventuras do Pequeno Colombo (RJ)
Ator: Felipe Kannenberg, por Leste Oeste (PR)
Atriz: Simone Iliescu, por Leste Oeste (PR)
Ator Coadjuvante: Renato Góes, por Por Trás do Céu (SP)
Atriz Coadjuvante: Paula Burlamaqui, por Por Trás do Céu (SP)
Prêmio Especial do Júri: Luiz Rosemberg Filho
Prêmio da Crítica (Júri da Abraccine): Guerra do Paraguay, de Luiz Rosemberg Filho (RJ)
Prêmio do Júri Popular: Por Trás do Céu, de Caio Soh (SP)
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS NACIONAIS
Melhor Filme: Redemunho (PB), de Marcélia Cartaxo
Direção: Marcello Sampaio, por O Coelho (RJ)
Roteiro: Marcélia Cartaxo e Virginia de Oliveira, por Redemunho (PB)
Atriz: Ingrid Cairo, por O Coelho (RJ)
Ator: Daniel Porpino, por Redemunho (PB)
Fotografia: Marcello Sampaio, por O Coelho (RJ)
Direção de Arte: Hermerson Souza, por This is not a Song of Hope (PE)
Edição de Som: Alexandre Barcellos e Felipe Mattar, por Das Águas que Passam (ES)
Trilha Sonora: Lívio Tragtemberg, Naná Vasconcellos e Villa Lobos, por Gramatyka (DF)
Montagem: Guto BR, por O Último Engolervilha II (RJ)
Prêmio do Júri Popular: O Coelho, de Marcello Sampaio (RJ)
Prêmio da Crítica (júri da Abraccine): Paulo Bruscky, de Walter Carvalho (PE)
Prêmio Canal Brasil: Redemunho, de Marcélia Cartaxo (PB)
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS PERNAMBUCANOS
Melhor Filme: Maria, de Carol Correia
Direção: Tauana Uchôa, por Não Tem Só Mandacaru
Prêmio do Júri Popular: Diva, de Luiz Rodrigues Jr.