007: A Serviço Secreto de Sua Majestade
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Peter Hunt
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On Her Majesty's Secret Service
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1969
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Reino Unido
Crítica
Leitores
Sinopse
O maquiavélico Blofeld tem um novo plano para dominar os governos da Terra. Ele arquiteta uma guerra bacteriológica que pode acabar com a vida animal e vegetal. James Bond, auxiliado pela filha de um gângster, penetra no reduto do malfeitor para tentar impedi-lo.
Crítica
Quando um ator decide não voltar a interpretar determinado personagem que o deixou famoso numa franquia lucrativa, sempre fica a expectativa de quem será seu substituto e de como serão os filmes seguintes. Hoje em dia, a série 007 talvez seja a que mais chama a atenção com relação a eventuais trocas de elenco, algo compreensível considerando sua longevidade e o quão icônico James Bond se tornou. Depois de Com 007 só se Vive Duas Vezes (1967), a série sofreu a primeira mudança de protagonista, com Sean Connery preferindo não retornar como Bond neste 007: A Serviço Secreto de Sua Majestade, que poderia ter sido sua sexta encarnação do personagem. Em seu lugar, surge o australiano George Lazenby que, logo no início, depois de uma luta na praia, solta a famosa fala: “Isso nunca aconteceu com o outro cara”, brincadeira divertida por parte dos realizadores. No entanto, Lazenby infelizmente revela-se um James Bond irregular, o que surpreendentemente não impede este exemplar de ser um dos melhores da franquia.
Escrito por Richard Maibaum, 007: A Serviço Secreto de Sua Majestade coloca James Bond no caminho da bela e problemática Teresa “Tracy” di Vicenzo (Diana Rigg), com quem inicia um relacionamento conturbado. Mas a cabeça de 007 está mais concentrada em tentar localizar Ernst Stavro Blofeld (Telly Savalas, substituindo Donald Pleasence). Para isso, ele aceita uma proposta do pai de Tracy, o chefe do crime Marc-Ange Draco (Gabriele Ferzetti), continuando o relacionamento com a garota em troca de informações importantes sobre o paradeiro do vilão. É então que Bond se apaixona inesperadamente por Tracy ao mesmo tempo em que tenta parar Blofeld, cujo plano é espalhar um vírus em várias partes do mundo.
A série 007 como um todo é conhecida por colocar James Bond em grandes missões que o expõe constantemente ao perigo. Levando isso em conta, é uma surpresa que quase toda a primeira hora de 007: A Serviço Secreto de Sua Majestade se dedique ao relacionamento do protagonista com Tracy. Apesar de Bond se meter em algumas brigas aqui e ali, o longa não soa como um filme de ação durante essa parte inicial, mas sim como um romance, decisão corajosa do roteiro que, de quebra, ainda faz esse aspecto ser um dos pontos altos do filme. É interessante ver James Bond sendo finalmente conquistado por uma mulher como Tracy, algo que inclusive ajuda a humaniza-lo. Além disso, ao desenvolver o romance entre os personagens com calma no início para só depois se concentrar na grande missão com Blofeld, o roteiro exibe inteligência na forma como estrutura a história, já que mais tarde ambas as partes se juntam, contribuindo para que o terceiro ato seja muito envolvente.
Com um roteiro desses nas mãos, o diretor Peter Hunt (estreante na função depois de ser montador e diretor de segunda unidade nos filmes anteriores) faz um ótimo trabalho ao impor um ritmo cativante, mantido do início ao fim da narrativa, além de ter uma bem-vinda sensibilidade na forma como trata a relação de Bond com Tracy. Em termos de ação, Hunt merece aplausos pelo dinamismo que traz às cenas, surpreendendo ao realizar alguns momentos memoráveis da franquia nesse aspecto, como nas perseguições na neve, que contam com uma avalanche de escala impressionante (e vale dizer que poucas vezes foi tão eletrizante acompanhar um capanga caindo de uma montanha).
Então chegamos a George Lazenby, ator que não é páreo para Sean Connery como o agente 007. Difícil não simpatizar com o Bond de Lazenby, mas isso se deve mais ao roteiro que ao intérprete em si, um tanto inexpressivo, além de claramente tentar emular sem sucesso seu predecessor (e por mais que a Era Roger Moore tenha sido a pior da franquia no quesito qualidade dos filmes, ao menos o britânico tinha personalidade). Em contrapartida, Diana Rigg é simplesmente uma das melhores Bond girls que a série teve, fazendo de Tracy uma personagem feminina forte, que mostra ser capaz de se cuidar sozinha, tendo um lado sensível e encantador. É fácil compreender como o protagonista se apaixona por ela. Telly Savalas, por sua vez, encarna Blofeld com naturalidade, ficando completamente distante dos maneirismos da icônica composição de Donald Pleasence no longa anterior, decisão que faz o vilão parecer mais real.
007: A Serviço Secreto de Sua Majestade foi um fracasso quando lançado e George Lazenby não voltou a interpretar James Bond. Sean Connery aceitou retomar o papel em 007: Os Diamantes São Eternos (1971) em troca de um salário astronômico. Mas, de qualquer forma, o australiano acabou marcando seu nome num filme excepcional, que acrescentou detalhes importantes à mitologia do personagem e ainda teve o desfecho mais trágico de um exemplar 007. Uma obra que ao longo dos anos, felizmente, vem sendo reconhecida como a preciosidade que é.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Thomas Boeira | 9 |
Cecilia Barroso | 7 |
MÉDIA | 8 |
Grande filme da série e inesquecível para um garoto de 14 anos, como eu, na época. Eu vi este filme em 1970 quando ainda morava em Porto Alegre e o considero até hoje um dos melhores da série. Diana Rigg foi para mim a melhor Bond Girl de todas, absolutamente linda em cena. E incrível como ela envelheceu mal. Um filme que fez história e extremamente peculiar no seu enredo, trazendo um Bond mais humanizado e com um final dos mais tristes da série.
O filme é realmente um dos melhores da franquia. Diana Rigg era uma grande atriz, atriz na época da série inglesa - Os Vingadores. Tinha charme, era linda, e foi incrível a sua transformação na velhice, ficando praticamente irreconhecível. E falecida a pouco tempo! O filme, a história e o roteiro foram muito bem construídos como as cenas de ação. George Lazenby embora com pouca ou nenhuma experiência de ator, fez um bom trabalho sendo uma figura problemática! Arranjou problema com os produtores, defenestrou o personagem dizendo estar datado, por influência do seu empresário, era prepotente sem nada entender do ramo. Jogou a chance da sua vida no lixo! Diana queria entrar no mercado americano com este filme, era talentosíssima e sinceramente acho que foi muito subutilizada no cinema na sua época jovem. Poderia sim ter sido uma estrela no cinema norte americano. Agora o filme marcou história, afinal foi filmado em 1969 e acho que está entre os três melhores ( Os filmes de Roger Moore são muito piores) filmes da franquia, Skyfall e CasinoRoyale com Daniel Craig são melhores, mas feitos em outra época e com outros recursos.