Crítica
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Sinopse
Em sua primeira aventura, James Bond tem a missão de neutralizar a ação de um cientista que deseja dominar o mundo. Perito em física nuclear, o Dr. No chefia uma organização criminosa e reside numa ilha particular no Caribe, um abrigo contra bombas.
Crítica
O ano era 1962. Sean Connery não era um ator muito conhecido e quase foi excluído da seleção para interpretar o agente secreto mais famoso da literatura na época. O autor de James Bond queria Roger Moore para interpretar 007 (algo que só aconteceria uma década depois). Porém, este ator já estava comprometido com um projeto televisivo chamado O Santo. Quem se deu melhor foi o galã escocês, que acabou fazendo seis títulos do espião (sem contar um outro título não oficial da série), tornando-se referência para outros personagens do mesmo estilo que viriam após. Há mais de 50 anos 007 contra o Satânico Dr. No era lançado nos cinemas.
O orçamento era modesto: pouco mais de um milhão de dólares. Algo visível na produção, por mais caprichada que ela seja. Só nos EUA 19 milhões foram arrecadados. Sem contar os mais de 43 milhões ao redor mundo. Pode parecer pouco hoje em dia (ainda mais se contarmos que 007: Quantum of Solace, 2008, arrecadou quase seiscentos milhões em todo o mundo), mas para a época foi um estouro que deu origem aos mais de 20 capítulos que o seguiram.
A receita deste sucesso é uma miscelânea de fatores: uma trama de espionagem bem amarrada em um momento histórico (o ápice da Guerra Fria, tema que viria a ser recorrente nos demais filmes), um protagonista sedutor e que ganhava todas as mulheres (ou bond girls, como preferir) que conhecia (mocinhas e vilãs), glamour até na escolha das armas e veículos do espião (vide os carrões e os relógios caríssimos), além de ótimas cenas de ação, belas paisagens e ambientes exóticos e excelentes coadjuvantes (M, Q, MoneyPenny). Ah, e o Martini batido, mas não mexido, é claro.
A história de Dr. No não é das mais complicadas, muito pelo contrário. Ambientada na Jamaica, a trama leva 007, já com bons anos de carreira, a investigar a morte de um membro do Serviço Secreto e sua secretária, que estavam no caminho de uma pista. O objetivo era descobrir quem interceptava foguetes norte-americanos lançados de Cabo Canaveral. E nesta investigação, Bond nos apresenta aquela que se tornaria uma de suas marcas registradas, as famosas e eletrizantes perseguições de carro. Difícil lembrar algum filme da série que não tenha uma cena destas. Porém, é no covil do Dr. No que o agente secreto vai enfrentar um dragão que cospe fogo, além de diversos capangas, até derrotar as armações do vilão.
É neste paraíso da vilania que Bond conta com a ajuda da belíssima Honey Rider (Ursula Andress), numa das cenas mais famosas (e sexys) da história do cinema, quando a eterna bond girl sai do mar apenas de biquíni e conhece o espião. A fotografia é tão emblemática que chegou a ser reproduzida em outros dois filmes da própria série: em 007: Um Novo Dia Para Morrer (2002), a agente americana Jinx (Halle Berry) faz o mesmo, assim como o próprio 007, ou melhor, Daniel Craig, saindo da água de sunga em 007: Cassino Royale (2006).
O curioso é que foi justamente na Jamaica que Ian Fleming escreveu, senão todas, ao menos a maior parte da obra do agente secreto na literatura. Talvez por isto a inspiração para tantos ambientes paradisíacos em suas histórias. Já os filmes de 007 também remetem muito ao estilo de espionagem que Alfred Hitchcock imprimiu em filmes como Agente Secreto (1936), Correspondente Estrangeiro (1940), Sabotador (1942) e, principalmente, Intriga Internacional (1959), um dos clássicos do gênero. Além da perseguição no Monte Rushmore, o filme do mestre do suspense tem uma das cenas mais geniais e bem dirigidas deste tipo de produção, quando o personagem de Cary Grant está em meio a uma plantação e tem que fugir de um avião que está despejando agrotóxicos sobre ele. Quer inspiração maior para Bond?
Para quem gosta do espião e do gênero, a dica é começar uma maratona com todos os filmes da série começando por este aqui. Pode não ser o início da história propriamente dita (isto caberia anos depois ao já citado 007: Cassino Royale, em 2006), mas serve para mostrar como o mito de 007 foi criado e estigmatizado. Uma delícia de assistir várias e várias vezes.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Matheus Bonez | 8 |
Marcelo Müller | 7 |
Wallace Andrioli | 6 |
Filipe Pereira | 7 |
Thomas Boeira | 8 |
MÉDIA | 7.2 |
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