007: Nunca Mais Outra Vez
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Irvin Kershner
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Never Say Never Again
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1983
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EUA / Reino Unido / Alemanha
Crítica
Leitores
Sinopse
James Bond é convocado para tentar reaver bombas nucleares roubadas pela Spectre. Mas terá que se livrar de uma sexy assassina profissional, contratada especialmente para eliminá-lo.
Crítica
O cinema vive de boas histórias e grandes mitos. Por isso, quanto mais clássico um filme se torna, mais comum se faz a divulgação dos bastidores da sua produção. Foi assim com a resistência de Francis Ford Coppola em filmar a trajetória de uma família mafiosa, que se transformou em O Poderoso Chefão (1972), ou no projeto de Steven Spielberg, considerado por todos tosco e infantil, e que hoje conhecemos como Tubarão (1975).
007: Nunca Mais Outra Vez não é um caso diferente, exceto pelo fato de que jamais será um clássico. A história por trás do longa remonta a um imbróglio dos anos 1960, quando o descontentamento de Kevin McClory, no lançamento de 007 contra a Chantagem Atômica, levou o produtor à justiça a fim de pedir o direito a refilmar a obra em que o longa fora inspirado. O resultado veio apenas em 1983, com o lançamento de 007: Nunca Mais Outra Vez, poucos meses depois de 007 contra Octopussy, em uma disputa entre Warner e MGM pelo mercado da franquia.
Dirigido por Irwin Kershner, no embalo de Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca (1980), o longa bancado na justiça por McClory não é considerado oficialmente um filme da série. A vitória nos tribunais possibilitou a filmagem, mas impediu o filme de contar com detalhes clássicos da série, como o bordão “Bond, James Bond”, a conhecida vinheta desenhada por Maurice Binder e a insuperável trilha de John Barry. Para bater de frente com essas limitações, que obviamente descaracterizam o filme, Kershner trouxe Sean Connery de volta para o papel principal e contou com a música de Michel Legrand, compositor dos grandes temas de Jacques Démy e de Thomas Crown: A Arte do Crime (1999). A aposta era não apenas a de rever Connery como agente secreto depois de 12 anos, mas a de ter a certeza da superioridade deste frente ao limitado Roger Moore, escalado para o mesmo papel, na sala ao lado.
Se por um lado 007: Nunca Mais Outra Vez fez frente financeiramente ao filme oficial, por outro, os bastidores trazem mais do que o filme em si. O enredo conta com o agente retornando a atividade depois de uma missão parcialmente bem-sucedida, em que a recomendação da inteligência britânica é a de que Bond diminua a carne vermelha, o pão branco e as doses de Martini. A tomar conta da história, o humour combina com o cinismo sensual da atuação de Connery, entregando ao público doses de ação e sensualidade sem qualquer articulação de conteúdo. Entre uma mulher, Domino (Kim Basinger) e Fatima (Barbara Carrera), e uma luta, o filme esconde um plot insignificante e mal amarrado.
O roteiro de Lorenzo Semple Jr. (King Kong, 1976) recoloca a SPECTRE como centro do mal. A organização criminosa mobiliza dois dos maiores inimigos de Bond, Maximilian Largo (Klaus Brandauer) e Blofeld (Max Von Sydow), para o roubo de mísseis nucleares, oferecendo risco para muitos países. Extremamente simplória, a trama exige que Bond faça algo - e ele fará.
Apesar de 007 nunca ter sido uma série intelectualizada, o conjunto de um protagonista interessante frente a boas tramas conseguiu consagrá-lo não somente junto ao grande público. A fragilidade, porém, chegou na mesma medida em que o reconhecimento. A proposta equivocada, de dar mais espaço para a sedução das Bond girls e para enfrentamentos apáticos em detrimento da elaboração da aventura, deixou 007: Nunca Mais Outra Vez um produto ligeiramente oco e sem foco, preenchido com cenas aleatórias e, até mesmo, piegas, como a que Connery faz amor enquanto peixes passam em slowmotion. Um constrangimento que nem os milhões recebidos por Sean Connery nem os milhões de fãs deveriam suportar.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Willian Silveira | 4 |
Filipe Pereira | 5 |
Thomas Boeira | 6 |
MÉDIA | 5 |
Achei Bom.