Crítica
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Sinopse
Instalado em Las Vegas, Blofeld comanda uma extensa rede de contrabando de diamantes. Com essas pedras preciosas valiosíssimas ele quer construir um aparelho infernal, de raio laser, o que pode ameaçar a paz mundial.
Crítica
Lançado em 1971, 007: Os Diamantes são Eternos reflete um momento em que os avanços técnicos davam passos largos em direção à era da tecnologia da informação. Nesta aventura, Bond (Sean Connery) reencontra seu inimigo Ernst Blofeld (Charles Gray), líder da organização SPECTRE que ameaça o mundo com uma arma nuclear espacial cujos componentes principais são dezenas de diamantes roubados. Entretanto, a sedução pela técnica extrapola o próprio tema do filme, derrotando a sensibilidade cinematográfica já no desenvolvimento do argumento. O resultado é um longa-metragem problemático com falhas estruturais importantes, no qual as cenas de ação são os únicos pontos altos.
Tecnologia e velhos arroubos de dominação mundial ecoam fortemente em um roteiro incapaz de desenrolar uma trama internacional sobre os mercados de armas e de pedras preciosas que unem Inglaterra, África do Sul, Holanda e Estados Unidos. O argumento mal resolvido e pouco trabalhado também desliza ao não apresentar de forma adequada nem os principais personagens nem suas motivações. Além disso, a montagem lacônica, pouco explicativa e com erros de continuidade não consegue apoiar o enredo raquítico, funcionando apenas nas sequencias de ação. Já a direção negligente de Guy Hamilton, responsável por 007 contra Goldfinger (1964), mostra-se inábil em superar com o mínimo de autoria os principais problemas do longa.
O alto interesse pela técnica reflete-se também na forma do filme que, se por um lado, ajuda a maquiar o roteiro fraco, por outro, confere alguma tensão à pouco coesa missão do agente. Ao valorizar locações, fotografia e filmagem Hamilton comete boas sequencias de ação, incluindo uma luta realista dentro de um elevador, explosões em plataforma marítima, pegas motorizados no deserto (atenção ao cômico carrinho lunar...) e também uma perseguição de carros bem coreografada pelas ruas de Las Vegas. São em geral cenas bastante absurdas, com elementos que beiram o ridículo, mas que em um filme desconexo acabam surpreendendo pela boa execução.
A testosterona fílmica se reflete diretamente em Bond, para o bem e para o mal. Ágil, cerebral e efetivo, mas por vezes arrogante e violento sem a devida necessidade, 007 entra em esperados combates corporais contra inimigos, mas também senta a mão na Bond Girl Tiffany Case (Jill St. John) sem a menor cerimônia. A personagem pateta, do tipo que não sabe o que se passa à sua volta, leva um tapa vergonhoso ao ousar criticar os métodos do agente britânico. Além disso, a misoginia vem acompanhada de racismo quando é exibida uma cena bizarra filmada em um circo no qual uma africana “transforma-se” em “mulher-gorila” para uma plateia de crianças. O momento moralmente agressivo e absolutamente desnecessário, cuja sequência não faz a menor diferença para a história do longa, encontrou nos cinemas um público possivelmente amaciado pelo exploitation sessentista, mas efetivamente abalado pelo assassinato de Martin Luther King Jr. em 1968. O fato do trecho ter entrado no corte final é no mínimo curioso.
Os anos 1970 estavam definitivamente longe da conduta politicamente correta e castradora comum aos nossos dias, mas nem o distanciamento provocado pelo momento histórico-cultural nem o resto do charme quase nulo de um Connery desconfortável em cena conseguem aliviar a barra pesada deste Bond safra 71. No papel desde 007 contra o Satânico Dr. No (1962), passando por Moscou contra 007 (1963), 007 contra Goldfinger (1964), 007 contra a Chantagem Atômica (1965) e Com 007 só se Vive Duas Vezes (1967), Connery fecha sem brilho sua participação na franquia oficial de Bond.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Danilo Fantinel | 4 |
Chico Fireman | 7 |
MÉDIA | 5.5 |
Melhor filme da era Sean Connery
Eu vi este filme - garoto com 16 anos - em 1972, quando morava em Porto Alegre, minha cidade de origem - vivo no Rio há mais de 41 anos e concordo completamente com a crítica. Nesta época mesmo, dos anos 70, achei o filme um tanto ridículo em tantas e bisonhas cenas. O enquadramento do 007 daquela época também não me agradava, um 007 grosseiro e estúpido com as mulheres, e Jill St. John está uma loucura de bonita em um filme fraco e muito mal construído!!! O anterior - 007 - A Serviço Secreto de Sua Majestade - foi muito melhor, apesar de longo demais. Diana Rigg era linda também, sendo muito mais atriz!!! Aliás, foi um final bisonho para Sean Connery no papel de 007!!!