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Sinopse

A morte do casal Havelock e o roubo de um codificador ATAC colocam James Bond novamente em ação. Ele tem que impedir que o artefato, cuja função é comandar submarinos e mísseis, caia nas mãos dos russos.

Crítica

A verdade é que esta aventura de James Bond é um erro, do começo ao fim. E não é a galhofa que incomoda, o caricato e o absurdo. Não. O problema é que depois de quase duas décadas de filmes do agente, o diretor John Glenn e o habitual produtor Albert R. Broccoli não inovam com relação a esses elementos clássicos que estão no projeto obviamente apenas porque se espera que eles estejam, porque está na cartilha de “como fazer um Bond Movie”.

A primeira cena já traz o agente enfrentando o miniplano maligno de um de seus maiores inimigos, Blofeld - aqui identificado apenas pelo gato branco que segura –, vivido por diversos atores que não mostram o rosto, provavelmente porque a produção preferiu não pagar caro pela aparição de algum dos intérpretes que o haviam encarnado antes. Afinal, o personagem morre na mesma cena, deixando claro que Broccoli sucumbiu à pressão de um público que, acostumado à fórmula de final vitorioso para herói, “exigiu” sua despedida da série, depois dele sair vivo do último filme, cantando vitória por ter assassinado a esposa de Bond. Uma solução ofensivamente pobre.

Então alguém rouba um sistema chamado ATAC, que controla mísseis britânicos em submarinos, colocando James Bond (Roger Moore, já envelhecido demais para o papel) no encalço dos bandidos, lado a lado com Melina (Caroule Bouquet), filha de um oceanógrafo assassinado pelos mesmos vilões. Para isso, contam com a ajuda de Milos Columbo (Topol, o maravilhoso protagonista de Um Violinista no Telhado, 1971), que vai levá-los direto à base secreta situada, claro, no topo de uma montanha. O local é muito bem guardado e acaba servindo ao clímax. E se esse conceito era muito bacana em Com 007 só se Vive Duas Vezes (1971), aqui, seis filmes e quatorze anos depois, a fórmula já está bem desgastada.

Moore ainda tem seu charme e Melina é uma Bond girl interessante, sim, mas quando o longa se encerra com os dois nadando nus prestes a transar, é impossível segurar o riso involuntário. Se fosse uma paródia assumida dos filmes 007, talvez a realização de John Glenn fosse eficiente. Talvez. Mas não, ele realmente pretende ser mais uma das aventuras de ação do espião britânico. Nenhuma de suas sequências consegue, de fato, segurar a atenção longe do pensamento: “já vi isso um zilhão de vezes”. A cena passada na carcaça de um navio naufragado chega a ser cômica pela lentidão a que o próprio ambiente submete os movimentos dos personagens, filmados em planos abertos por Glenn, ele que perde a chance de estabelecer tensão.

O fato é que o longa perde o fôlego já nos minutos iniciais e sai tropicando em si mesmo – vilões sendo atirados de alturas impossíveis já nos fazem bocejar, sobretudo quando o plot é mais do mesmo – e nem a trilha descontraída ajuda a colocar o espectador no clima da produção, que poderia ao menos ser divertida com seus absurdos, mas que termina apenas como “mais um filme do James Bond”. Nem mesmo M aparece e a Srta Moneypenny (Lois Maxwell) continua na friendzone, que desperdício de película.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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