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Sinopse

Num período em que homens e feras pré-históricas lutavam pela sobrevivência na Terra, D’Leh é um jovem caçador que lidera um exército ao longo de um vasto e perigoso deserto. Enfrentando mamutes e tigres dente-de-sabre, ele segue caminho rumo a uma civilização perdida para salvar sua amada Evolet das mãos de um maligno e poderoso guerreiro determinado a possuí-la.

Crítica

Assisti pela manhã, junto com a imprensa especializada, a principal estréia da semana – ao menos a mais esperada pelo público, com grandes expectativas: 10.000 A. C. é o novo blockbuster do diretor alemão Roland Emmerich, o mesmo de Independence Day (1996) e O Dia Depois de Amanhã (2004). Assim como em todos os seus filmes anteriores (e podemos incluir Godzilla1998, e Stargate, 1994, nesta equação), Emmerich volta a dar mais atenção ao visual de suas tramas do que no enredo propriamente dito. Não é exigido absolutamente nada do espectador ao acompanhar o desenrolar dos acontecimentos – que, muitas vezes, são lentos e aborrecidos, provocando mais tédio do que envolvimento. Por outro lado, quando a máquina de efeitos especiais hollywoodiana entra em ação, o resultado é mais uma vez impressionante. Pena que não haja um bom equilíbrio entre estes dois lados.

Em 10.000 A. C., somos levados até a pré-história e colocados diante da saga de um homem destinado a se tornar o herói do seu povo. O filme começa bem, com bons efeitos – a manada de mamutes é muito bem feita, tecnicamente e contextualmente. Mas logo tudo descamba para ser "mais do mesmo". As referências são as mais óbvias possíveis: Jurassic Park (1993), Apocalypto (2006), King Kong (2005) e todas as demais produções do gênero são recicladas aqui, sem muita originalidade ou ousadia. O esquema videogame é seguido à risca, e o fato de estarmos numa outra era é apenas um pretexto de marketing – e não um aliado na missão de conquistar a audiência. Assim, logo estamos nos perguntando o porquê do título, para em seguida voltarmos a nos questionar até quando o cinema norte-americano seguirá fazendo sempre os mesmos filmes, com as mesmas histórias.

O ritmo da narrativa é lento, o roteiro é simplista e pouco elaborado, a direção de arte é das mais artificiais possíveis, a maquiagem chega a ser constrangedora, e os atores estão no nível mais baixo da mediocridade. Nada que é mostrado chega a ser minimamente convincente. Em poucas palavras, o filme mostra um garoto tendo que liderar alguns poucos guerreiros numa jornada em busca de outros membros de sua tribo que foram seqüestrados por invasores. No caminho, enfrentam ameaças pré-históricas, como um tigre dente-de-sabre (extremamente falso, a ponto de ser risível, conseguindo ser pior até do que o leão de As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa, 2005) e aves monstruosas (numa seqüência idêntica ao ataque dos velociraptores do citado Jurassic Park). No final o perigo que eles estão enfrentando passa a ser representado por seres que se assumem como divindades, e precisam de mais escravos para a construção das pirâmides. Deu pra sentir o tom de salada geral?

Os protagonistas são Steven Strait (O Pacto, 2011), um rapaz esforçado e com físico de super-herói, porém sem o menor carisma ou empatia, Camilla Belle, filha de uma modelo brasileira, uma garota tão linda quanto inexpressiva, e Cliff Curtis (Encantadora de Baleias, 2002), o mais conhecido do elenco, porém com poucas chances debaixo de uma caracterização que pouco lhe favorece. Emmerich, que além da direção assina também o roteiro e a produção, não foge do que já está acostumado a fazer. E se a batalha final chega a emocionar por alguns rápidos momentos, a conclusão não poderia ser mais clichê. Se você já assistiu a todos os concorrentes ao Oscar em cartaz e quer passar duas horas no cinema com muita pipoca e refrigerante, sem pensar em mais nada, não desista: tenho certeza que irá encontrar melhores opções do que este 10.000 A.C.!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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