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Sinopse

Marion vive em Nova York e tem um novo namorado. Mas a chegada da sua família francesa vai virar a sua vida do avesso com todos os mal-entendidos provocados pela barreira linguística e cultural.

Crítica

O contraste e enfrentamentos entre a cultura francesa e a americana é bem conhecido e já ganhou algumas abordagens no cinema. Um desses retratos se apresentava em 2 Dias em Paris (2007), no qual Julie Delpy dava mais um passo não somente como atriz, mas também como diretora e roteirista. No filme, a atriz multifacetada interpretava Marion, uma francesa que vive dividida entre essas duas culturas e, principalmente, entre sua família francesa e seu parceiro americano. Apresentando um filme bem-humorado e encenado, Delpy pecava apenas no tratamento Woody Allen-ístico em excesso e por vezes repleto de clichês. A dúvida que pairava, quando anunciada a sequência da produção, era se a diretora iria caminhar pelo mesmo caminho, repetindo esses mesmos erros, ou se estaria preparada para avançar um pouco, ainda mais com a trama deste 2 Dias em Nova York sendo ambientada, como o próprio título já adianta, nos Estados Unidos.

As referências ao cineasta nova-iorquino continuam lá: as neuroses, os histerismos e os problemas característicos de obras e personagens de Allen. E por mais que existissem dúvidas, era um pouco previsível essa retomada do diretor no novo trabalho, já que o ele é o realizador que melhor capturou a big apple no cinema. Porém, ao menos dessa vez, a diretora não o referencia excessivamente.

Depois de levar seu namorado para visitar a sua família em Paris no filme de cinco anos atrás, chega a vez de a família visitar o namorado de Marion. Porém, muitas mudanças ocorreram. A francesa já não está mais com o parceiro que havia apresentado antes, Jack (Adam Goldberg), apesar de ter tido um filho com ele. Depois de passar por uma crise, ela se separou e emendou um relacionamento com o radialista Minus (Chris Rock). Vivendo e criando seus filhos juntos (ele tem uma filha que tem uma visão um tanto mórbida da vida), a família de Marion chega para desequilibrar não só o relacionamento do casal, como todo o ambiente ao redor. Logo na alfândega seu pai e o namorado de sua irmã são detidos por estarem trazendo queijos e salames escondidos pelo corpo. A partir daí os acontecimentos só pioram. A irmã de Marion anda praticamente nua pela casa e o namorado dela chama um traficante de drogas no apartamento para comprar maconha. E é isso o que o filme acaba por ser, um grande desfile de contrastes das culturas beirando ao clichê e ao exagero, o que já havia sido apresentado no episódio anterior, mas dessa vez sem ser engraçado.

Uma das partes mais interessantes do filme é quando nos aproximamos do final. A personagem de Delpy está decidida a vender sua alma na abertura da exposição de fotografias que documentam seus relacionamentos ao longo de muitos anos. O evento acontece cheio de complicações, resultando até mesmo com a personagem (ou teríamos um pouco da atriz/roteirista/diretora aí também?) explodindo com um crítico de arte muito rigoroso e um tanto pedante. Poderia ser um dos pontos mais interessantes e críticos, mas cai no simplório e previsível novamente.

2 Dias em Nova York fica tão, mas tão caótico quanto a chegada da família francesa aos Estados Unidos. Apela para piadas rasas, como a rima do nome do personagem de Chris Rock (“Mingus Cunilingus”) e a busca do mesmo por apoio em um display de Barack Obama, para o qual faz as suas maiores confidências (todas muito sem graça). Mas também tem momentos bons, como a busca da protagonista em reaver sua alma comprada por um anônimo. É uma das melhores cenas – das poucas, aliás – e que traz o elemento surpresa da participação do ator Vincent Gallo. Para uma atriz que se destaca tanto em seus trabalhos, como ter co-escrito o roteiro indicado ao Oscar de Antes do Pôr-do-Sol (2004), a diretora faz aqui um trabalho preguiçoso e conflitante, deixando uma conclusão para os espectadores: Paris talvez seja bem melhor que Nova York.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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