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Crítica


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Sinopse

Alice Lantins, de 38 anos, tem tudo para se transformar na próxima editora-chefe da revista Rebelle. O único problema é sua imagem de mulher retraída. Entretanto, quando o jovem e charmoso Balthazar, com apenas 20 anos, cruza o caminho de Alice, a atitude de seus colegas muda inexplicavelmente. Percebendo que tem a chave para a sua ascensão, Alice fingirá a comédia de um romance improvável.

Crítica

Quando ouvirem alguém reclamar que no Brasil não se fazem boas comédias, que as de Hollywood já estão com suas fórmulas saturadas, e que bom mesmo é o cinema europeu, diga… Bom, não vá dizer que essa pessoa está completamente errada, mas tente apontar, com delicadeza, que não é bem verdade. E use, se possível, este 20 Anos + Jovem para ilustrar seu argumento. Pois, seguindo todos os clichês possíveis das comédias-românticas, o longa de David Moreau é tão formulaico que nem mesmo o carisma natural de seus protagonistas consegue salvar o projeto da indiferença.

Tudo se resume a tipificações, e nossa “heroína”, Alice (Virginie Efira), já surge como uma estereotipada mulher fria de meia idade viciada em trabalho – características que Moreau ressalta ao contrastá-la com o clima do Brasil, onde é apresentada, e que, obviamente, surge como uma terra de alegria, festa e p**aria. Trabalhando para uma revista de moda que visa a rebeldia, Alice é repreendida pelo chefe por ser muito quadrada, uma imagem que ela pensa conseguir reverter envolvendo-se com o (muito mais) jovem Balthazar (Pierre Niney). O jovem, entretanto, se apaixona perdidamente, e mesmo ela começa a se afeiçoar a ele.

Não é preciso ser nenhum gênio dos scripts para visualizar que essa relação romance x mentira vai gerar situações engraçadinhas e, posteriormente, uma catarse para que os personagens ou se aproximem de vez, ou se separem. Quantas vezes já não fomos presenteados e, mais comumente, bombardeados por essa estrutura? Todavia, 20 Anos + Jovem não parece se importar muito com isso, e segue sua trama como se fosse o precursor do subgênero.

Isso ainda que o filme mereça alguns adendos favoráveis, como à fotografia, que foge da luz branca e lavada que assombra essas produções que se propõem “leves”, apostando aqui em uma paleta mais dessaturada. O figurino também faz bonito, o que se espera de um longa que se passa no universo da moda. E, por fim, vale ressaltar que Efira e Niney constroem seus tipos com segurança e carisma, ela com sua dureza austeridade, ele, com seus olhos arregalados e modos desengonçados.

Mas quando se sabe exatamente onde o roteiro vai desaguar, e ninguém nos bastidores parece exatamente interessado em pavimentar esse caminho de forma mais curiosa, o esquecimento é o que resta. Isso que o filme tenta aqui e ali tangenciar algumas questões pertinentes para enriquecer o seu “discurso” – existe um? Como ao apontar que, fosse o caso contrário, um homem mais velho namorando uma garota mais jovem, ninguém ligaria. E 20 Anos + Jovem chega mesmo a incluir um casal dessa configuração, que não faz a mínima diferença para a trama, nem mesmo como comentário ou contraste. Entretanto, nada faz.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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