Crítica
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Sinopse
Um antigo agente secreto está à beira da morte. Seu último desejo é reatar com sua filha, com quem perdeu contato há muito tempo. Temendo não ter tempo hábil para encontrá-la, este homem descobre a existência de uma potente droga que pode salvá-lo, contanto que ele aceite um último trabalho.
Crítica
Luc Besson parece não temer a repetição. Depois de ter assinado o roteiro do competente Busca Implacável (2008) e de sua irregular continuação, lançada em 2012, o cineasta francês volta a investir em uma fita de ação que traz um agente secreto divorciado, pai ausente de uma garota que busca reatar relações com a filha em um momento de perigo. Em um primeiro olhar, 3 Dias para Matar parece muito com o drama enfrentado por Liam Neeson nas produções citadas. Mas engana-se quem espera encontrar um novo Busca Implacável nesta produção dirigida por McG e encabeçada por Kevin Costner. Falta foco em qual história está sendo contada. Ora observamos uma trama de ação, com um pai tentando se reconectar com a filha, ora acompanhamos o drama de um homem que busca reatar seus laços com a família. Esta indecisão custa caro para 3 Dias para Matar, que não consegue atender a público de nenhum dos gêneros.
Na trama, assinada por Besson e Adi Hasak, o veterano agente da CIA Ethan Renner (Costner) descobre que tem poucos meses de vida depois de sofrer um colapso durante uma de suas missões. Ao saber do diagnóstico, Renner é desligado do trabalho e decide voltar a Paris para se reencontrar com a ex-mulher, Christine (Connie Nielsen), e a filha, Zoey (Hailee Steinfeld), com quem não tem um relacionamento próximo. Ele esconde a doença da garota, tentando uma reaproximação sem artifícios. Neste interim, a bela agente Vivi Delay (Amber Heard) se apresenta a Ethan lhe propondo um negócio irrecusável: ajudá-la a caçar os perigosos Albino (Tómas Lemarquis) e Wolf (Richard Sammel) em troca de uma droga experimental que pode curar sua doença. O problema é que este trabalho tem tudo para atrapalhar o reencontro daquele homem com sua família.
Kevin Costner mostra esforço em recuperar o seu estrelato de outrora, dando passos calculados para retornar aos holofotes. Aceita papéis pequenos em produções grandiosas (O Homem de Aço, de 2013, seu maior acerto) e nos eventuais filmes que protagoniza, não apresenta sua aura megalomaníaca que rendeu os fracassos Waterworld (1995) e O Mensageiro (1997). Longe disso. As produções capitaneadas por Costner têm orçamentos enxutos, com maior potencial para gerar lucro. Foi assim no recente A Grande Escolha (2014), dirigido por Ivan Reitman, e neste 3 Dias para Matar, que conseguiu a segunda posição nas bilheterias em seu primeiro final de semana, empatando os custos da produção só nos Estados Unidos. O personagem não chega a ser um grande desafio para Costner. Nas cenas de ação, o ator convence como um veterano agente da CIA. No resto do filme, o drama é tão raso que não é necessário muito estofo para entregar o esperado.
É até louvável que Luc Besson e Adi Hasak queiram propor um roteiro que fuja da ação pura e simples, tentando dar maior densidade dramática ao personagem principal. O problema é que o drama familiar é batido demais e as ideias que soam diferentes não são exploradas a contento. Exemplo perfeito disso é a família africana que invade o apartamento de Ethan. Seria muito interessante se fosse explorado a relação do agente com seus visitantes indesejados. Do jeito que são realizadas, porém, aquelas cenas parecem descoladas completamente do resto da trama, como se pertencessem a outro filme. A questão pai/filha é resumida a um paralelo pobre a andar de bicicleta. Por tentar ser tantas coisas, 3 Dias para Matar acaba conseguindo ser nenhuma.
A ideia da droga experimental causar reações adversas no protagonista é bem utilizada, ainda que a solução soe artificial. É nestes momentos que McG mostra o que sabe fazer, retomando seus talentos como diretor de vídeo clipes para criar cenas que mostram bem a desorientação de Ethan Renner ao sofrer os efeitos colaterais do remédio. Uma pena que as poucas cenas de ação não empolguem e os vilões, ainda que se mostrem sádicos, nunca surjam como reais ameaças ao herói da história. Talvez por isso a personagem que é designada a caçar estes antagonistas, interpretada por Amber Heard, faça tão pouco na trama. Por sua vez, a jovem atriz Hailee Steinfeld prova ainda não ter se encontrado depois da indicação ao Oscar por Bravura Indômita (2010). Faltam bons convites ou tino para escolher melhores papéis? Veículo de ação para Kevin Costner, 3 Dias para Matar desperdiça talentos e a bela paisagem parisiense ao contar de forma nada competente uma história batida e sem grandes atrativos. Se serve de consolo, ao menos o filme consegue não ser tão tenebroso quanto as bombas que Costner protagonizou na década de 1990. Mas chega perto.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 4 |
Thomas Boeira | 4 |
Edu Fernandes | 5 |
MÉDIA | 4.3 |
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