Crítica
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Sinopse
Aos 33 anos, o cineasta Kiko Goifman resolve começar uma jornada para descobrir quem são seus pais biológicos.
Crítica
Um documentário com atmosfera noir. Assim se apresenta 33, uma das obras mais criativas e originais dentro deste gênero a já serem realizadas no Brasil. Longe do academicismo tão comum neste estilo específico de discurso cinematográfico, tem o dom de transformar criador em criatura, numa fusão em que o espectador só tem a ganhar pela genialidade do seu realizador, o cineasta e antropólogo mineiro Kiko Goifman. Uma lufada de fôlego muito bem-vinda, que merece ser conferida.
Goifman foi adotado logo após seu nascimento. Ele não chegou a conhecer sua “verdadeira” família. E isso nunca foi um problema. Mas, como curiosidade é um bicho que fala muito alto, certo dia ele acabou dando ouvidos a ela. Dedicado à causa, resolveu transformar esse processo tão íntimo – a procura por sua mãe biológica – em algo público. Assim, filmou todo o processo de investigação com uma câmera digital a tiracolo, além de registrar cada passo num diário virtual na internet. O resultado parcial dessa jornada foi revelado, ainda durante a ação, em matérias especiais exibidas no programa Fantástico, da Rede Globo. Posteriormente, a versão final do ocorrido chegou até os espectadores através da tela grande.
O número 33 é um tanto cabalístico para o realizador. Kiko Goifman tinha 33 anos quando começou a fazer esse filme, e sua mãe adotiva nasceu no ano de 1933. Completando estas relações, todo o processo de investigação revelado no filme foi realizado durante... 33 dias! E o resultado é bastante satisfatório. O crítico Jean-Claude Bernadet, pesquisador voltado para o documentário brasileiro, afirmou que “a fusão entre personagem, criador e espectador, aqui presenciada, significa a abertura de um novo caminho para o cinema documental no país”.
Realizado de modo bastante semelhante a uma novela policial, em 33 todos os mais comuns clichês marcam presença: detetives pouco confiáveis, caminhos apontados por ciências ocultas, informações falsas e outras desencontradas. Até a mulher misteriosa – aqui, no caso, uma moça muito bonita, mas com o detalhe de ter as pernas enfaixadas, que provavelmente seria sua progenitora no momento em que foi vista pela última vez – aparece. O melhor de tudo é que Goifman não se contenta apenas em registrar o que acontece: ele participa ativamente da trama – afinal, é ele o principal interessado no que irá (ou não) ser descoberto. E, como em qualquer bom documentário, ele é um personagem e tanto: irônico, desconfiado, reticente, esperançoso. Cada sentimento numa ocasião específica.
No final, pouco importa se Kiko encontra ou não aquela que um dia lhe deu a luz. Seus objetivos são mais do que alcançados, e o resultado é um trabalho acima da média, que desperta interesse e prende a atenção. Curto – apenas 75 minutos – não deixa em nenhum momento a peteca cair, e sabe envolver o espectador a cada nova revelação, como se estivéssemos mesmo diante de uma fábula em que o bom não é como acaba, mas sim as emoções que provoca durante o seu desenvolvimento. Assista 33, e confirme.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Bruno Ghetti | 7 |
MÉDIA | 7.5 |
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