5 é o Número Perfeito
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Igor Tuveri
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5 è il numero perfetto
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2019
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Itália / Bélgica / França
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Quem é Peppino? O que ele quer, e o que busca no meio de uma noite cuja chuva não dá trégua? E antes de qualquer outra coisa: por quê, afinal, o cinco seria esse numeral idealizado? O que teria de tamanha perfeição em uma mão cheia, que aberta nada segura, e fechada pode lhe trazer mais dor do que recompensas? São muitas as dúvidas – e poucas as respostas – oferecidas durante os cem minutos de 5 é o Número Perfeito, longa escrito e dirigido pelo artista visual Igor Tuveri, baseado, por sua vez, numa graphic novel de sua própria autoria – em ambos os casos, aliás, assina apenas como Igort. Como se vê, é alguém preocupado com a impressão gerada nos olhos de quem o observa. E nesse aspecto, seu trabalho de estreia no cinema é de um impressionante primor, seja pela qualidade das imagens como também pela elaborada criatividade que deixa registrada em cena. Porém, assim como há esforço na forma, há um esvaziamento no conteúdo, a ponto de se aproximar perigosamente de uma descartável irrelevância.
A história transita por elementos que se tornaram reconhecidos através do chamado cinema noir, tornado clássico pelas fortes recorrências pelas quais Hollywood muito fez uso durante os anos 1940 e 1950. Ao invés da figura do detetive amaldiçoado, porém, quem se encontra no cerne da trama é outro tipo constante, a do assassino de aluguel prestes a se aposentar, mas justo quando estava pronto a dar as costas a um estilo de vida que muito lhe exigiu, se vê trazido de volta justamente na companhia daqueles que ansiava se afastar. Peppino, tornado realidade com o esmero que já é característico nos desempenhos de Toni Servillo, é tão seguro dos seus feitos e obrigações que nem chega a discutir a responsabilidade dos seus atos. Quando junto ao filho pequeno, não consegue evitar uma discussão a respeito da serventia dos vilões das histórias em quadrinhos: sem eles, afirma, de que valeriam os heróis? Afinal, uns só existem por causa dos outros.
É assim, portanto, que vê a si mesmo: tão parte do bem, como do mal. Mas Peppino está cansado. Já não é mais aquele assassino preciso, dos serviços limpos e impecáveis. Sabe que a idade tem um preço. Mas, assim como cobra, também entrega. É por isso que reconhece que é chegado o momento de passar suas responsabilidades adiante. Quando é apresentado ao espectador, tem apenas uma missão pela frente: encontrar a arma perfeita. Aquela que somente o Corcunda poderá lhe ofertar. A que servirá como nenhuma outra como presente de aniversário ao filho, que junto com ela receberá também uma tarefa: assumir os passos deixados pelo pai. Mas como descansar, quando o jovem é eliminado no meio de uma encomenda que tinha tudo para ser banal, igual a tantas outras. Como se vê, nada é o que parece ser num primeiro momento. E no meio de tantas sombras e desilusões, caberá ao protagonista o esforço de enxergar com nitidez o que de verdade está se passando.
Quadrinhista de longa data, Igor Tuveri publicou 5 é o Número Perfeito em 2002, logo após ter fundado sua própria editora. Lançado simultaneamente em seis diferentes países, ganhou o prêmio de Livro do Ano na Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha. Por mais que já tenha escrito diversas outras histórias posteriormente, esse ainda é considerado o seu trabalho mais popular. Por isso, quando anunciado que ele próprio coordenaria a adaptação cinematográfica em live action – ou seja, com atores reais, e não em desenho animado – da sua obra, a expectativa foi enorme. Por mais que a experiência dele com o cinema até então tenha sido limitada a um documentário em curta-metragem sobre sua carreira (Igort, il paesaggio segreto, 2013) e os roteiros de dois outros longas, esta era a primeira vez que assumia o controle total de um projeto. Como resultado, se percebe um realizador preocupado com a imagem, mais do que com a escrita. E com tanto a ser dito, chega a ser inevitável a percepção que muito acabou ficando pelo caminho, sacrificado em nome de um maior impacto visual.
Há decisões que em nada acrescentam na tela, mas servem para agradar aos fãs já consolidados da trama – como o nariz e demais composição do protagonista, por exemplo. Porém, se tais excessos podem incomodar aos recém-chegados, a segurança com a qual Servillo e seus colegas em cena – como uma inebriante Valeria Golino, confirmando que para ela a idade é não mais do que um detalhe, e um insuspeito Carlo Buccirosso (A Grande Beleza, 2013), perfeito numa figura quase invisível, mas da qual não se pode perder de vista por sequer um segundo – defendem uma história por vezes absurda, que investe mais nas reviravoltas e em improváveis surpresas do que na consistência de um argumento que mostre o que pretendem e o que estão prestes a sacrificar em nome desse resultado. Não deixa de ser, portanto, uma mera brincadeira de gente grande, disposta a enaltecer elementos um tanto desgastados, mas ainda assim eficientes, sem, por outro lado, agregar nada particularmente inovador ou original ao conjunto. 5 é o Número Perfeito pode soar como uma afirmação, mas, nesse caso, o que se confirma é que uma vez já está mais do que suficiente.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 5 |
Alysson Oliveira | 6 |
Marcelo Müller | 4 |
MÉDIA | 5 |
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