Sinopse
Aos 27 anos, Adam descobre que está com câncer. Para tentar lidar com o baque ele contará com a ajuda de seu melhor amigo, um sujeito sempre muito positivo, e de uma analista excêntrica.
Crítica
Esse 50% é, ao mesmo tempo, um dos filmes mais superestimados e subestimados de 2011. Contraditório, não? Mas é o fato tal qual se apresenta! Exagerado foi sua recepção pelo público e pela crítica – arrecadou nas bilheterias mais de 3 vezes o seu orçamento total nos Estados Unidos e obteve uma média de 93% de aprovação entre os principais críticos norte-americanos! É um bom longa, mas também bastante simples e honesto em suas intenções – e nada além disso. Mas foi também bastante ignorado e injustamente desprezado pelas grandes premiações, em especial no Oscar, espaço que muitos acreditavam se tratar de um forte competidor em categorias como Ator (Joseph Gordon-Levitt) e Roteiro. Isso sem falar no fato de ter sido indicado ao Globo de Ouro (como Melhor Filme e Melhor Ator entre Comédias ou Musicais), ao Independent Spirit Awards (Melhor Filme, Roteiro e Atriz Coadjuvante, para Anjelica Huston) e de ter ganho o prêmio de Roteiro Original do National Board of Review. Tanto barulho pra nada – no Brasil acabou sendo lançado diretamente em dvd, sem nenhum alarde. E assim, com menores pretensões, talvez se torne até melhor.
Premiado também pelos críticos de Washington, o enredo elaborado por Will Reiser tem como maior mérito a habilidade de ter transformado uma quase-tragédia pessoal em algo leve e acessível a maior parte do público. Reiser, que nunca havia escrito para o cinema e até então vinha trabalhando como produtor de televisão, viu sua vida ficar de cabeça para baixo quando, antes mesmo dos 30 anos, foi diagnosticado com um tipo muito específico de câncer na coluna. Suas chances de recuperação, como o próprio título já anuncia, eram de 50%. Meio a meio. Tanto podia morrer como se curar – estava igual para cada lado. Sem se deixar abater, aproveitou a situação apresentada e resolveu fazer um balanço da vida que vinha levando até então: se livrou da namorada que só explorava sua boa vontade sem retribuir à altura, encarou com um novo ânimo o trabalho e tratou de reatar os laços com a família, principalmente com a mãe dominadora e carente.
Bom, ao menos assim foi de acordo com o que vemos em 50%, o filme. Sim, pois apesar de se tratar de uma trama baseada num fato verídico, não se tem muito claro – a não ser para os envolvidos – até que ponto o que vemos na tela realmente aconteceu ou não. Reiser é amigo de longa data de Seth Rogen, que nos últimos tempos, com filmes como O Besouro Verde (2011), Segurando as Pontas (2008) e Ligeiramente Grávidos (2007), viu seu status em Hollywood crescer. Assim, ele aproveitou esse poder recém adquirido e estimulou o amigo a colocar no papel a experiência vivida e o ajudou a transformá-la em uma produção simpática, que trata com bom humor um período bastante difícil da vida de qualquer um. Talvez o trabalho tenha servido também para exorcizar o trauma, e se assim o foi parece ter funcionado.
O melhor mesmo de 50%, no entanto, é o protagonista Gordon-Levitt, que mostra, assim como fez em (500) Dias com Ela (2009), ter um potencial dramático para ir muito além do que vinha mostrando como coadjuvante de grandes produções como A Origem (2010) e G.I. Joe: A Origem de Cobra (2009). Ele conduz com delicadeza e simplicidade o drama enfrentado pelo personagem, e mesmo sabendo que no final tudo dará certo – afinal, o cara sobreviveu para contar sua história, não? – é impossível não se comover em determinadas sequências. Para isso colabora também as pequenas, mas eficientes, participações de Huston, como uma matriarca um tanto ausente, mas que por isso mesmo está sempre se sentindo culpada, gerando o alívio cômico necessário para o tema discutido. Um filme curioso, que foge das soluções e clichês mais comuns do gênero, mesmo sem querer ser genial ou revolucionário. Simpático é o termo, e neste caso está mais do que apropriado.
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Ótima crítica. Assisti na madrugada de ontem para hoje, 13 anos após o lançamento e nunca tinha ouvido falar do mesmo. É um filme extremamente previsível e, à primeira vista, simplório. Mas a simplicidade é o que talvez tenha tornado o mesmo tão bom. De início, vemos o protagonista correndo e a cidade se destacando, achei que seria um filme de técnica fotográfica memorável... Não, não foi. Depois, vi alguns trejeitos de Levitt andando, saindo dos carros, olhando as pessoas. Achei que veria alguma performance diferenciada no estilo de Joaquim Phoenix. Não, não teve nada disso. Tomadas curtas com piadas sujas e um elenco misto de consagrados com escanteados da comédia se misturaram em atuações razoáveis, mas ninguém concorrendo pra oscar. Nem o protagonista. Foram atuações honestas, que não podem ser mal avaliadas, mas também não são o ápice de interpretação de nenhum dos atores. Então, onde fica a qualidade do filme? Bem, gostei muito de como a trama foi conduzida. Momentos que outros diretores talvez trouxessem com tensão, lentidão, tomadas com luz e música arrastadas, são trazidas de forma bem sincera, real e rápida. Por exemplo, quando a mãe pergunta "qual a grande ocasião?". Imaginei acontecendo na minha sala de jantar, não em um filme que cada tosse ou cada abertura de gaveta tenha que ser um momento idílico. E não confundam as coisas: muitos filmes medíocres trazem coisas importantes de forma simplória, mas não com simplicidade que mantém a solenidade que o momento merece. O anúncio do câncer, as reações diversas de colegas, a reação da mãe, o impacto no relacionamento. Tudo isso é abordado de forma simples, mas suficientemente real para eu acreditar que seria parecido comigo. Rachel também é uma personagem muito interessante. Ela é egoísta, mas acredita que é uma boa pessoa e tenta justificar o que faz. É detestável, mas ao mesmo tempo sinto que conheço diversas Rachels. E Adam faz piadas despretensiosas em momentos muito oportunos, como quando conhece seus colegas de quimioterapia. É uma presença de espírito agradável, que teve um surto psicótico bem condizente com o momento e com sua personalidade, sem ser algo exagerado. E seu câncer também não foi exibido de forma escatológica, com sangramentos, tosses, vômitos de forma desnecessária como já vi em outros filmes do tema. Enfim, foi um filme que friamente não julgo como algo grandioso ou que eu coloque na lista dos melhores filmes que já vi, mas que valeu à pena ter assisitido.