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Sinopse

Aos 50 anos, Marie-Francine está muito velha para o seu emprego e para o marido, que a troca por uma mulher mais nova. Ela volta a morar na casa dos pais, que a tratam de forma infantilizada, e começa a trabalhar em uma pequena loja de cigarros eletrônicos, onde conhece Miguel. Sem admitir, ele está na mesma situação que ela. Com a paixão emergente, eles precisam abrigar o novo amor sem que nenhum dos dois tenha uma casa própria.

Crítica

Você já viu este filme antes. Mulher de meia-idade é trocada por outra mais jovem. Como consequência, se muda para a casa dos pais, por estar sem grana. Trabalha num emprego mediano que não lhe traz satisfação pessoal. Assim como muitas comédias românticas lançadas nos últimos 20 anos, 50 São os Novos 30 tem como base essa premissa. Seja em Hollywood ou em qualquer região do mundo, tal história já foi contada, bom, mais de 50 vezes. Ou seja, não é de se esperar grandes inovações neste longa-metragem dirigido, roteirizado e protagonizado pela atriz Valérie Lemercier. Se a expectativa for alta, a decepção pode ser gigante. Se não, dá para soltar algumas boas risadas, mesmo diante de um discurso antiquado.

Depois de vivenciar todos os clichês (que não deixam de ser verdadeiros), Maria-Francine (Lemercier) trabalha numa loja de cigarros eletrônicos. Nem ela acredita no negócio, pois adora nicotina. Acaba conhecendo Miguel (Patrick Timsit), chef de cozinha num estabelecimento ao lado do seu, também mal das pernas. Ele vive num quarto, divide a cama com o filho, após ser abandonado pela esposa. Só que, ao invés de revelar a verdade para Francine, o homem inventa a "mentirinha" de que é casado com uma mulher em estado vegetativo.

Apesar de várias situações engraçadas (seja Francine fumando na loja ou a relação claustrofóbica com os pais ensandecidos), o filme parece ir do nada ao lugar nenhum. Principalmente porque a protagonista não evolui. Há um sentimento de que ela não precisa mudar quando a nova paixão aparece, já que o homem pode resolver todos os seus problemas. Parece que estamos lidando com situações dos anos 90, e não em pleno 2018, com constantes discursos sobre empoderamento feminino. O que é ainda mais realçado pelas características físicas da personagem. Valérie Lemercier não tem uma beleza padrão, mas, sim, é uma atriz muito bonita. No filme, ela é "enfeiada" por seus trajes de alguém que parece bem mais velha que a própria mãe. Além disso, usa óculos garrafais que tomam conta do rosto. Ponto para o “não é preciso ser vaidoso para se sentir bem”. O problema é que Francine não se sente nada bem durante todo o longa.

A partir do momento que Miguel entra em cena, tudo gira ao redor de como vai funcionar a relação amorosa. Porém, o mais importante, como a personagem vai "evoluir" (ou seja, indo atrás de algo que realmente lhe satisfaça em outras áreas da vida), é algo decepcionante. É sempre bom ter um novo amor. Todos nós sabemos como é revigorante sentir aquela paixão que toma conta das nossas ideias. Só que fica apenas nisso. E nem o fato de Miguel ter mentido sobre algo tão grave parece surtir um efeito de causa e gerar conflito na trama. Sim, é um feel good movie francês que não precisa de grandes atrativos para gerar sorrisos e gargalhadas, mas chega a ser um desserviço para as mulheres de atitude da vida real.

Talvez o grande problema seja esse. Mesmo contando com atuações convincentes (ainda que de personagens estereotipados), 50 São os Novos 30 parece não progredir. Pelo contrário. Remete a questões tão antigas que, hoje em dia, são discutidas de forma bem mais crítica. Pode ser um bom passatempo para quem tem uma mentalidade estagnada. Não diria nem retrógrada, por mais que "mulher desperta para a vida após conhecer um novo homem" pudesse ser o caso. O grande problema da protagonista é não tomar as rédeas da própria vida. Algo que qualquer homem ou, principalmente, mulher deveria saber na atualidade: ninguém precisa estar envolvido amorosamente com alguém para ser feliz. É preciso, antes, amar a si. E se não sentimos isso da protagonista, como acreditar que uma relação dela possa durar? Falta verdade e atualidade neste longa. Uma pena, pois talentos envolvidos não faltaram.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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CríticoNota
Matheus Bonez
4
Leonardo Ribeiro
4
MÉDIA
4

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