Crítica
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Sinopse
Crítica
Você já viu esse filme antes. E na primeira vez, ele era maior. Afinal, não se tratavam de apenas sete, mas, sim, de 8 Mulheres (2002). E a diferença não acaba por aí, se restringindo apenas ao número de protagonistas. Na versão anterior, mais dinâmica e envolvente, havia ainda o acréscimo de números musicais, que pontuavam tanto a apresentação das principais personagens, como também as reviravoltas que iam, de tempos em tempos, alternando a condução dos acontecimentos. Tudo isso se desfaz em 7 Mulheres e um Mistério, adaptação do italiano Alessandro Genovesi para a peça do francês Robert Thomas. Se o filme original, realizado vinte anos atrás pelo seu compatriota François Ozon, era um verdadeiro deleite aos olhos e ouvidos, combinando atuações superlativas com uma intriga conduzida de modo crescente até um inevitável – e inesperado – desfecho, na melhor linha das tramas de Agatha Christie, dessa vez o tom morno da narrativa nunca chega a se alterar. Ou seja, é menos, não só no nome, mas no todo.
Há outra diferença fundamental: as estrelas de 8 Mulheres eram atrizes reconhecidas internacionalmente: Catherine Deneuve, Fanny Ardant e Isabelle Huppert eram as que mais se destacavam, mas entre elas estavam ainda Emmanuelle Beart (Missão: Impossível, 1996), Virginie Ledoyen (A Praia, 2000), Ludivine Sagnier (Lupin, 2021), Danielle Darrieux (Mayerling, 1936) e Firmine Richard (Um Evento Feliz, 2011). O time de 7 Mulheres e um Mistério, no entanto, carece do mesmo nível de estrelato. São nomes razoavelmente conhecidos na Itália, mas com pouco – para não dizer quase nenhum – alcance no exterior. Aqui no Brasil, a única com alguma repercussão é Margherita Buy – dona de nada menos do que 16 indicações ao David di Donatello, o ‘Oscar italiano’, tendo sido premiada em sete ocasiões, a mais recente por Mia Madre, 2015, de Nanni Moretti. Não por acaso, é ela a matriarca de uma família caracterizada pela forte presença feminina e que, na véspera de Natal, precisa lidar com uma inesperada (ou essa é a impressão que busca transmitir) tragédia: o assassinato do marido e pai de suas filhas, Marcello.
Tudo começa com a chegada de Susanna (Diana Del Bufalo, de E Agora? A mamãe saiu de férias!, 2019), a primogênita do casal que, por estudar longe, está de volta para passar com a família as festas de final de ano. Ela é recebida por Maria (Luisa Ranieri, de A Mão de Deus, 2021), a nova – e bela, e jovem – empregada (e cozinheira, e auxiliar). Uma serviçal tão atraente lhe desperta estranheza, ainda mais quando descobre que essa é a única responsável para manter a mansão funcionando, ao mesmo tempo em que busca atender às necessidades de todas as moradoras do local. Espanto também vem da mãe, que esperava a filha para mais tarde, assim como da avó (Ornella Vanoni, do clássico Os Viajantes Noturnos, 1979, de Ugo Tognazzi), que não parece estar muito ciente do que ocorre ao seu redor. A irmã mais nova, Caterina (Benedetta Porcaroli, de 18 Presentes, 2020), por outro lado, reage com tranquilidade à presença da recém-chegada, enquanto que a tia, Agostina (Sabrina Impacciatore, da segunda temporada de The White Lotus, 2022), tem outras preocupações em mente para sequer se preocupar com a sobrinha. O que nenhuma delas esperava, no entanto, seria uma visita, de fato, surpreendente: a amante do falecido, Veronica (Micaela Ramazzotti).
Marcello é encontrado deitado de costas, em sua própria cama, com uma faca enfiada nas costas. Cada uma destas mulheres reage com sentimentos que vão da incredulidade ao desespero à notícia: chama atenção, porém, que nenhuma delas parece ser tomada pela tristeza. Não irá tardar para se descobrir que todas possuíam seus motivos para quererem se livrar do único homem ao alcance delas. Entre relações extraconjugais (assumidas ou às escondidas) e desfalques financeiros, promessas não cumpridas e expectativas fantasiosas, cada uma se vê melhor agora sem ele por perto. Assumidamente teatral, o filme não consegue, porém, solucionar essa condição na busca por um viés cinematográfico. Como resultado, o que se vê é uma repetição constante de dois ou três cenários, o que gera uma curiosa contradição: por mais que a direção de arte e o figurino busque ostentar riqueza e poder, a impressão que fica é de uma pobreza criativa aliada a uma falta de imaginação constante. Resta, portanto, o esforço do elenco, que por mais afiado que possa se exibir, não consegue evitar o tom de farsa, como se estivessem todas a um passo de cair no riso por não conseguir conter a sensação de piada – uma graça que está mais em quem conta do que no que é, enfim, deveriam defender.
Genovesi, também autor do roteiro, é conhecido mais por seu trabalho como ator (Lazzaro Felice, 2018) ou por comandar comédias populares, como uma citada anteriormente e sua continuação, E Agora? A mamãe saiu de férias 2! E levou a família... (2020). O texto de Thomas, por sua vez, é menos apoiado no humor físico e mais nos diálogos repletos de duplos sentidos e diferentes camadas de interpretação, além de uma condução precisa de cada uma das intérpretes reunidas. Dois elementos, no entanto, escassos em 7 Mulheres e um Mistério. Afinal, se elas se encontram perdidas – a impressão é que cada uma buscou o seu próprio registro, como se estivessem em filmes diferentes, oferecendo um contraste um tanto anárquico ao conjunto – também inexiste muito suspense quanto ao que de fato estaria se passando por detrás do pouco que é dito (e do muito que, supostamente, deveria ter ficado subentendido). E quando a resposta à pergunta “quem matou?” é tão irrelevante quanto tudo mais visto até sua revelação, pouco sobra digno de nota. É como se os esforços fossem no sentido de disfarçar a audiência do gigantesco nada a ser dito. Uma verdade que até pode tardar, mas que não falha em se manifestar.
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Esperava bem msis. Palmas para Ornela Vanoni.
Que filme apagado, morno, com desfecho fraco e sem uma linha lógica. Aff! Na Netflix, ele aparece como sugestão para quem assiste a narrativa policial "Glass Onion" (muito boa), porém, 7 mulheres é um filme apático. Para quem gosta de suspense policial, é frustação pura porque o filme é um eterno e chato "quase". Quase comédia, quase suspense, quase intertextual, quase invador. Um desperdíci de tempo.