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Sinopse

Uma análise técnica e apaixonada de uma das cenas mais icônicas do cinema, a do chuveiro no suspense Psicose (1960), longa-metragem dirigido por Alfred Hitchcock

Crítica

A cena do chuveiro de Psicose (1960) é, por si, um fenômeno cultural. Parodiado centenas de vezes em outros filmes, programas de TV, desenhos animados, e outro tipo de mídia que se possa imaginar, além de conhecido até mesmo por aqueles que não fazem a menor ideia de quem foi Alfred Hitchcock, o assassinato brutal de Marion Crane (Janet Leigh) tem lugar garantido no topo de qualquer ranking de momentos icônicos da história da sétima arte. Como uma cena de apenas três minutos foi capaz de mudar o cinema tão radicalmente? É o que o diretor Alexandre O. Philippe tenta descobrir em seu documentário 78/52.

Embora a premissa seja dissecar a cena do chuveiro – o título faz alusão ao número de diferentes posicionamentos de câmera e à quantidade de cortes empregados nos três minutos – o longa, felizmente, vai muito além. A escolha dos entrevistados já reflete uma pretensão de cobrir várias frentes em relação à obra: há críticos de cinema e teóricos da comunicação, pessoas ligadas a Hitchcock, atores e diretores diretamente influenciados por ele, familiares do elenco, compositores que falam sobre a fantástica trilha de Bernard Herrmann, montadores que discorrem sobre a genialidade dos cortes rápidos utilizados para sugerir violência em vez de mostrá-la, de fato, entre outros.

As entrevistas, realizadas em preto e branco, num cenário que remete aos quartos do Motel Bates, trazem uma série de rostos familiares, como Guillermo Del Toro, Elijah Wood, Danny Elfman, Eli Roth, Peter Bogdanovich e Jamie Lee Curtis. Aos 79 anos, Marli Renfro, dublê de corpo de Janet Leigh, recorda com carinho a semana em que participou das gravações. A entrevista de Marli, embora seja uma das mais interessantes do filme, é uma exceção. 78/52 não pretende ser mais um documentário que busca apenas trazer os segredos e curiosidades dos bastidores da produção – até porque muitos envolvidos não estão mais vivos –, preferindo voltar seu olhar ao mundo “pós-Psicose” e falar, principalmente, sobre o impacto da obra.

Mais do que uma análise minuciosa do filme e de seu legado, completa com pequenas encenações, trechos do roteiro e storyboards originais de Saul Bass, este documentário é, essencialmente, uma casual conversa entre fãs. Mesmo os profissionais que parecem estar presentes para analisar os aspectos técnicos acabam compartilhando suas primeiras experiências como cúmplices de Norman Bates (Anthony Perkins), comentando seus trechos favoritos e divagando sobre o clima sociopolítico que envolvia o cinema norte-americano no início dos anos 60, além do estranhamento da audiência diante de um produto disposto a desafiar todas as expectativas.

Evidentemente, 78/52 não é para todos os tipos de público. Quem não conhece ou não se interessa particularmente pela obra de Hitchcock dificilmente tirará proveito deste documentário. Para fãs do Mestre do Suspense e apaixonados pela sétima arte, entretanto, é sessão obrigatória: é essencial para quem quer mergulhar em um dos maiores clássicos do horror e do suspense e, no processo, entender como um homicídio de três minutos mudou completamente a maneira de se fazer, vender e consumir cinema.

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cursa Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo e é editora do blog Cine Brasil.
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