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Sinopse

Maya é uma abelhinha muito querida. Com seu melhor amigo, Willy, está à procura de diversão. Um dia, acidentalmente, ela surpreende de maneira negativa a Imperatriz de Buzztropolis e, como consequência, é forçada a participar dos Jogos de Mel e assim salvar sua colmeia. Na competição, a abelhinha irá conhecer novos amigos, além de adversários extremamente habilidosos, e enfrentar situações inéditas e desafiadoras.

Crítica

Maya pode estar chegando agora aos cinemas nacionais, mas ela demanda respeito. Afinal, se trata de uma senhora centenária. Criada por Waldemar Bonsels e publicada pela primeira vez na Alemanha em 1912, a personagem já teve diversas inserções pela literatura infantil, televisão e até mesmo no cinema antes deste A Abelhinha Maya: O Filme, que está sendo lançado em 2018. Sua estreia foi em um curta mudo de 1924, estrelado por insetos reais e com direção de Wolfram Junghans. Depois vieram uma série anime para a televisão em 1975, produzida no Japão e que chegou a ser dublada em mais de 40 línguas diferentes, e uma seguinte em 2012, que contou com 78 episódios. Essa versão foi adaptada para a tela grande dois anos depois, justamente com o título... A Abelhinha Maya: O Filme. O sucesso dessa levou a uma continuação, batizada de A Abelhinha Maya: Os Jogos de Mel. No entanto, apesar dos nomes, é esta segunda que o espectador brasileiro está conhecendo, pois a anterior permanece inédita por aqui.

Se a confusão dos filmes existe nos bastidores, em cena é bem mais simples. E isso porque, uma vez que este é, na verdade, uma continuação, apresentações se fizeram desnecessárias. Mas os marinheiros de primeira viagem – a grande maioria no Brasil, imagina-se – não precisam se preocupar. Afinal, em poucos minutos todos estarão familiarizados com os personagens. Maya é uma pequena abelha bastante destemida, que sonha em participar dos Jogos de Mel, uma competição esportiva que reúne times representantes das principais colmeias da região. A questão é que, além de nunca serem convidados a jogar, ainda lhes é exigido um tributo de 50% da produção de mel. Sem condições de atender a própria demanda interna, tal pagamento colocaria a rainha em apuros. É por isso que ela terá que lidar com a Imperatriz – que, além de tudo, é também sua irmã.

No meio desse imbróglio, Maya e seu fiel companheiro – e melhor amigo, Willy – decidem ajudar, partindo, mesmo contra as ordens da Rainha, até Buzztropolis para tentar um diálogo com a Imperatriz. A aproximação dos jovens da pequena colmeia só aumenta a confusão, gerando uma aposta arriscada: eles poderão participar dos jogos, porém com uma condição: caso ganhem, a cobrança será suspensa. Do contrário, se perderem, terão que ceder a produção inteira de mel daquele ano. O risco é alto, mas, pelo jeito, essa é a única saída para os problemas que, antes apenas da rainha, agora são de todos. E como Maya é daquelas figuras que não se deixam abater, logo terá ao seu lado uma turma de desajustados também dispostos a arriscar tudo, como uma aranha, uma barata, um besouro e outros insetos em busca de uma nova chance.

Alexs Stadermann, que havia co-dirigido o primeiro filme da abelhinha, volta ao seu posto, dessa vez tendo ao seu lado Sergio Delfino – que trabalhou como animador em A Fuga das Galinhas (2000) e Uma Aventura Lego (2014) – e Noel Cleary – que animou personagens em diversas produções, como A Lenda dos Guardiões (2010). Como se percebe, nenhum dos responsáveis é novato no assunto, e a experiência acumulada dos três permitiu a realização de um filme bastante dinâmico, que mantém a atenção e sabe a quem está se dirigindo – um público infantil, é claro, ainda que não totalmente inocente. Há algumas tiradas não focadas tanto nos mais pequenos, principalmente durante o desenvolvimento dos tais Jogos de Mel, quando uma equipe inimiga passa a usar de artimanhas não muito honestas para se sobressaírem aos demais competidores.

E ainda que as lições não sejam revolucionárias, também não chegam a ofender ninguém por reforçarem o óbvio – o que, muitas vezes, precisa, de qualquer forma, ser repetido. O pior, no entanto, é o total desprezo à condição dos protagonistas. Afinal, apesar de estarmos falando de abelhas, insetos cada vez mais fundamentais para a manutenção do nosso ecossistema – ainda mais face à possível extinção das mesmas – absolutamente nenhuma referência é feita quanto a isso. Tanto que se fossem formigas, patos ou elefantes, o resultado possivelmente seria o mesmo. Com isso, uma oportunidade de aprendizado é desperdiçada. Assim, A Abelhinha Maya: O Filme até pode servir como porta de entrada para o universo da personagem, e aqueles que decidirem explorá-lo mais a fundo talvez se sintam recompensados em outros produtos nos quais suas aventuras se desdobrem. Pois, ao menos dessa vez, somente restarão 85 minutos que não mais serão recuperados, inofensivos enquanto duram, mas plenamente esquecíveis assim que se encerram.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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