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Crítica


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Sinopse

George é considerado esquisito por seus colegas. Rebelde, ele parece não ter nenhuma ambição, senão cabular a próxima aula. Até que um dia ele se depara com uma garota que lhe dá motivos para esperar outras coisas da vida.

Crítica

Depois de um início de carreira bem impactante, revelando-se como um dos maiores talentos jovens dos últimos anos, Freddie Highmore meio que sumiu dos holofotes e tenta agora, com esse A Arte da Conquista, chamar mais uma vez atenção. No entanto, se for para tirar uma conclusão apressada a partir do que aqui é exibido, talvez seja melhor o rapaz pensar numa outra profissão. Afinal, o carisma e a emoção tão latente em seus primeiros trabalhos se transformou em apatia e desinteresse, fazendo deste longa – inteiramente apoiado em suas costas – num genérico sem maiores consequências sobre o rito de passagem da adolescência para a vida adulta, igual – ou pior – a tantos outros que seguidamente invadem as nossas telas.

George (Highmore) está para se formar no colegial quando percebe que vai morrer. Não uma morte anunciada, vítima de uma doença incurável ou de uma sentença irreversível. Ele apenas se deu conta de que é mortal e que, assim como todas as outras pessoas do mundo, um dia também morrerá. E se terá um fim, por quê insistir num começo? Desanimado e depressivo, se afasta de todos – colegas, família, amigos – ensimesmando cada vez mais no próprio casulo. Até o dia que desperta a curiosidade da rebelde Sally (Emma Roberts, sobrinha de Julia), que passa a se interessar por ele, mesmo que a contrapartida seja difícil e demorada. O garoto deixa os trabalhos escolares de lado, não se importa com a crise no casamento da mãe (Rita Wilson, esposa de Tom Hanks) com o padrasto (Sam Robards, filho de Jason Robards e Lauren Bacall) e nem desperta vontade em participar da turma liderada por Zoe (Sasha Spielberg, filha de Steven). Como se pode perceber pelos sobrenomes da maioria dos integrantes do elenco, trata-se de uma ação entre amigos, que custou pouco e arrecadou nas bilheterias menos ainda (pouco mais de US$ 1,3 milhão).

O que o título A Arte da Conquista – ou o original The Art of Getting By, algo como A arte de se dar bem – faz referência não é ao mero desenlace amoroso, mas sim ao futuro do protagonista. A única atividade a qual ele de fato se dedica é o desenho e a pintura, e isso não passa desapercebido por seus professores – entre eles está, ironicamente, Alicia Silverstone, de As Patricinhas de Beverly Hills (1995), filme símbolo dos que ‘se dão bem’ na escola. E será através deles que George entrará em contato com Dustin (Michael Angarano, de À Toda Prova, 2011), um ex-aluno que hoje é um artista revelação, comandando suas próprias exibições. Essa amizade que surge irá começar num modelo mentor-pupilo, para logo se transformar em algo mais competitivo. E é claro que a mocinha acabará entrando na equação entre os dois.

Calcado nos mesmos caminhos trilhados pelo muito mais bem sucedido As Vantagens de Ser Invisível (2012), A Arte da Conquista fracassa no roteiro pouco criativo e na direção insegura do cineasta de primeira viagem Gavin Wiesen. Há de se apontar também o desempenho sem atrativos do protagonista, que em nada lembra dos tempos em que era apadrinhado por Johnny Depp – como visto no comovente Em Busca da Terra do Nunca (2004) e no divertido A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005). Highmore cresceu, mas assim como o personagem que dessa vez tenta defender, ainda não se encontrou. E ao menos até que isso aconteça seria melhor evitar passos em falso como esse.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
4
Ailton Monteiro
6
MÉDIA
5

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