Crítica
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Sinopse
A vida de uma família com três filhos nos anos 1950. O filho mais velho testemunha o fim da inocência e entra em conflito direto com os pais.
Crítica
É muito difícil comentar A Árvore da Vida. Até porque não se trata de um filme. De apenas um filme. É muito mais do que isso. Esse longa, muito provavelmente, é a mais impressionante manifestação artística popular do ano. É uma ode à vida, uma poesia com melodia, sincronia e leveza, ao mesmo tempo em que combina duras verdades e desenlaces cruéis e sofridos. Não pode ser descrito com uma simples combinação de palavras. O quinto longa nestes quarenta anos de carreira do diretor Terrence Malick é puro sentimento, e como tal deve ser visto e, acima de tudo, percebido. A questão é justamente essa. E nada mais.
Brad Pitt e Jessica Chastain são os pais de três filhos. Juntos, formam uma família feliz para todos os vizinhos das redondezas. Mas, é claro, que qualquer um que observá-los mais de perto irá perceber que nem tudo é perfeito. Ela é uma mulher insegura. Ele é um homem perdido no tempo, severo com os filhos e rígido com a esposa. Não são plenamente felizes – mas quem realmente é? Buscavam mais para si e para os seus. Não conseguiram, e agora precisam diariamente se contentar com o que possuem, com o que são. Até que o telefone toca e a notícia avassaladora chega: um dos filhos acaba de morrer.
Enquanto vemos essa sequência de ações, logo nos primeiros momentos de um longa de mais de 130 minutos, acompanhamos paralelamente um personagem adulto, nos dias de hoje, ainda em choque consigo mesmo. No papel, o duplamente oscarizado Sean Penn. Mas nada de homens brutos ou tipos compostos – ali está um indivíduo despido de defesas, entregue às emoções e lembranças. É um do filhos do casal. E as marcas daquela infância, de uma criação tão singular e tão universal, ainda estão presentes, com uma força que ainda encontra eco.
A partir do momento do choque, o diretor passa a brincar com as imagens, entrecortando cenas do cosmos, do início dos tempos, da formação do Planeta Terra – você nunca viu dinossauros se encaixarem tão bem num drama – e da própria história dessa família. Passamos a acompanhá-los em situações ocasionais, durante jantares silenciosos, reprimendas paternas, brincadeiras de crianças, momentos de ternura, descobertas e tristezas. Lado a lado aparecem a vida e a morte, tão inesperadas e conectadas como a alegria de um dia de sol que se esvai quando um garoto se afoga ao brincar na piscina coletiva. Por mais atentos que estejamos, algo sempre escapa. E como não dizer que estão nesses instantes perdidos o segredo do universo e da existência como um todo?
A Árvore da Vida é um filme-poema, em que o conjunto de imagens fala muito mais do que cada uma em singular. Malick é um gênio que oferece raras e bem dosadas demonstrações de talento, mas cada uma merece ser apreciada com cuidado e atenção. Pitt tem status de celebridade, mas deixa tranquilamente essa imagem para trás, despindo-se de maneirismos e técnicas para entregar uma das atuações mais intensas de toda a sua carreira. Chastain, uma novata em pleno processo de revelação, coloca em evidência uma talento inesperado, à altura do que lhe é exigido. Penn, por outro lado, pouco aparece, mas quando o foco está nele reage como se o alicerce de tudo dependesse somente do seu empenho. É um trio fenomenal, que se complementa com louvor nos três garotos – Tye Sheridan, Laramie Eppler e, principalmente, Hunter McCraken – que respondem por grande parte da ação. São jovens que representam o contraponto a um mundo em decadência, oferecendo uma visão nova, repleta de expectativa e motivações. Enquanto os adultos estão decepcionados e sofrem com suas memórias, os pequenos tem ainda um mundo a descobrir e uma vida inteira a ser vivida, experimentada, desbravada. E o ciclo começa mais uma vez.
Há tanto e tão pouco a ser dito sobre A Árvore da Vida. É até difícil saber o que importa de verdade, pois pode-se seguir por várias interpretações ou simplesmente se calar, deixando que cada um aproveite o que lhe for possível, dentro de suas capacidades. É uma obra construída acima de tudo nos sentimentos, que se forma na contrapartida de cada espectador. A Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cannes é apenas um dos indícios de que estamos diante de um dos melhores e mais marcantes filmes vistos em muito tempo. Impactante, ousado, enérgico, autoral: adjetivos que dizem muito, mas que refletem apenas parte do que pode ser aqui visto. O segredo é sentir.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 10 |
Yuri Correa | 10 |
Francisco Carbone | 10 |
Chico Fireman | 7 |
Daniel Oliveira | 8 |
Diego Benevides | 9 |
Roberto Cunha | 4 |
Gabriel Pazini | 9 |
MÉDIA | 8.4 |
sensacional a crítica feita por Robledo. fiquei um pouco confusa com esses fragmentos de vida em família versus vida no planeta terra, porém ao ler esse texto me trouxe uma visão mais clara da mensagem do filme. criamos tantas expectativas na vida adulta, sofremos tantas frustrações, perdas, e é esse o ciclo da vida... bela reflexão. no fundo somos apenas poeira estelar.
achei o filme uma verdadeira bosta isso sim