Crítica
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Sinopse
João decide cruzar o Brasil a bordo de seu caminhão a fim de fugir dos traumas do passado. Numa de suas viagens ele conhece o menino Duda, órfão de mãe que está em busca do pai residente na cidade de São Paulo.
Crítica
Durante muito tempo se acreditou, no cinema brasileiro, que seria preciso realizar uma obra prima para, finalmente, reencontrar o público nacional. A dificuldade em produzir cada novo filme era tamanha que esse deveria ser perfeito, melhor do que qualquer um antes, para que tamanho esforço fosse, enfim, justificado. Tanta pretensão, pressão, cobrança e expectativa, obviamente, não fizeram bem algum, e por anos o que tivemos foram obras audaciosas e vazias. É preciso deixar de lado a vontade de ser gênio e procurar ser um bom artesão, aquele que executa seu trabalho com competência e ainda superando, mesmo que de leve, as expectativas. Exatamente o caso de Breno Silveira, um ótimo fotógrafo que se revelou um cineasta de respeito. E após o campeão de público 2 Filhos de Francisco (2005), ele está de volta com o emocionante À Beira do Caminho.
Não que emoção seja uma exclusividade deste novo trabalho – afinal, esta parece ser uma característica de todos os longas do diretor. 2 Filhos de Francisco comoveu mais de 5 milhões de espectadores em todo o país, se tornando um dos filmes mais vistos no cinema nacional nas duas últimas décadas. E entre esse e À Beira do Caminho, Silveira assinou também Era Uma Vez (2008), uma versão de Romeu & Julieta adaptada para a Zona Sul carioca. Como se pode ter ideia por conta dessa mistura, outras milhares de pessoas foram às lágrimas com essa história de amor e morte. Mas agora ele parece ter retomado este espírito positivo, e apesar das amarguras enfrentadas no passado pelos seus protagonistas, o final é daqueles de olhar para frente e acreditar num futuro melhor.
João (João Miguel, em seu segundo desempenho de destaque deste ano, após Xingu) é um motorista de caminhão que passa seus dias percorrendo as estradas sem fim desse país continental. Durante esse tempo ele passa ouvindo músicas românticas e, nas poucas paradas pelo caminho, evita se aproximar de qualquer outra pessoa. Até o dia em que, após uma dessas paradas, ouve um barulho na caçamba e decide conferir. Para sua surpresa, ali está um garoto, Duda (Vinícius Nascimento, de Ó Paí Ó, 2007), que perdeu a mãe há pouco e está decidido a ir até São Paulo encontrar o pai que nunca conheceu. É claro que os dois – criança e caminhoneiro – não se tornarão os melhores amigos de uma hora para outra, mas o laço que irá surgir entre eles será daqueles que nem a vida pode romper.
À Beira do Caminho mostra a história de um homem sem seu filho e de um menino sem seu pai. Estes dois, quando se encontram, irão revelar suas mais doloridas feridas, mas aos poucos perceberão no outro um caminho para sará-las. Com participações especiais no elenco dos sempre competentes Dira Paes, Ângelo Antônio e Denise Weinberg, é um filme que vai envolvendo aos poucos, mas que no final deixará qualquer um completamente rendido. A trilha sonora, recheada de clássicos do cancioneiro romântico nacional – com especial atenção ao repertório do rei Roberto Carlos – é outro pequeno detalhe que acaba fazendo toda diferença. Grande vencedor do Festival de Recife – Cine PE 2012 (superando concorrentes badalados como Paraísos Artificiais e Boca), é uma obra que fala muito mais ao coração do que ao cérebro. E em casos assim está de bom tamanho.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Ailton Monteiro | 8 |
Alysson Oliveira | 6 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 7 |
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