Crítica
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Sinopse
Clark é um cabeleireiro que trabalha nos Estados Unidos com Lúcia, mulher que aparentemente reúne todas as qualidades que ele busca em uma companheira. No entanto, ele terá de lutar contra um oponente significativo.
Crítica
São curiosas as contradições a cerca de A Brasileira. Pra começar, este é o tipo de filme que só consegue vislumbrar algum espaço – ainda que restrito – no circuito comercial nacional por contar, no elenco, com prata da casa. Afinal, trata-se de uma produção americana, filmada inteiramente em Los Angeles, EUA, mas que apresenta no elenco a bela Fernanda Machado, estrela de novelas e protagonista feminina do sucesso Tropa de Elite (2007). Apesar da crença de que tal mistura possa funcionar com algum desavisado, essa ingênua comédia romântica em nada difere de inúmeras outras que volta e meia são despejadas diretamente em homevideo ou em telefilmes.
Alguns intérpretes brasileiros, a despeito da nossa língua, sonham com o mercado cinematográfico internacional. Fernanda Montenegro, que chegou a ser indicada ao Oscar, se aventurou no malfadado O Amor nos Tempos do Cólera (2007), mas temos outros exemplos mais bem sucedidos, como Rodrigo Santoro (300, 2006), Wagner Moura (Elysium, 2013) e Alice Braga (Eu Sou a Lenda, 2007). Outros, no entanto, tudo o que conseguem – ao menos por enquanto – é esse A Brasileira. Este é um caso que deveria ser escondido dentre uma filmografia de respeito, caso haja algo melhor a mostrar. Não é o caso de Machado, no entanto. Porém, se a torcida dela é que essa produção sirva para apresentá-la em Hollywood, a sugestão imediata é que faça um favor a si mesma e reveja seus conceitos.
Os dois nomes mais conhecidos do elenco de A Brasileira – Dean Cain, o Homem de Aço do seriado Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman (1993), e Mariel Hemingway (neta do famoso escritor e indicada ao Oscar por Manhattan, 1979, de Woody Allen) – fazem não mais do que meras participações especiais – e ambas sem função na trama e presentes apenas para chamar público de modo gratuito e desnecessário. O enredo é centrado na figura de Clark Dormer (Greg Tuculescu, de Missão Madrinha de Casamento, 2011), um rapaz afeminado que herdou o salão de beleza da mãe. Apesar de heterossexual, tudo o que sabe fazer é cortar cabelos. Sua situação se complica quando se apaixona por uma colega de trabalho, a brasileira Lúcia (Fernanda Machado) – que, obviamente, não o leva à sério e o vê como um “melhor amigo”, ao invés de um amante em potencial. Para piorar a situação, ela é apaixonada por Buck (Scott Rodgers), um típico macho alfa que só pensa em se dar bem.
Se esta situação já seria suficiente para percorrer um caminho repleto de clichês, há mais. Decidido a conquistar sua amada e ser mais ‘másculo’, Clark se inscreve em um “acampamento para homens”, um lugar secreto onde “garotos viram adultos”. Para sua surpresa, o professor é o próprio Buck, que desconhecendo as intenções do amigo, passa a ajudá-lo nessa busca por sua masculinidade. Assim que começam a conviver um com o outro, o tímido apaixonado perceberá que seu oponente é um verdadeiro escroto, e para vencê-lo nessa disputa terá que decidir em manter-se fiel aos seus princípios ou se rebaixar ao mesmo nível dos “homens de verdade”.
Além de tudo que já foi dito, há outros problemas graves em A Brasileira. Pra começar, não há razão para a personagem possuir essa alcunha – além do fato da atriz que a interpreta ser, de fato, brasileira. Na história, no entanto, essa informação não possui a menor relevância. Se os personagens são rasos, suas motivações são tão vazias e simplórias a ponto de provocar constrangimento. O quadro que aqui se desenha provoca riso – não com ele, e sim dele, o que nunca é um bom sinal. O diretor e roteirista Brian Brightly, cineasta de primeira viagem, deixa evidente sua falta de experiência, tornando o conjunto ainda mais descartável. Resta apenas a curiosidade quase mórbida de ver uma conterrânea pagando mico no exterior.
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