Crítica
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Sinopse
Crítica
Uma ideia que já foi levada às telas antes, e de forma mais bem-sucedida, pode funcionar mais uma vez? Sim, e é justamente isso que A Casa das Coelhinhas nos mostra: dentro da cada vez mais escassa criatividade dos roteiristas hollywoodianos, pode acontecer ocasionalmente de um remake não assumido funcionar relativamente bem. Afinal, esta nova produção nada mais é do que uma releitura da mesma piada vista em Legalmente Loira, longa de 2001 que praticamente alçou Reese Witherspoon ao estrelato e gerou vários subprodutos, como uma versão para televisão, um musical na Broadway e até uma continuação, em 2003. E agora é a vez de Anna Faris tentar o mesmo.
Protagonista da série Todo Mundo em Pânico (2000), é meio difícil imaginar que um dia Faris consiga chegar perto de um Oscar como o que Witherspoon ganhou por Johnny & June (2005). Mas ela é uma comediante competente, e seu desempenho realmente se destaca em A Casa das Coelhinhas. Ela está muito adequada no papel de uma ex-coelhinha que é expulsa da Mansão Playboy um dia após completar 27 anos (“em anos de coelhinha, isso é como 59 anos!”). Sem ter para onde ir e nem o que fazer, acaba assumindo o comando de uma fraternidade de universitárias deslocadas, prestes a ser extinta. O que ela irá ensinar a um bando de garotas desleixadas, que nunca viram um batom, um vestido ou um cabeleireiro? A ficarem lindas, obviamente. E da mesma forma que no antigo conto do “Patinho Feio”, a mensagem final é que o importante mesmo é respeitar as diferenças. Desde que, claro, você seja bela, desejada e invejada pelos outros.
Psicologismos à parte, A Casa das Coelhinhas até pode ser um divertimento interessante. Obviamente endereçado a meninas adolescentes, não chega a ser tão inteligente e satírico quanto um Meninas Malvadas (2004), por exemplo, mas tem sua dose de deboche e ironia que acaba funcionando em certo nível. As roteiristas Karen McCullah Lutz e Kirsten Smith são as mesmas de Legalmente Loira, e a impressão mais evidente é delas estarem reciclando o próprio material. A direção do novato Fred Wolf (ator e roteirista que participou de mais de 100 episódios de Saturday Night Live, estreando agora como cineasta) também não atrapalha, abrindo bastante espaço para a protagonista brilhar e contribuindo para que o tema “loira-burra-dá-a-volta-por-cima” alcance o efeito esperado.
Os problemas maiores, além do já mencionado déjà vu, são os coadjuvantes, todos muito aquém das possibilidades. Colin Hanks continua insistindo em ser ator, e a única coisa que colabora com ele neste sentido é o sobrenome (adivinha de quem ele é filho?). Emma Stone (Superbad, 2007) tem seu charme, mas não o suficiente. E Rumer Willis é outra que só está ali graças à genética. Por fim, nomes mais memoráveis, como Beverly D’Angelo (Hair, 1979) e Christopher McDonald (Thelma & Louise, 1991), pouco têm o que fazer, e quem acaba roubando a cena em uma participação mais do que especial é o todo poderoso Hugh Hefner, o verdadeiro dono da Mansão. Ou seja, talvez este filme seja apenas uma grande peça publicitária de uma marca reconhecida mundialmente e ligada à pornografia feminina, mas termina por ser tão inocente e pueril que provoca mais risos leves do que desejo ou lascívia. E isso é tudo o que não poderia acontecer com algo que nos remete tão diretamente às Coelhinhas da Playboy, não é mesmo?
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Edu Fernandes | 3 |
MÉDIA | 4 |
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