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Sinopse
A Casa dos Sonhos: O publicitário de sucesso Will Atenton pediu demissão de seu trabalho em Nova York, EUA, para mudar-se com sua esposa e suas duas filhas para uma estranha cidade em New England. Mas, enquanto se preparam para uma nova vida, eles descobrem que sua casa perfeita foi o palco do assassinato de uma mãe e seus dois filhos. E a cidade inteira acredita que os crimes foram cometidos pelo marido, o único sobrevivente. Quando Will inicia uma investigação sobre a tragédia, suas únicas pistas vêm de Ann Paterson, uma vizinha que era próxima da família que morreu.
Crítica
Os créditos entusiasmam. Jim Sheridan foi indicado ao Oscar pelos ótimos Meu Pé Esquerdo (1989), Em Nome do Pai (1993) e Terra dos Sonhos (2002), seja como diretor, roteirista ou produtor. Naomi Watts concorreu como Melhor Atriz pelo ótimo desempenho em 21 Gramas (2003), enquanto que Rachel Weisz ganhou como Atriz Coadjuvante pelo intenso O Jardineiro Fiel (2005). E por fim temos o protagonista, Daniel Craig, que dispensa apresentações – afinal, o cara é o James Bond de Cassino Royale (2006) e Quantum of Solace (2008). Portanto, uma equipe de apresentação e tanto! Mas não o suficiente para fazer desse A Casa dos Sonhos algo minimamente interessante. O resultado é tão frustrante que a impressão que se tem ao término da projeção é que todos os clichês do gênero foram combinados aleatoriamente, sem uma preocupação maior ou qualquer tipo de ambição artística. Este é um produto certamente muito aquém dos talentos envolvidos.
Will Atenton (Craig) é um editor literário que, no começo do filme, está abandonando a carreira para se dedicar à família e ao trabalho como escritor. Ele, a esposa (Weisz) e as duas filhas se mudaram para uma casa maior numa pequena cidade do interior, e lá esperam ter uma vida mais calma e feliz. Porém logo coisas estranhas começam a acontecer, e não demora muito para que descubram que tudo está relacionado a um terrível assassinato acontecido na mesma residência cinco anos antes – uma mulher e as duas filhas foram mortas, enquanto que o marido acabou ferido num hospital psiquiátrico, pois não foram encontradas provas suficientes para sua incriminação. A vizinha da frente (Watts), o ex-marido dela (Marton Czokas) e um misterioso homem que fica pelas redondezas (Elias Koteas) são outros personagens que irão contribuir com poucas informações para aumentar o clima de suspense da trama.
As perguntas que nos fazemos o tempo todo durante A Casa dos Sonhos é afinal, o que está acontecendo? e será que o que estou vendo é mesmo a realidade?. Porém há mais elementos jogando contra a produção do que a favor. Para começar, temos o elenco, dramático em excesso diante um material tão raso quanto este. Craig é infeliz em sua tentativa de encontrar o tom exato para as nuances do papel que defende, sem conseguir equilibrar todas as suas vertentes com a mesma destreza. Weisz e Watts são ótimas intérpretes, mas aqui aparecem como se estivessem preocupadas mais em esconder o que não pode ser dito do que em mostrar apenas o que deve ser explícito. A trilha sonora é por demais chamativa, e os efeitos da fotografia forçam demais a barra. Sinais da inexperiência do realizador com o gênero, evidenciando uma falta da familiaridade com o tema. E ainda há o roteiro, mais preocupado em explorar clichês do que em trilhar por novos caminhos. E são nestas lacunas que o quebra-cabeça começa a ser mostrado já no começo da ação. Sem muito esforço, logo qualquer um da plateia que esteja um pouco mais atento irá desvendar de imediato tudo o que o enredo insiste em esconder, mesmo que seja óbvio a todos.
Apesar disso tudo, talvez o maior problema de um filme como A Casa dos Sonhos seja o tamanho do sucesso que obras como O Sexto Sentido (1999) e Os Outros (2001) atingiram há mais de uma década e que ainda permanecem como referência imediata no gênero. Sheridan é, sem sombra de dúvidas, um cineasta acima da média, porém esse ambiente não possui relação alguma com seu perfil autoral, e o que temos é algo tão estranho a sua filmografia quanto Fique Rico ou Morra Tentando, o longa que fez em 2005 com o rapper 50 Cent. Diante o argumento aqui apresentado, talvez um diretor menos preocupado artisticamente e mais focado no mero entretenimento atingisse resultados mais satisfatórios. O que, definitivamente, não é o caso. Um exemplo mais do que justificado de que, em algumas situações, menos pode, sim, significar mais.
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