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Sinopse

Michelle Darnell é uma poderosa empresária que é enviada para a cadeia após ser pega por negociar informações confidenciais do mercado em troca de lucro. Quando volta pronta para se reerguer como a queridinha dos Estados Unidos, nem todo mundo que foi enganado e prejudicado está pronto para perdoá-la.

Crítica

Fruto de mais uma parceria entre Melissa McCarthy e seu marido, o diretor e roteirista Ben Falcone, A Chefa é uma comédia de evidente valor sentimental para a sua estrela. Michelle Darnell, figura central da trama, foi idealizada por McCarthy há mais de 15 anos, nos primórdios de sua carreira como comediante de improvisação, sendo apontada pela atriz como a favorita entre todas as suas personagens. A proximidade entre criação e criatura, porém, é o que faz desta obra um fracasso em quase todas as frentes. Mesmo que a protagonista funcione no formato de esquetes, ela é uma caricatura desprovida de qualquer profundidade, fraca demais para carregar um longa-metragem. E McCarthy, infelizmente, não parece compreender tais limitações.

Darnell (McCarthy) é uma empresária rude, arrogante e bilionária. Denunciada ao FBI pelo rival e ex-amante (Peter Dinklage), passa alguns meses na prisão por atividades ilegais em suas empresas, e, ao voltar à liberdade, é obrigada a viver sem a fortuna e a reputação de sucesso. Desabrigada, ela é relutantemente acolhida pela ex-assistente Claire (Kristen Bell) e sua filha (Ella Anderson). Dolorosamente previsível, o filme estabelece já nos primeiros minutos que Michelle se esquiva de qualquer relação de afeto e valoriza independência acima de tudo, algo explicado no prólogo que desperdiça o talento de Margo Martindale e na sequência que apresenta a protagonista com um ridículo show motivacional.

O uso de recursos como os acima descritos garante para o espectador que o arco narrativo da personagem envolverá a quebra desse isolamento emocional e a criação de laços com outras pessoas. Não há nada de errado com esse tipo de narrativa; Feitiço do Tempo (1993), por exemplo, traz, no início, Bill Murray como um repórter detestável e, ao longo da projeção, demonstra o duro processo que o transforma numa pessoa capaz de forjar conexões emocionais verdadeiras. Aqui, entretanto, a figura central segue sendo rude, desagradável e egoísta por quase toda a história, exceto quando o roteiro exige um final feliz.

Este filme, porém, não parece particularmente interessado nas falhas de sua trama. A Chefa é, antes de qualquer coisa, um veículo para o talento cômico de McCarthy. O problema é que o humor, assim como quase todos os outros aspectos da obra, não funciona. É absurdo, ainda, que um ator do calibre de Peter Dinklage, vencedor de dois Emmys e um Globo de Ouro, tenha aceitado participar desse projeto. Além de bastante caricato, seu personagem é também ofensivo, utilizado frequentemente como uma ferramenta cômica apenas pela gritante diferença de tamanho entre ele e a protagonista.

É difícil não tomar a ideia de comédia dos roteiristas como uma ofensa à inteligência do espectador, pois a maior parte das piadas consiste simplesmente no uso excessivo e sem sentido de palavrões (o exagero provavelmente deve-se à classificação R, que torna a obra imprópria para menores e dá mais liberdade aos criadores) ou na personagem principal caindo de escadas, tropeçando, sendo atirada contra paredes e assim por diante. Trazendo uma protagonista desagradável demais para que a audiência crie qualquer traço de identificação, humor pobre (e frequentemente ofensivo) e uma narrativa repleta de clichês – até a trilha sonora é previsível! – A Chefa é uma comédia grosseira e preguiçosa, incapaz de fazer rir com suas piadas ou de emocionar com seu sentimentalismo barato.

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cursa Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo e é editora do blog Cine Brasil.
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Marina Paulista
2
Robledo Milani
4
MÉDIA
3

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