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Crítica


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Sinopse

Uma praga exterminou os cães e os gatos da face da Terra, o que fez com que os macacos se tornassem animais de estimação. Eles são tratados como escravos, o que revolta Caesar, o filho de Cornelius e Zira, que perdeu os pais ainda cedo e foi criado pelo dono de um circo. Ele passa a liderar uma rebelião dos macacos contra os humanos.

Crítica

O quarto filme da franquia original dos macacos mais famosos do cinema tinha um grande desafio: manter ou elevar a qualidade do longa anterior, Fuga do Planeta dos Macacos (1971), que conseguiu respeitar o nível o longa original após o desastroso e quase desnecessário De Volta ao Planeta dos Macacos (1970). Porém, ainda que novos elementos tenham sido acrescentados à mitologia e a história seja um importante elo para o futuro apocalíptico visto no filme de 1968, o que se vê em A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) é uma tentativa falha de crítica à escravidão e à futilidade humana, por mais bem intencionados que os envolvidos possam ter estado na época.

O filme se passa duas décadas após o longa anterior em uma sociedade moderna, onde César, filho de Zira e Cornelius, já está crescido e vive com a ajuda de Armando em um circo. Ao mesmo tempo, uma praga aniquila cães e gatos de todo o mundo, o que faz os humanos começarem a domesticar macacos como bichos de estimação. César retorna ao convívio da sociedade, é capturado e vendido como escravo para um governador e acompanha todos os horrores por qual seus irmãos de raça passam. Afinal, não demora para que os macacos, inteligentes como são, também acabem servindo para serviços domésticos que vão muito além da companhia que gatos e cachorros poderiam suprir.

Por um lado, é louvável o esforço do filme em focar na polêmica da escravidão e não poupar o público de cenas violentas, tanto físicas quanto psicológicas, que começam no adestramento dos símios e vão até a sanguinolência da revolta dos macacos contra o sistema. Guardadas as devidas proporções, seria o Laranja Mecânica (1971) da franquia. Por sinal, o filme de Stanley Kubrick foi lançado um ano antes do quarto capítulo desta saga, o que deve ter influenciado bastante no desenvolvimento do roteiro deste filme.

Em termos gerais, sabemos que cinema é uma coisa, ciência é outra e nem sempre o primeiro acompanha a realidade do segundo. No entanto, é muito amador o modo como apenas cães e gatos (e nenhum outro animal) são mortos pela tal praga, como se ambos fossem totalmente diferentes de outros animais de estimação – aí podemos citar inúmeras espécies, que vão de coelhos e hamsters a periquitos e papagaios. É tão importante assim que os humanos tenham a companhia de algum “bichinho”?  Talvez fosse mais coerente, e até realista em se tratando da ganância e maldade do homem, que algum grupo tivesse começado a escravizar e treinar os macacos para a lida doméstica.

Além de tudo, os efeitos especiais, que nunca foram o grande chamariz da saga, estão mais (ou seria menos) do que interessantes. Aliás, estão grotescos. Isto que é o episódio em que há mais batalhas, revoltas, sangue e afins. Muito se deve ao baixíssimo orçamento do título, o menor da série, com 1,7 milhões de dólares de produção. Porém, não seria o caso de ter menos cenas de ação, mas com maior qualidade?

A cereja do bolo é o final, que foi modificado devido à censura da época, praticamente acabando com qualquer motivo para que os macacos dominem a Terra como no futuro apocalíptico de O Planeta dos Macacos (1968). Percebe-se que os envolvidos tinham um belo argumento em mãos, porém não souberam conduzi-lo. Poderia ter sido uma grande obra sobre o perigo de uma nova forma de escravidão e da revolta que isto gera. Porém, o trabalho feito a toque de caixa – e sabemos a quem culpar especialmente, não é dona Fox Films? – anula qualquer boa intenção, entregando um exemplar fraco, ainda que tenha um pano de fundo interessante. Uma pena.

 

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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