Crítica
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Sinopse
A Dança dos Vampiros: Abronsius é um professor universitário especialista em vampiros que decide ir até a Transilvânia, no coração da Europa Central, acompanhado de seu fiel discípulo Alfred, que é bem medroso. Abronsius tem como objetivo aprender sobre vampiros e combatê-los, se possível, mas os fatos tomam um rumo inesperado e vão de encontro aos objetivos do professor. De Roman Polanski.
Crítica
Ainda que não seja conhecido por suas comédias, Roman Polanski tem em A Dança dos Vampiros (1967) um inspirado filme do gênero, que utiliza dos clichês das produções de terror para fazer rir. É verdade que muitas das piadas envelheceram e o estilo de humor europeu da década de 1960 não deve levar ninguém às gargalhadas nos dias hoje. De qualquer forma, o esmero da produção, com direção de arte caprichadíssima, aliada a um elenco afiado, encabeçado por Jack MacGowran e o próprio Polanski (que também assina o roteiro ao lado de Gérard Bach), garantem a diversão e a atenção do espectador. Isso, claro, se o ritmo lento do filme não atrapalhar.
Na trama, o professor Abronsius (MacGowran) e seu fiel ajudante Alfred (Polanski) estão à procura de perigosos vampiros na Transilvânia. Chegando à estalagem de Shagal (Alfie Bass), eles notam alhos pendurados nas paredes, indicativo de que os sugadores de sangue não devem estar longe, ainda que ninguém confirme a presença destes seres no povoado. Enquanto Abronsius só pensa em capturar vampiros, Alfred não tira seus olhos da bela Sarah (Sharon Tate), filha única do dono da hospedagem. Quando o terrível Conde von Krolock (Ferdy Maine) ataca o local e rapta a moça, os dois caçadores de vampiros vão ao encalço do vilão, tendo de enfrentar uma horda de criaturas da noite em um baile nada convencional. A grande ironia do título original acaba se perdendo na tradução nacional, ainda que não seja de todo mal a alcunha A Dança dos Vampiros. No original, seria algo como Os Destemidos Matadores de Vampiros – o motivo do sarcasmo fica por conta do fato de nenhum chupador de sangue ser morto no filme, muito menos pela “destemida” dupla do título. Parecendo mais um duo de desenho animado, o professor Abronsius e Alfred são atrapalhados demais para conseguir dar cabo de seus objetivos. Ainda que tenham todos os materiais necessários para eliminar na raiz a ameaça que recai sobre ambos, a incompetência os impede de ir em frente. Algo que custará caro para a vida do trio principal.
Roman Polanski interpreta com acertado nervosismo seu personagem, um rapaz que segue os passos de seu mestre, mas tem outras preocupações em mente – leiam-se, mulheres. Desde que coloca os pés naquela estalagem, ao encarar o belo decote da serviçal Magda (Fiona Lewis), passando pelos olhares trocados com Sarah, com quem ensaia um rápido romance, Alfred só pensa no sexo oposto. Curiosamente, o rapaz fica mais próximo de concretizar um caso com outro homem, quando aparece em sua frente o filho do conde, Herbert (Iain Quarrier), que se apresenta muito interessado em Alfred. As confusões com o afetado vampiro são divertidas e, infelizmente, se solucionam rápido demais. Jack MacGowran, por sua vez, se mostra confortável ao interpretar uma caricatura, um homem mais velho e completamente obcecado por dois assuntos apenas: vampiros e sua própria pessoa. Um bom exemplo desta vaidade exacerbada é a cena em que o conde o desarma completamente soltando alguns poucos elogios a respeito da obra do professor. Um ponto fraco que é rapidamente descoberto pelo vampirão interpretado de forma divertida por Ferdy Maine.
Outro destaque do elenco fica para a belíssima Sharon Tate, que vive a asseada Sarah – sempre à procura do próximo banho. Foi em A Dança dos Vampiros que Tate conheceu Polanski e os dois logo emendaram um romance que virou casamento. Infelizmente, a história de amor do casal seria curta com o brutal assassinato da jovem atriz pelos asseclas do maníaco Charles Manson em 1969. Possivelmente, por esta razão, seja tão agridoce acompanhar a sua performance no filme. A beleza de Tate é hipnótica em A Dança dos Vampiros e nos faz crer que Alfred passaria por cima de seu medo galopante para salvar a jovem donzela. O desenho de produção do longa-metragem é um grande acerto. Desde a estalagem, construída de forma rústica, com madeiras e móveis baratos, até a mansão dos vampiros, com o requinte esperado de uma rica propriedade, chama a atenção pelo capricho. Os figurinos, principalmente os do baile, são de encher os olhos. E a fotografia, utilizando muito bem o branco da neve em contraste com as escuras noites da Transilvânia, fazem de A Dança dos Vampiros um programa bonito de se ver.
Roman Polanski só não acerta no ritmo. Uma boa comédia necessita disso para provocar o riso. Algumas boas piadas são perdidas pela falta de timing, assim como o interesse do espectador pode se esvair com a demora de alguns acontecimentos. O cineasta, ainda que não domine o gênero, consegue passar por cima disso, fazendo uma sátira interessante aos filmes de vampiros. Para tanto, recolheu todos os detalhes mais batidos das produções vampirescas – crucifixos, alho, a ausência do reflexo nos espelhos, a lua cheia – e os colocou em uma trama engraçadinha. O final, irônico pela perversidade com que trata seus protagonistas, demonstra que, mesmo em uma comédia, Polanski simplesmente não perdoa.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Rodrigo de Oliveira | 7 |
Carlos Helí de Almeida | 9 |
Ailton Monteiro | 6 |
Chico Fireman | 7 |
MÉDIA | 7.3 |
Genial
Assisti ao filme, pela primeira vez, no querido Cine Bijou da praça Roosevelt. Agora, reencontrei-o na HBO Max (prestes a sair do catálogo). Uma delícia de filme, entre os melhores de Polanski.