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Sinopse

Manny e Ellie estão à espera do primeiro filho. Sid encontra alguns ovos de dinossauro, o que faz com que passe a ter sua própria família adotiva. Só que o roubo faz com que se meta em apuros, quando a mãe tiranossauro decide vir atrás de seus rebentos. Ela leva os três filhotes e ainda Sid para um mundo subterrâneo, onde os dinossauros ainda existem, o que obriga Manny, Ellie e Diego irem resgatá-lo.

Crítica

Se os dois primeiros filmes da saga A Era do Gelo, lançados em 2002 e 2006, arrecadaram, juntos, nas bilheterias de todo o mundo, mais de um bilhão de dólares, o que dizer de A Era do Gelo 3 além de: ‘por quê demoraram tanto?’? Afinal, este foi, e com razão, um dos longas mais aguardados de 2009. E é com satisfação que se anuncia: valeu a espera! Novamente dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha (que co-dirigiu o primeiro e comandou sozinho o segundo), este terceiro episódio apresenta um resultado ainda superior aos anteriores, combinando com destreza uma trama ágil, personagens divertidíssimos e um visual fabuloso, aliando como poucos antes o potencial 3D a um contexto em que se faz necessário e muito bem explorado. Um passeio e tanto!

Depois de sermos apresentados aos amigos Sid (um preguiça), Diego (um tigre dentes de sabre) e Manny (um mamute) numa aventura sobre o valor da amizade e o respeito às diferenças individuais em plena era glacial, acompanhamos o trio diante os perigos do derretimento do gelo. Neste meio tempo, conhecemos Ellie, uma mamute fêmea – por quem Manny termina se apaixonando. Juntos, o novo grupo tem agora pela frente a descoberta de um Vale dos Dinossauros, que acreditavam estarem extintos. E eles acabam parando lá na tentativa de resgate de Sid, que se apegou a três ovos sem saber que os mesmos eram de tiranossauros – e, quando a mãe destes aparece, leva não só os filhotes como a desengonçada preguiça junto. O que não esperavam, entretanto, são todas as outras surpresas que este novo lugar lhes reserva, como bichos estranhos, armadilhas intrincadas, ameaças desconhecidas e até mesmo novos amigos, como o lunático Buck, uma doninha com muitos miolos a menos e coragem até demais. Isso sem falar da gravidez de Ellie, que deixa todos com os nervos à flor da pele – principalmente o paizão de primeira viagem!

Depois de vários lançamentos mais ou menos simultâneos que usaram e abusaram da renovada tecnologia do cinema de terceira dimensão sem realmente justificarem esta vantagem – como Coraline e o Mundo Secreto (2009), Dia dos Namorados Macabro (2009) e Monstros VS. Alienígenas (2009) – A Era do Gelo 3 enfim mostra que esta inovação veio para ficar. A sensação de se estar literalmente dentro da ação não acontece em momentos isolados, mas percorre todo o desenvolvimento da história, nos colocando como mais um do time de personagens. Parece que estamos lá, visitando por uma hora e meia um mundo novo e absolutamente encantador, onde os sentidos estão completamente abertos e o encantamento é inevitável. E muito contribui para isso o roteiro redondo, que não deixa furos e vai direto ao ponto, sem grandes rodeios. A mensagem é simples – o valor da família, a importância dos amigos – e ela chega até nós através de muitos estímulos, como cores vibrantes, músicas envolventes, referências diversas (até Superman: O Filme, 1978, é citado!) e muito bom humor. Acima de tudo, ao final da sessão é bastante provável que cada um na plateia esteja com o rosto dolorido de tanto dar risada!

E o melhor, como é de praxe, está no final: o esquilo pré-histórico Scrat deixou definitivamente de ser um coadjuvante curioso para se firmar como o grande astro. E agora ele ganha uma companheira – e a danada está plenamente à altura das neuroses e manias deste viciado em avelãs que não fazia ideia dos altos e baixos que a vida a dois lhe guardava. E este incremento numa linha narrativa paralela mostra bem o valor acima da média de A Era do Gelo 3, um filme de inúmeros méritos que atende a diversos níveis de satisfação, agradando desde os pequenos em busca de bichinhos adoráveis até os jovens atrás de piadas rápidas, abrindo espaço também para os que procuram algo mais refinado, perspicaz e inteligente. E assim, com este novo segmento, esta se confirma como uma das mais felizes trilogias do recente cinema hollywoodiano, indicada sem restrições. É aproveitar e se lambuzar!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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