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Sinopse

Susan Cooper é uma despretensiosa agente da CIA, e a heroína por trás de missões perigosas – pelas quais nunca leva crédito. Ela largou o magistério para entrar para o serviço secreto, mas ainda se sente infeliz por não ter reconhecimento. A chance de mudar isso aparece quando a Agência precisa encontrar uma bomba-nuclear que está em poder de uma espiã inimiga. A missão requer um agente que não seja conhecido pela vilã, e por isso Susan se voluntaria.

Crítica

À primeira vista, Melissa McCarthy parece ser uma atriz de somente um tom: a gordinha desajeitada que captura a atenção de todos com a boca suja e reações aparentemente inesperadas. E os trabalhos que fez após ter estourado em Missão Madrinha de Casamento (2011) – pelo qual foi indicada ao Oscar – colaboraram nessa percepção. Afinal, ninguém precisa ter longas como Uma Ladra sem Limites (2013) ou Tammy (2014) na filmografia. No entanto, é com grata surpresa que a encontramos em A Espiã que Sabia de Menos, título nacional infeliz para o singelo Spy (ou Espiã, em tradução literal). Pois ainda que a trama se apoio num momento inicial no estereótipo que a consagrou, a atriz felizmente consegue ir além, mostrando-se eficiente na condução de uma história que não se resigna em apenas parodiar elementos do gênero, gerando um universo próprio que não deverá desapontar nem mesmo os mais exigentes apreciadores de contos de espiões.

O 007 da vez atende pelo nome de Bradley Fine (Jude Law, fazendo bom uso do seu carisma habitual), um agente secreto que só é tão eficiente quanto parece por contar com o apoio quase que irrestrito de Susan Cooper (McCarthy, no auge do seu jogo, fazendo o que sabe melhor), sua parceira operacional – ou seja, enquanto ele vai à campo, ela fica sentada no escritório em frente a um computador. Mas quem pensa que todo o risco é dele, se engana: é ela quem faz as pesquisas, que analisa os perigos e que lhe oferece os alertas necessários e as melhores soluções para cada problema. Ou seja, sem ela, de nada ele serviria. No entanto, quando ele é morto em serviço por ser pego de surpresa, chega a vez dela partir para a ação – não que esta opção seja a mais óbvia.

Afinal, ainda que seja uma funcionária da CIA, sua aparência é de uma dona de casa solteirona e dona de dezenas de gatos. E essa impressão é bem explorada por sua superiora direta (Allison Janney, em participação não-creditada). Ou seja, aceita-se que ela mude de posição primeiro por acreditar que ninguém suspeitaria dela, e segundo porque seus disfarces seriam os menos chamativos possíveis. Por outro lado, Cooper não é o desastre que todos esperavam: muito pelo contrário, ela é ótima no que faz, e mesmo estando acima do peso consegue ter uma desenvoltura impressionante em sua investigação. Assim ela parte em busca da principal suspeita, a herdeira milionária Rayna Boyanov (Rose Byrne, em perfeita sintonia com a protagonista), que possivelmente está conduzindo uma negociação ilegal com o traficante Sergio De Luca (Bobby Cannavale), ao mesmo tempo em que precisa lidar com a oposição de um colega que não acredita no seu potencial (Jason Statham, que subverte sua persona de forma hilária).

Ainda que não se leve plenamente à sério – algo fundamental em uma comédia – A Espiã que Sabia de Menos – também não debocha de si mesma – como geralmente fazem sátiras ou paródias. O que se tem aqui é um ótimo filme de ação, com intérpretes que acreditam em seus personagens e feitos que, ainda que sejam cômicos, não são rasos ou desprovidos de motivações. Mérito também do diretor e roteirista Paul Feig, que soube se aventurar neste estilo sem incorrer em exageros ou constrangimentos, permanecendo atento às mais firmes diretrizes do gênero, sem deixar de impor seu olhar pessoal. Bom saber que será ele – e com McCarthy novamente no elenco – o responsável pela nova releitura de Os Caça-Fantasmas (1984). A impressão, ao menos até agora, é a melhor possível.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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