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Sinopse

Passados 20 anos do acidente que causou a morte do ator principal de uma peça de teatro escolar, os novos alunos da instituição tentam ressuscitar a produção para honrar o aniversário da tragédia.

Crítica

A Forca tenta se sabotar, principalmente, de duas maneiras: pra começar, o projeto, que é um found footage – todo gravado da perspectiva subjetiva de câmeras diegéticas – apostou em virais e até mesmo manteve o primeiro nome dos atores nos seus respectivos personagens. Isso, claro, em uma tentativa tola de se passar por realidade, o que, convenhamos, desde A Bruxa de Blair (1999) já não tem mais graça nenhuma. Afinal, é mais divertido quando os filmes deste subgênero se assumem de imediato como ficção ou tentam se reinventar de outra maneira – como os excelentes [Rec] (2007) e Atividade Paranormal (2007). Portanto, os avisos no começo só o fazem soar tolo – já sabemos que se trata de um filme!

Depois, o longa ainda quebra um dos elementos mais importantes no terror, que é a empatia com os personagens. Nós tememos por aquilo que nos importamos, ponto. O que não é caso de Ryan Shoos (Ryan Sh... Sério?), que pelo contrário, ganha fácil a torcida contra a sua pessoa repulsiva e unidimensional – aparentemente o garoto só existe para ser o maior babaca que você já conheceu. E por mais que Pfeifer, Reese e Cassidy possam ser carismáticos, o simples fato de serem amigos e associados de Ryan, já nos coloca contra eles também.

Acontece de os quatro jovens ficarem presos dentro da uma escola, onde anos antes um tal de Charlie morrera encenando um enforcamento em uma peça teatral. Abandonados à noite no lugar sem terem como se comunicar com ninguém do lado de fora, o grupo não demora a descobrir que não está sozinho ali, convertendo os corredores longos e escuros do lugar em um jogo aterrorizante de esconde-esconde. E se A Forca acaba funcionando no final, é graças a sua ambientação e fotografia. Pois uma vez que não damos a mínima para amigos presos, ao menos a câmera subjetiva nos coloca dentro daquele cenário como um quinto personagem, facilitando fácil a tarefa de, enfim, torcermos por nós mesmos.

O design de produção arremata construindo sets realmente opressores, como galerias vazias e infinitas que não se iluminam até o fim mesmo quando confrontadas diretamente com a luz. Ou espaços tão apertados e escondidos que poderiam revelar um vilão a espreita a qualquer segundo. Esse é um mérito que ninguém tira da produção que, apesar de seus tropeços, se revela tensa do início ao fim. Em resumo, é um filme que incorre em algumas obviedades, mas estamos falando de um produto feito sob medida para um tipo específico de público – no caso, o adolescente. O epílogo é desnecessário, ainda mais depois de um final tão... positivamente incomum (?); além da supressão total dos sons imediatamente antes de um estouro que aponte para um susto. Entretanto, A Forca sobrevive a si mesmo e até apresenta alguns momentos criativos – aquele que traz uma garota chorando sob uma luz vermelha é arrepiante – e por sairmos vivos da sessão logo vem a sensação de alívio e de uma boa experiência, algo sintomático de sua qualidade, ainda mais tendo em vista o destino trágico da maioria dos personagens.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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