Crítica
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Sinopse
Por conta da péssima temporada do Cleveland Browns, Sonny Weaver Jr., gerente do time desse futebol americano, está ameaçado de demissão. Para evitar isso, ele deve encontrar um talento ainda não lapidado para incluir no grupo.
Crítica
É no mínimo curioso o exercício de tentar imaginar os motivos de se lançar comercialmente nos cinemas brasileiros um longa como A Grande Escolha. Kevin Costner, que retorna à temática esportiva – este é o quinto título de sua filmografia dentro deste subgênero – há muito deixou de ser uma estrela popular, e o tema que a história usa como cenário – o futebol americano – está longe de ser uma febre nacional. No entanto, há um motivo que se coloca à frente destes aqui citados: trata-se, surpreendentemente, de um bom filme. E as razões para este espanto não são poucas.
Na direção de A Grande Escolha está Ivan Reitman, cujo último sucesso de bilheteria foi... Os Caça-Fantasmas (1984)! Neste meio tempo ele fez a continuação do seu longa mais famoso e outros de razoável desempenho, como Irmãos Gêmeos (1988), Um Tira no Jardim de Infância (1990) e Sexo Sem Compromisso (2011), ao mesmo tempo em que se destacou como produtor de obras como Amor sem Escalas (2009), dirigida pelo filho Jason Reitman. Este novo projeto, por outro lado, arrecadou menos de US$ 30 milhões nas bilheterias norte-americanas, além de apresentar um elenco de coadjuvantes inesperados em uma produção do gênero, como a atlética Jennifer Garner, o cantor Sean ‘P. Diddy’ Combs, a vencedora do Oscar Ellen Burstyn e o televisivo Tom Welling. E por fim temos Costner, que mesmo tendo aparecido recentemente nos bem sucedidos O Homem de Aço (2013) e Operação Sombra: Jack Ryan (2014), desde O Guarda-Costas (1992) não protagoniza um sucesso de verdade.
Esse conjunto pode não ter tido um retorno impressionante junto ao público, mas funciona com perfeição para aqueles atrás de uma trama inteligente e com coragem de fugir do óbvio. Assim como O Homem que Mudou o Jogo (2011), A Grande Escolha é um filme sobre esportes que investe mais nas estratégias e no raciocínio do que na ação prática das quadras. A trama se desenvolve em um único dia, o tal ‘draft day’ do título original, a data anual na qual é organizado um ‘leilão’ com os principais talentos universitários e que, a partir dos acertos feitos entre lances disputadíssimos, serão revelados os próximos atletas campeões das disputas nacionais. Kevin Costner é o diretor esportivo – o homem responsável pelas contratações – de um time em crise, e durante esse período de menos de doze horas ele tomará decisões que revoltarão do dono da equipe até o treinador, passando por auxiliares e jogadores. Como guia, no entanto, ele terá apenas um instinto preparado por anos de convívio naquele ambiente.
Os roteiristas de primeira viagem Scott Rothman e Rajiv Joseph – ambos estreando no cinema – acertam quando investem nos bastidores do negócio esportivo, mas resvalam ao abordarem os contrapontos da vida íntima do personagem principal e seus coadjuvantes, envolvendo uma namorada secreta grávida de última hora, sobrinhos órfãos e uma irmã recém-falecida, um promessa com problemas de relacionamento e até mesmo questões familiares específicas, como o duelo de toda uma vida com o pai que lhe ensinou os principais passos daquela atividade e a mãe que insiste em espalhar as cinzas do marido pelo campo de futebol. São momentos que exageram no sentimentalismo e retiram a força do argumento, impedindo-o de alcançar a mesma energia vista em Um Domingo Qualquer (1999), por exemplo. Ainda assim, é um filme que entretém com eficiência e merece ser encarado com mais respeito do que se poderia acreditar.
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