A Menina que Matou os Pais: A Confissão
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A Menina que Matou os Pais: A Confissão
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2023
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Brasil
Crítica
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Sinopse
Os momentos cruciais do caso Richthofen revelam o que Suzane e os irmãos Cravinhos fizeram nos dias imediatamente posteriores ao crime brutal.
Crítica
A despeito das diversas inconsistências, que apenas apresentam versões comprometidas do midiático Caso Richthofen, é válido ressaltar a ousadia do projeto duplo A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou os Pais, ambos lançados em 2021. Entretanto, os longas dirigidos por Mauricio Eça não passaram disso. Agora, deixando para trás a proposta confusa de inserir o espectador como jurado em meio à guerra de narrativas, A Menina que Matou os Pais: A Confissão chega para detalhar o que realmente aconteceu, segundo órgãos competentes. Porém, novamente, a inspiração é levada ao pé da letra.
Dependente dos primeiros longas, o roteiro de Ilana Casoy e Raphael Montes oferece o dia a dia de Suzane von Richthofen (Carla Diaz) e cúmplices - os irmãos Daniel (namorado, interpretado por Leonardo Bittencourt) e Cristian Cravinhos (cunhado, vivido por Allan Souza Lima) - após assassinarem Manfred (Leonardo Medeiros) e Marísia von Richthofen (Vera Zimmermann), pais de Suzane e do jovem Andreas (Kauan Ceglio). O objetivo da moça era ficar com a fortuna dos genitores. Paralela e progressivamente, a figura da lei, representada de forma mais imponente por Barbara Colen, vai tomando conta da trama e devorando o círculo de falsidades dos jovens criminosos.
Empreitadas recentes do cinema internacional, como Neruda (2016) e Blonde (2022), ou mesmo brasileiras, feito Getúlio (2014) e Marighella (2019), dispõem de artifício atraente e que se consolida cada vez mais no cenário cinematográfico. Não sendo capazes de garantirem qualquer fidedignidade, os realizadores dessas apostas constituíram suas próprias interpretações de casos de interesse público. Ignorando essa possibilidade, aqui, o diretor dispõe as peças para que haja reconstituição formal, abrindo poucas brechas para dramatizações, excetuando as que corroborem com a orientação. Sendo assim, os intérpretes envolvidos encontram uma baliza que se torna evidente. Salvo Barbara, Souza Lima e Augusto Madeira, este último no papel de patriarca dos Cravinhos, o restante parece ficar a mercê de comandos pré-estabelecidos. E, infelizmente, quem mais perde com isso é o carro-chefe: a protagonista.
Desde que despontou para a fama, ainda criança com a novela O Clone (2001-2002), Carla moldou inúmeros papéis flexíveis, carismáticos em essência e abertos a improvisação. Contudo, o novo terreno é embaraçado, capaz de exigir mergulho desmedido para se alcançar êxito. Alguns exemplos podem ser conseguidos em Hollywood, tal qual Charlize Theron, em Monster: Desejo Assassino (2003), ou Heath Ledger e Joaquin Phoenix, executantes do Coringa nas telonas. Em comum, os três receberam estatuetas do Oscar por personificarem indivíduos mais do que problemáticos, e sim perturbados maiorais, prontos para as mais inimagináveis insanidades, assim como Richthofen. Essa missão atípica talvez tivesse resultado mais arejado se a própria Carla tivesse o poder de montar a sua própria Suzane. Entretanto, isso não acontece e acaba resultando em trabalho coerente, mas literal.
No final das contas, A Menina que Matou os Pais: A Confissão dá conta de esmiuçar grande parte do ocorrido, possui algumas atuações competentes de artistas qualificados e, principalmente, vence seus antecessores. Uma pena que a ambientação da história, integralmente, acabe firmando suas bases num simulacro, como se as imagens tivessem sido elaboradas para entrecortar um documentário. Fosse assim, com tempero híbrido, possivelmente a trama deixaria marca mais considerável.
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