Crítica
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Sinopse
Após ser traído por sua noiva, Tim Morris vive só. Após um encontro às cegas catastrófico com Missy, ele não mais a encontra até que, por engano, a convida para acompanhá-lo em um evento da empresa em uma ilha paradisíaca. Na verdade, Tim queria convidar outra Missy, por quem se interessou após uma longa conversa no aeroporto, mas se confundiu ao fazer o convite. Com a Missy errada a acompanhá-lo, Tim precisa lidar com os histrionismos dela para evitar que sua chance de promoção, e a própria carreira, sejam destruídas.
Crítica
Adam Sandler jamais esquece os amigos. Além de convidá-los em participações corriqueiras (e pequenas) em seus filmes, volta e meia produz comédias que tenham por objetivo colocá-los de volta aos holofotes, seja para o público ou o próprio mercado. Assim foi com vários dos filmes estrelados por Rob Schneider, anos atrás, assim é com A Missy Errada, veículo construído para marcar o retorno de David Spade.
Bastante conhecido nos Estados Unidos especialmente na década de 90, graças à presença no eterno Saturday Night Live, Spade ficou marcado por seu Joe Sujo (2001), personagem que o acompanha até hoje. Apesar de ter estrelado várias comédias, nunca conseguiu alçar voo além de seu país-natal e, como se pode notar, já faz quase duas décadas que não tem grandes destaques na carreira. Disposto a dar uma forcinha, Sandler e sua produtora Happy Madison encamparam este projeto e ainda o negociaram com a Netflix, que o tornou quase um ator exclusivo ao lançar todos seus filmes, sejam eles cômicos ou não. Diante de tal panorama, o que esperar de A Missy Errada? Um típico filme de Adam Sandler, só que sem o ator.
Através da Happy Madison, Sandler tem se esforçado (bastante) em propagar o humor grosseiro que tanto aprecia, sem se importar com as críticas que surgem a cada novo filme. A ideia base de A Missy Errada até poderia ser promissora: a confusão entre duas mulheres de mesmo nome, quando um homem solitário faz um convite para um período em uma ilha paradisíaca, em viagem a trabalho. Se é óbvio que as duas candidatas seriam completamente antagônicas, em uma produção de Sandler é claro que se investiria firme em todo tipo de baixaria para realçar, ainda mais, tais diferenças.
É neste ponto que entra em cena Lauren Lapkus, em uma personagem histriônica à enésima potência que busca o choque a todo custo. Para tanto, ela é não apenas inadequada socialmente como exagerada ao extremo, apelando de forma vulgar a constantes piadas de cunho sexual e algumas escatológicas que em nada combinam com o ambiente retratado - mas isto é intencional, faz parte do humor sandleriano. A "graça" do filme é justamente esta, vê-la constrangendo o personagem de Spade e, aos poucos, conquistando a simpatia dos que estão ao redor. Não pergunte como, sentido é o que menos importa aqui.
Diante de tal proposta, cabe a Spade um personagem muito mais comportado que seu habitual, o que até surpreende quem acompanha sua carreira. É necessário, justamente para criar tal contraponto ao histrionismo de Lapkus. Os demais personagens em torno do casal pouco importam, sendo meras caricaturas que, na maioria dos casos, têm por objetivo apenas proferir mais grosserias. Ou são ainda amigos de Sandler, como o veterano Rob Schneider, em mais um personagem grotesco, ou mesmo sua esposa, Jackie, que interpreta a antagonista de Spade. Tudo em família.
Em meio a tanta apelação, ainda é possível perceber que Lapkus é uma atriz de recursos, especialmente quando sua personagem diminui os exageros. É no segundo ato que o filme consegue encontrar algum prumo, mas não dura muito porque não é esta sua verdadeira intenção. No fim das contas, A Missy Errada integra a categoria das comédias sandlerianas no sentido ame ou odeie, com todos os defeitos que seus fãs tanto gostam. É mais ou menos que nem Jair Bolsonaro, que tanto erra e ainda assim tem quem o defenda, sabe-se lá o porquê. Mistérios da humanidade.
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