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Crítica


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Sinopse

Cinco amigos decidem passar o fim de semana num chalé na floresta. Lá eles encontram o temível Livro dos Mortos, artefato capaz de despertar uma força demoníaca.

Crítica

O remake mais esperado do ano já está na área. Sim, chegou a hora do demo, do cão, do coisa ruim morrer novamente nas telonas. E o tinhoso, claro, volta para o inferno em estilo podreira-hardcore-nojento em A Morte do Demônio, nova versão do clássico The Evil Dead (no original), lançado por Sam Raimi em 1981, e que reestreia nos cinemas brasileiros no dia 19 de abril de 2013 com a esperada direção do uruguaio Fede Alvarez. Agora calma! O filme é bom, mas não é tudo isso.

A refilmagem atualiza o original, revitalizando os efeitos visuais toscos (hoje iconográficos) do longa de Raimi e deslocando a trama oitentista para os nossos dias com apoio de luxo da esperta Diablo Cody, autora de Juno (2007). Diablo deu um tapa no roteiro assinado por Fede e Rodo Sayagues à pedido do uruguaio, que admitiu na última New York Comic Con que a escritora foi essencial para dar um tom contemporâneo aos personagens. Ao mesmo tempo, Fede e Bruce Campbell, intérprete do protagonista Ash no longa anterior e produtor deste remake, mantiveram a concepção gory de The Evil Dead, repleta de terror sanguinolento, violência explícita, elementos satânicos e teor erótico. Já o humor que havia antes saiu de cena por completo.

Além disso, Fede alternou cenas totalmente modificadas com takes verdadeiramente inspirados no filme de 1981 e sutis referências ao clássico, como, por exemplo, a citação ao misterioso carro atolado no pântano que aparece logo no início da obra de Raimi. Uma mudança significativa: a personagem principal agora é Mia, vivida pela atriz Jane Levy. Estas delimitações sobre a refilmagem apontam para uma visão clara do diretor sobre o tipo de trabalho que ele mesmo deveria realizar. O cineasta uruguaio, você deve lembrar, abalou a indústria cinematográfica em 2009 com Ataque de Pânico, um curta-metragem realista sobre a destruição de Montevidéu por alienígenas. Hit global na web, o curta rendeu nada menos do que um convite feito pessoalmente por Raimi para Fede refazer The Evil Dead. Assim, o uruguaio jamais poderia errar ao reverter uma das obras fundamentais do gênero de terror.

Há cenas bem impactantes, como a sinistra lambida no estilete afiado (você viu no trailer, certo?). No entanto, apesar dos sustos, dos litros de sangue, da visão atualizada, da limpeza narrativa e estética feita sobre o que era fraco e também da lapidação do que sempre foi bom em The Evil Dead, o novo filme não é absurdamente apavorante como prometia. A forma como vinha sendo divulgado elevava o item “horror” à enésima potência. O ótimo trailer contribuía ainda mais para esta percepção. Mas, definitivamente, a nova Morte do Demônio não é “o filme mais apavorante que você verá nesta vida”, como indica seu cartaz. Os satânicos O Último Exorcismo (2010), de Daniel Stamm, e O Ritual (2011), com Anthony Hopkins, são dois títulos recentes que deixaram o público muito mais nervoso.

Há dois pontos fracos neste remake. Um deles é o elenco raquítico, apesar de Jane Levy defender com honra sua personagem. Porém, se não sentimos medo durante a projeção talvez seja porque os atores também parecem não sentir – ou pelo menos não conseguem expressar isso de forma adequada. O outro erro foi na verdade um tiro pela culatra, devido à alta expectativa criada em cima do novo longa por conta de uma campanha de marketing agressiva, porém falha ao não entregar exatamente o que prometia. A Morte do Demônio é um filme bom, pega você pelo pé e tenta arrastá-lo para o inferno a qualquer custo. Mas está longe de tocar o terror como deveria.

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é jornalista, doutorando em Comunicação e Informação. Pesquisador de cinema, semiótica da cultura e imaginário antropológico, atuou no Grupo RBS, no Portal Terra e na Editora Abril. É integrante da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.
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