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Sinopse

Um grupo de amigos encontra o Livro dos Mortos numa cabana florestal. E eles acabam libertando o mal em estado puro ao tocarem a fita que exalta o demônio. Um a um, quase todos vão se transformando em zumbis. Menos Ash.

Crítica

Um filme pequeno, sem muitas pretensões, mas divertido e, para os mais suscetíveis, amedrontador. Este é A Morte do Demônio, segundo longa-metragem dirigido por Sam Raimi, finalizado em 1981 e lançado nos cinemas dois anos depois. Um exemplo para cineastas iniciantes, o filme teve início como uma produção entre amigos – Raimi e o protagonista, Bruce Campbell, se conheceram no colégio e começaram a fazer curtas juntos desde muito jovens, até chegarem à primeira produção em longa, no final dos anos 1970. Quantos não tiveram um início semelhante? A diferença está no talento e na resposta do público. Mas as atenções se voltaram para o filme quando Stephen King, que o havia visto e gostado tanto do resultado, passou a falar bem sobre a produção, gerando atenção dos seus fãs – que não são poucos. Depois de ter virado sucesso no Reino Unido, teve chances de chegar a outros mercados. E o resto é história. Com duas continuações, lançadas em 1987 e 1992, e um remake a caminho, a ser lançado em 2013, tudo indica que o demônio do filme está longe de ser vencido.

Também com roteiro do próprio Sam RaimiA Morte do Demônio conta a história básica de cinco amigos que pretendem passar a noite em uma antiga cabana. O que nenhum deles sabe é que existe uma força maligna no local que não deixará com que o quinteto saia com vida dali. Tomando posse primeiramente da jovem Shelly (Theresa Tilly), este demônio infernizará a noite dos outros quatro, restando a Ash (Bruce Campbell) a tarefa ingrata de terminar com aquela maldição.

O que primeiramente chama a atenção nesta produção de baixo orçamento é a criatividade. Sem recursos para bons efeitos especiais ou para uma maquiagem de primeira, Sam Raimi e seus comparsas acabaram apelando para soluções mais baratas – que, aos olhos de hoje, mostram-se canhestras, mas para a época, passavam como horripilantes. Sem um elenco de rostos conhecidos, Raimi convocou um amigo que, como ele mesmo dizia “atraía os olhos femininos”, para protagonizar sua produção. Assim nasceu Ash, pelas mãos de Bruce Campbell. É necessário destacar que não é nada usual que um filme de terror tenha um herói masculino. Esse é outro diferencial de A Morte do Demônio, que possui as donzelas em perigo, mas não como as principais heroínas. Muito antes pelo contrário. São elas que são possuídas pelas forças do mal primeiramente e servem como vilãs por boa parte da trama.

Sem poupar em cenas fortes, Sam Raimi apresenta algumas boas sequências de terror, como o nervoso estupro de Shelly dentro da floresta, tomada pelos demônios através de galhos de árvores, assim como todo o terceiro ato, quando Ash precisa resolver o dilema entre salvar sua namorada ou matar o demônio que a possui. Ainda que curto, com apenas 85 minutos de duração, A Morte do Demônio poderia ser ainda mais enxuto, visto que não gasta tempo algum desenvolvendo personagens. Quando tenta, cria momentos desnecessários, como o amuleto que é dado de presente por Ash. Com isso, o segundo ato fica um tanto à deriva. Felizmente, o longa acaba engrenando logo depois, chegando a um final apoteótico – e sangrento.

Com uma boa atmosfera de suspense e demônios asquerosos na medida, A Morte do Demônio é um programa sob medida para quem curte produções de terror e não se importa em se deparar com uma direção de arte um pouco mais artesanal do que o costume. As continuações acabaram optando mais para o humor, como é o caso de Uma Noite Alucinante 3 (1992) – que, acreditem, é a terceira parte de A Morte do Demônio, mas com outro título. Aliás, o segundo filme desta trilogia, de 1987, chama-se apenas Uma Noite Alucinante (sem o “2”) aqui no Brasil. Isso era o mercado de home vídeo nacional nos anos 1980. Um verdadeiro terror, no pior sentido possível.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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