Crítica
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Sinopse
Após se ver presa misteriosamente no aniversário da sua morte, a jovem Tree parece estar vivendo sua melhor versão dia após dia. Entretanto, as coisas podem não continuar tão amigáveis por muito tempo e seu pior pesadelo pode recomeçar a qualquer momento.
Crítica
Em A Morte te dá Parabéns (2017), o espectador era apresentado a uma ideia bastante recorrente – a do personagem que fica preso num mesmo dia – adaptada, no entanto, do formato de terror, ao invés da comédia (Feitiço do Tempo, 1993), da ficção-científica (Contra o Tempo, 2011), do romance (Questão de Tempo, 2013) ou do drama (Antes que eu Vá, 2017), por exemplo. Curiosamente, a proposta, por mais batida que fosse, até funcionava em certa medida justamente pela despretensão assumida em sua realização. A Morte te dá Parabéns 2, a sequência inevitável encomendada logo em seguida, persegue em sua gênese o oposto do que fora visto antes. Isso porque tudo que era raso e direto, aqui adquire ares de paranoia, com várias teorias e possíveis explicações para acontecimentos tão aleatórios que nem chegam a beirar a verossimilhança. Uma aposta, como se percebe, até certo ponto arriscada, e que nem sempre alcança todos os objetivos.
Em resumo: A Morte te dá Parabéns 2 trata de complicar aquilo que era simplesmente ignorado em A Morte te dá Parabéns: a razão para que tais eventos ficassem se repetindo. Se antes a protagonista, vivida por Jessica Rothe, ficava presa no dia do seu aniversário até ser morta por um serial killer que usava uma máscara de bebê, para logo em seguida acordar na mesma manhã e reviver tudo mais uma vez, até descobrir qual a identidade do assassino e quais os motivos para ele (ou ela) querer eliminá-la, agora a preocupação é outra: como pode ser possível passar pela experiência de um único dia por tantas vezes? O roteiro do também diretor Christopher Landon (o mesmo do longa anterior) se empenha em buscar explicações científicas para argumentos absolutamente improváveis – para sermos, no mínimo, generosos. Mas como tudo se passa dentro de uma suposta lógica, é o que acaba por cativar a atenção da audiência.
Não que A Morte te dá Parabéns 2 seja pior do que o primeiro. Em uma análise mais profunda, é um filme até mais completo. E talvez seja esse empenho por mais detalhes que tenha complicado a sua aceitação pelo grande público. Tanto é que, nas bilheterias norte-americanas, a continuação arrecadou menos do que um terço da produção original. O que não deixa de ser uma lástima, pois enquanto o capítulo de estreia se preocupava apenas em repetir fórmulas – ainda que com precisão e competência – esse aqui se volta a um enredo um pouco mais intrincado, que discute questões como autoestima, laços familiares e confiança de uma maneira que a outra trama nem chegava a se aproximar.
Após um início que de imediato já prende a atenção, no qual acompanhamos um personagem bastante coadjuvante do primeiro filme assumir a posição de protagonista (Phi Vu, de Logan, 2017) ao passar pelo mesmo dilema, revivendo as últimas 24 horas sem entender o que lhe está acontecendo, logo ele se encontra com Tree (Rothe) e, ao lado do namorado dela – e colega de quarto dele, vivido por Israel Broussard (Extinção, 2018) – e de outros dois amigos nerds (Suraj Sharma, de As Aventuras de Pi, 2012, e Sarah Yarkin, de American Horror Story, 2017), tratam de descobrir como esse suposto looping temporal foi possível, o que o teria provocado, como impedir que siga acontecendo e, mais importante de tudo, em qual dessas possibilidades paralelas a garota mais afetada pela constante repetição irá decidir ficar. Uma escolha, como se faz perceber, que não envolve apenas o desejo pessoal dela, mas também a existência daqueles ao seu redor.
Por mais que o uso da palavra ‘morte’ no título remeta a produção ao gênero terror, chama atenção, durante o decorrer da história, que tal definição não é a mais apropriada. Tudo bem, existem crimes em série, além de um psicopata à solta, mas este elemento está longe de ser o cerne da questão a ser desenvolvida em cena. A Morte te dá Parabéns 2, ainda mais do que o seu antecessor, é um simpático drama adolescente, com (muitos e bem dosados) toques cômicos e outros de plena adrenalina, intercalando perseguições e ingredientes de suspense, no melhor estilo “quem é o culpado?”, com outros que almejam uma profundidade não deslocada de todo o conjunto. O resultado não se apresenta sem um ou outro tropeço, mas no final, entre (alguns) mortos e (outros tantos) feridos, o que se encontra é uma diversão que consegue ir além do descartável. Pode não parecer muita coisa, mas num cenário cada vez mais rarefeito de boas ideias, já é algo a ser comemorado.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Roberto Cunha | 6 |
Thomas Boeira | 6 |
Chico Fireman | 6 |
Diego Benevides | 3 |
MÉDIA | 5.4 |
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