Crítica
Leitores
Sinopse
Em A Mulher Invisível, após uma desilusão amorosa, Pedro (Selton Mello) acredita ter encontrado a mulher ideal: Amanda (Luana Piovani), sua bela, amiga e dedicada vizinha. Ao mesmo tempo, seu amigo Carlos (Vladimir Brichta) não acredita em amor e o desencoraja a investir numa relação com uma mulher que ninguém conhece.
Crítica
Depois de investir em retratos sociais, cinebiografias, epopéias históricas e dramas espíritas, o cinema brasileiro parece ter descoberto só agora um outro filão: a comédia romântica. Só que entre o gargalhada descompromissada de um Se Eu Fosse Você 2 (2009) e o riso inteligente de um Divã (2009), esse A Mulher Invisível parece não conseguir se definir. O que é uma pena, pois a produção tem potencial para seguir com sucesso qualquer um destes caminhos. Mas como fica um pouco aqui e outro tanto acolá, o resultado é de provocar confusão no espectador – se por um lado não recebemos elementos suficientes para interagirmos intelectualmente com a obra, por outro percebemos uma resistência dos realizadores em entregar algo simplista e despojado. Com todos os prós e contras que uma indecisão como esta pode acarretar.
O protagonista de A Mulher Invisível não é o personagem comum deste tipo de filme. Pedro, interpretado com muita dedicação e cuidado por Selton Mello, é um homem com vários problemas. Após ser traído e abandonado pela esposa, desenvolve uma esquizofrenia tão profunda a ponto de provocar nele a idealização da mulher perfeita (e quem melhor do que Luana Piovani?). O problema é que este encontro acontece apenas em sua imaginação! E tal fato, óbvio para os seus conhecidos, custa a ser percebido pelo principal envolvido. Quando a ficha finalmente cai, o pânico se instaura – como evitar esta alucinação? Enquanto isso, há uma trama paralela envolvendo uma vizinha sem graça (Maria Manoella) que é secretamente apaixonada por ele, e o melhor amigo (Vladimir Brichta, em ótimo momento) que tanto tenta ajudá-lo que acaba atrapalhando mais do que devia.
A Mulher Invisível nasceu, segundo consta, de uma vontade do diretor Cláudio Torres em brincar com esse gênero tão popular. A questão é que, quem viu seu longa anterior, o malfadado A Mulher do Meu Amigo (2008), sabe que ele, ao menos até agora, não demonstra muita afeição a este estilo narrativo. Melhor se saiu no trabalho de estreia, o ótimo Redentor (2004), grande vencedor do Guarani 2005, que fazia uso com sabedoria da ironia e de um humor mais sarcástico, bem dosado e distribuído com inteligência e perspicácia. Talvez o cineasta tenha investido demais em algo que opera por terreno mais simples - mas não menos elaborado. Ou talvez lhe falte experiência para comandar algo que aposte apenas nas relações humanas, sem maiores elocubrações tecnológicas ou de efeito estético. O que se tem é que, se desta vez seus esforços não foram tão frustrantes quanto na tentativa anterior, ainda não se mostram dignos de um reconhecimento mais entusiasmado.
Entre Selton Mello (divertindo-se com as estranhezas de um tipo aparentemente normal, mas que esconde uma profundidade insuspeita), Piovani e Brichta, outro nome que se destaca no elenco é o de Fernanda Torres (irmã do diretor), que, mesmo seguindo o registro da ‘Vani’ de Os Normais (2001-2003), ilumina a tela a cada aparição, dominando as atenções. Mas se A Mulher Invisível aspira ser Um Espírito Baixou em Mim (1984), sua vocação tende mesmo a se aproximar de um Clube da Luta (1999) - que, aliás, serviu de inspiração para o desempenho de Selton, de acordo com o próprio - filme no qual um protagonista perturbado é incapaz de ter sua personalidade firmada. Mas este cenário é apenas desenhado, pois a vontade de se comunicar a um público mais amplo – e que movimente as bilheterias – acaba se sobrepondo. E tudo termina se contentando em permanecer em águas rasas, resvalando num final comum e clichê. A despeito de um anunciado potencial que, se não chega a concretizar, por vezes se revela bastante próximo. Ou seja, não é ruim – longe disso. Só que poderia ter sido melhor.
Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)
- Sebastian - 10 de janeiro de 2025
- Pepe - 10 de janeiro de 2025
- Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa - 9 de janeiro de 2025
Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Ailton Monteiro | 6 |
MÉDIA | 6.5 |
Deixe um comentário