Crítica
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Sinopse
Membros de uma expedição arqueológica descobrem a múmia Im-ho-tep, príncipe do Egito Antigo enterrado vivo por sacrilégio, 3700 anos atrás, que acidentalmente é trazido de volta à vida. Cerca de 10 anos depois, o nobre vive no Cairo à procura de sua antiga amada, a princesa Ankh-es-en-amon, que reencarnou numa bela jovem da cidade.
Crítica
Embora tenha tido sucessos na década de 1920 com seus filmes de monstro, o estúdio Universal apostou mesmo nesta seara a partir de 1931, com os bem-sucedidos Drácula (1931) e Frankenstein (1931), duas adaptações da literatura. Os livros davam material mais do que satisfatório para as produções do estúdio, com outros dois sucedendo estes títulos: Os Assassinos na Rua Morgue (1932) e A Casa Sinistra (1932), o primeiro baseado na obra de Edgar Allan Poe e o segundo na de J.B. Priestley. Quando chegou o momento de fazer um filme protagonizado por uma múmia (inspirado pela descoberta da tumba de Tutankhamun em 1922), os produtores logo procuraram algum romance que pudesse servir de base para este novo filme. Por incrível que pareça, não encontraram nenhum. Por isso, A Múmia é um dos primeiros longas da série de monstros da Universal que possui um roteiro original.
Na trama, assinada por John L. Balderston, uma expedição no Cairo encontra a tumba de Imhotep (Boris Karloff), um sacerdote egípcio que fora mumificado vivo por traição. O chefe da escavação, Joseph Wemple (Arthur Byron), encontra além do sarcófago da múmia um pergaminho antigo, que é lido em voz alta por seu assistente Ralph (Bramwell Fletcher). Ele não sabia, mas o texto ali escrito tinha o poder de reviver os mortos e, com isso, o cadáver mumificado de Imhotep ganha vida e foge do local. Isso enlouquece Ralph, embora ninguém acredite naquela história. Para todos os efeitos, a múmia foi roubada. Dez anos depois, o filho de Wemple, Frank (David Manners), e o prof. Pearson (Leonard Mudie) recebem uma dica muito interessante de um senhor chamado Ardath Bey. Ele aponta certeiramente onde estaria a tumba de outra múmia. O achado é doado para o museu do Cairo, onde passa a ser exposto. Bey é, na verdade, Imhotep, que conseguiu com o tempo recuperar um pouco da sua vivacidade – embora tenha uma pele maltratada pelo tempo. O plano da múmia era desenterrar o corpo de sua amada Ankh-es-en-amon e trazê-la de volta à vida. Quando Imhotep conhece a bela Helen Grosvenor (Zita Johann), ele percebe a semelhança física entre a moça e sua amada e resolve persegui-la, para consumar seu plano.
Diferente da figura clássica da múmia que muitos aprenderam a temer, enrolada em bandagens e com movimentação lenta (um zumbi, afinal de contas), Imhotep nunca aparece em vida com essa caracterização. Seu corpo inerte é mostrado dentro do sarcófago, mas logo que este retorna dos mortos, sua aparência é humana – o belo trabalho de maquiagem lhe confere uma pele cheia de marcas, mas é só. Boris Karloff, depois do sucesso de Frankenstein, foi chamado para interpretar o vilão e se sai bem na tarefa, empregando seus olhos hipnóticos em cenas sombrias. O diretor Karl Freund – que havia servido como diretor de fotografia em Drácula, estreando na tarefa aqui – entende o poder de Karloff e, por vezes, fecha o enquadramento apenas no rosto do ator, deixando que ele faça o trabalho de assustar o espectador.
Assim como alguns monstros clássicos, como o Fantasma da Ópera, Imhotep pode ser visto como um vilão romântico. A razão de ele ter sido morto no passado foi o seu amor proibido por Ankh-es-en-amon e sua trajetória dentro da história é, basicamente, uma tentativa de trazê-la de volta. O romantismo termina, claro, quando ele começa a matar pessoas por esse fim. Mas não deixa de ser interessante observar um antagonista - antigamente retratado com frieza e malevolência – ter esse tipo de sentimento por outrem. A expressiva Zita Johann, com seus bonitos olhos graúdos, de beleza exótica ímpar, é quem vive esse interesse amoroso e surpreende por conseguir ir além da mocinha em perigo, mostrando coragem e astúcia – estamos falando de um filme de 1932, afinal de contas.
Com o sucesso que A Múmia alcançou naquele ano, é de se perguntar por que a Universal demorou tanto para produzir uma sequência. Ela chegou apenas em 1940, no revival dos monstros, intitulada A Mão da Múmia, com direção de Christy Cabanne. Aqui, temos a representação clássica do monstro, com bandagens e tudo. Imhotep foi deixado de lado pela Universal em todas as diversas continuações, voltando apenas no remake de 1999, A Múmia, interpretado por Arnold Vosloo, contra o herói vivido por Brendan Fraser – em um clima completamente diferente do original, obviamente.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 8 |
Chico Fireman | 8 |
Marcelo Müller | 8 |
MÉDIA | 8 |
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