Crítica
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Sinopse
Quando o marido revela que tem uma amante e pretende ir embora com ela, Ana decide não cancelar a festa de Reveillon que havia planejado, mas também fazer dela a maior de todos os tempos. Enquanto isso, seus amigos vão chegando, como os vizinhos ricos, os namorados que só pensam em transar, um traficante de drogas e outros tipos que irão aumentar a confusão dessa noite!
Crítica
O réveillon é uma das datas mais frequentemente visitadas no cinema. Somente no Brasil tivemos, nos últimos anos, as comédias Primeiro Dia de um Ano Qualquer (2012), de Domingos Oliveira, e Os Penetras (2012), de Andrucha Waddington, e um pouco tempo antes, o drama O Primeiro Dia (1999), de Walter Salles e Daniela Thomas. Pois agora chega mais um título nacional para engrossar essas fileiras: A Noite da Virada, de Fábio Mendonça. Infelizmente, no entanto, este longa se alinha melhor com estas outras produções recentes – e igualmente descartáveis – e menos com o tenso thriller dirigido pela mesma dupla dos premiados Terra Estrangeira (1996) e Linha de Passe (2008). O exemplo, pelo jeito, funcionou ao contrário de como deveria ter sido.
Esse momento de renovação e esperança surge inadvertidamente na vida de Ana (Julia Rabello). Tudo que ela deseja é comemorar o ano novo ao lado de seus amigos na mega festa que planeja dar em sua casa. Os problemas começam, no entanto, horas antes do primeiro convidado aparecer, quando seu marido (Paulo Tiefenthaler) revela, durante uma conversa no banheiro, não apenas que tem uma amante como que pretende, no dia seguinte, abandoná-la e ir morar no litoral nordestino com a outra. O choque da notícia provoca espanto na protagonista, mas ao invés de se deixar abater, decide seguir com seus planos. A comemoração, a partir de agora, será ainda mais efusiva: afinal, não é só um ano que está acabando, e sim a própria vida do jeito que a conhecia e estava acostumada. A partir de amanhã, tudo será diferente – ou ao menos é o que ela está se esforçando para acreditar.
Este, no entanto, não é o único drama de A Noite da Virada, filme que se esforça muito para ser cômico, mas volta e meia está beirando o trágico. Há o casal de vizinhos abonados (Marcos Palmeira e Luana Piovani, deslocados) que, obviamente, não estão na melhor fase entre si e vão parar na festa como uma visita de cortesia, os namorados em competição para ver quantas vezes conseguem transar durante a noite (João Vicente de Castro e Luana Martau, com boa química), a irmã gordinha e tarada (Martha Nowill, estereotipada), o traficante que aparece cobrando uma dívida (Taumaturgo Ferreira, tão perdido quanto o próprio filme), os dois chapados bicho-grilo (Daniel Furlan e Juliano Enrico, responsáveis pelos únicos momentos razoavelmente engraçados), o chefe sem noção (Anselmo Vasconcellos, desperdiçado) e o malandro que foi parar num banheiro químico em transporte (Rodrigo Sant’Anna, irritante e sem sentido). É uma mistura tão ampla quanto indigesta, e é claro que a maioria destes elementos acabam não funcionando como o esperado.
O grande problema deste filme é a falta da mão segura do realizador de primeira viagem Fábio Mendonça, que vem da televisão e da publicidade e estreia agora no formato de longa-metragem. Assim, temos atores das mais diferentes origens – tradicionais (Palmeira, Piovani, Taumaturgo), Porta dos Fundos (Rabello, Castro), MTV (Furlan, Enrico, Tiefenthaler) e até Zorra Total (Sant’Anna, Vasconcellos) – que simplesmente não soa adequados à salada proposta, sem conseguirem estabelecer uma química entre si apesar dos esforços envolvidos. A história, baseada na peça teatral O Banheiro, de Pedro Vicente, também não tem o mesmo efeito enquanto material cinematográfico – é um pegando um, que vai atrás de outra, que quer aquele de antes, que está atrás de uma qualquer. Todo mundo se quer, ninguém tem alguém, e no final quem fica chupando o dedo é o espectador, a quem só resta se perguntar os motivos de tamanho desperdício.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 4 |
Edu Fernandes | 4 |
MÉDIA | 4 |
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