Crítica
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Sinopse
Incapaz de seguir as rígidas regras do convento onde vive, a noviça Maria vai trabalhar na casa do capitão Von Tapp, pai de sete filhos, para ajudar a cuidar da educação deles quando a sombra nazista se avoluma na Alemanha.
Crítica
A década de 1960 foi derradeira para o gênero musical em Hollywood. Quando, em 1969, o fracasso de público Alô, Dolly! fez os estúdios abolirem quase que por completo o gênero de suas futuras produções, assim como acontecera com o faroeste, os roteiros escritos com a intervenção de canções nos diálogos praticamente se extinguiram. Antes de Baz Luhrmann ressuscitar os musicais de sucesso com Moulin Rouge: Amor em Vermelho (2001) e de volta à década de 1960, dois dos maiores exemplares do que de melhor foi feito no gênero são do mesmo diretor: Robert Wise. Em 1961, Wise adaptou da Broadway Amor, Sublime Amor, e posteriormente, em 1965, A Noviça Rebelde.
No original The Sound of Music, o filme recebeu um explicativo título quando lançado no Brasil, onde também foi grande sucesso de público. Digo também, pois, onde quer que o filme fosse exibido, costumava levar multidões às salas de cinema. Assim orgulhosamente relata a própria Julie Andrews, intérprete da noviça do filme, quando em uma cidade com 50 mil habitantes 80 mil ingressos foram vendidos para as sessões do clássico. O sucesso era obviamente esperado por Wise e pelo estúdio, mas todos foram surpreendidos por não terem imaginado o imenso alcance que o filme teria, garantindo ainda cinco prêmios da Academia nas categorias de Melhor Filme, Diretor, Som, Edição e de Trilha Sonora Adaptada.
Adaptado do espetáculo da Broadway de mesmo título, A Noviça Rebelde foi o último musical escrito pelos lendários Richard Rodgers e Oscar Hammerstein, que anteriormente já haviam visto seus musicais adaptados aos cinemas em diversas ocasiões, como no também admirado Oklahoma! (1955) ou ainda em O Rei e Eu (1956), baseado em história que posteriormente serviu também de inspiração para o filme Anna e o Rei (1999), de Andy Tennant. Embora os méritos do musical sejam destinados às belas e inesquecíveis composições de Rodgers e Hammerstein, elas existem apenas graças ao livro de memórias escrito pela verdadeira Maria Von Trapp, noviça que fora incumbida de ser governanta em uma casa onde viviam sete crianças e seu austero pai, um capitão viúvo. Uma vez musicada, a história da família Von Trapp logo ganhou os palcos e posteriormente as telas - primeiramente em uma versão alemã (Die Trapp Familie, de 1949) e depois na adaptação americana, que hoje faz parte da história do cinema como um dos musicais mais lembrados de todos os tempos.
Para a Maria ficcional, personagem dividida entre seus deveres como noviça em um convento e seu desejo por liberdade, a escolhida foi Julie Andrews, que com seus cabelos curtos levou à Maria um ar travesso e inocente. Andrews já havia estrelado Mary Poppins (1964), musical da Disney aclamado, e vencido um Oscar por seu papel, portanto era visada na época como grande intérprete, além de ser lembrada por suas ótimas interpretações em musicais na Broadway. Christopher Plummer foi o escolhido para viver o capitão Von Trapp, que com o desenrolar do filme deixa o autoritarismo de lado para acolher os métodos educacionais descontraídos de Maria.
No roteiro de Ernest Lehman se percebe uma característica pouco utilizada nos musicais, mas muito elogiável, que é a de não iniciar uma sequência musical afetando a cena da qual ela faz parte. Lehman pontua o inicio das músicas com o diálogo que se desenrola, não dando grandes introduções aos números musicais, o que faz com que alguns musicais não sejam previstas pelo espectador. Um dos exemplos mais claros está em uma das mais inesquecíveis canções do filme, My Favorite Things, quando Julie Andrews recita algumas frases da música através de falas e passa a cantar em seguida. Marc Breaux e DeeDee Wood, responsáveis pelas coreografias do filme, fazem dos momentos musicados eventos belamente inspirados, captados com sagacidade por Wise, e nada disso seria possível sem a evidente integração dos três elementos: direção, roteiro e coreografia.
The Sound of Music se passa na Salzburgo do final da década de 30, quando o regime nazista de Hitler passava a disseminar sua ideologia por países próximos à Alemanha. O filme aborda de forma leve a realidade enfrentada pela família Von Trapp, quando não tiveram outra opção que não fosse a de deixar a Áustria. Outro mérito do filme foi o de não deixar que a trama nazista interferisse de forma negativa no filme, sendo que os momentos notavelmente sérios e um tanto tensos são gradativamente propostos pelo roteiro de Lehman. São sequências que poderiam quebrar facilmente a magia presente em toda a obra, porém a abordagem inteligente ao tema é louvável.
Quanto às músicas, além das já citadas, outros momentos antológicos estão presentes no filme e apenas algumas notas das canções bastam para que as mesmas sejam reconhecidas. Do-Re-Mi é certamente a mais popular, que permanece mesmo com o passar do tempo adorável, assim como a tocante The Sound of Music, que marca a primeira cena do filme, quando Maria é apresentada correndo em uma montanha. Também não se pode esquecer Edelweiss, última canção escrita pela dupla Rodgers e Hammerstein, apresentada na voz aveludada de Christopher Plummer.
Na bela Salzburgo, terra natal de Mozart, Wise construiu um dos maiores musicais de todos os tempos. A influência da obra na cultura popular mundial é inegável e mesmo hoje, passados quase 50 anos do nascimento do filme, é difícil que o mesmo seja visto com olhos de reprovação, ou que se diga que ele envelheceu. Pelo contrário, A Noviça Rebelde permanece atual e pode ser inserido na seleta lista de sessões que não cansam o espectador, mesmo quando repetidas vez ou outra. Então So Long, Farewell!
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 10 |
Bianca Zasso | 10 |
Chico Fireman | 8 |
MÉDIA | 9.3 |
amei o filme
Apenas o melhor musical da história. Amo!