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Crítica


6

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6 votos 7.4

Onde Assistir

Sinopse

Rhoda Williams volta para casa embriagada quando recebe pelo rádio a notícia de que um outro planeta fora avistado a olho nu; distraída pela imagem do outro planeta, ela bate seu carro contra o de uma família, matando uma mulher e seu filho, e deixando o marido, John Burroughs, em coma. A adolescente é jogada na prisão por quatro anos. Ao sair da prisão o caminho de Rhoda cruza com o de John novamente, que também passou os últimos anos longe de tudo e de todos. Enquanto isso, astrônomos descobrem que o tal planeta é, na realidade, uma versão alternativa do Planeta Terra.

Crítica

Há diversas maneiras de compreender e gostar de um filme. Porém, vamos limitar A Outra Terra a duas hipóteses: como um thriller de ficção científica, uma decepção. Contudo, como estudo dramático de personagem, tem seus bons momentos. É uma jornada de redenção, acima de tudo. A história de alguém que cometeu um crime, mesmo que involuntariamente, sente uma culpa extenuante por isso, mas deseja retomar a vida, independentemente dos percalços. Mesmo que a possibilidade de fugir, literalmente, deste mundo seja uma alternativa cada vez mais sedutora.

Num universo que mistura realidade e a tal ficção, Rhoda Williams (Brit Marling) pretende estudar astrofísica no MIT. Porém, tudo vai por água abaixo após um acidente de carro em que mata uma mãe e seu filho, além de deixar o marido/pai, o compositor John Burroughs (William Mapother), em coma. A garota vai para a prisão após o desastre e lá fica por quatro anos. Quando sai, tenta resolver o passado e pedir desculpas ao músico, mas acaba se envolvendo romanticamente com ele – sem nunca revelar quem é de verdade. Ao mesmo tempo, a descoberta de outra Terra, no mesmo dia do acidente, faz a protagonista querer mergulhar na ideia de fuga. Esse outro lugar é uma dimensão paralela. Rhoda quer ir pra lá. Mas será que para fugir de todos ou de si?

Como primeiro longa-metragem de ficção de Mike Cahill, A Outra Terra tem importantes questões a debater sobre a natureza humana. Só que não é a todo instante que a metáfora com a tal Terra 2 (uma réplica do nosso mundo) é bem complexada. Figurativamente, é um tanto óbvio que a protagonista queira viver lá justamente numa espécie de segunda chance. Um segundo mundo igual ao seu, mas onde ninguém possa lembrar-se dos erros do passado. Porém, a própria convive diariamente com a psique abalada por conta disso. É culpa, é solidão. Uma tristeza sem fim que tem alguns lampejos de felicidade quando Rhoda está ao lado do músico.

O mais interessante é que o longa não tenta forçar essa relação. Há uma química natural entre os atores e, principalmente, uma motivação passional por trás dos personagens. Dois seres que perderam muito e ainda não sabem como lidar com o vazio existencial de planos frustrados. Por isso o filme funciona muito mais quando se concentra nessa relação pessoal do que na pretensa ficção científica. O ritmo lento, que poderia ajudar na jornada íntima, acaba tendo interrupções ou até excesso de informações sobre o outro planeta, como se a todo instante o roteiro precisasse lembrar o espectador acerca do assunto. E esta é a falha: a Terra 2 é desnecessária nesse contexto, por mais que a sinopse pareça dizer o contrário. O que importa é como Rhoda vai se reconstruir internamente, como vai se restabelecer e retomar a própria vida.

A atuação do casal marca ainda mais essas passagens, especialmente Brit Marling, que carrega em cada passo um peso emocional extremamente forte e angustiante. Suas decisões erráticas vão, de pouco em pouco, gerando medo no espectador que cria uma empatia poderosa com sua personagem. A tristeza de Rhoda é evidente por conta desses cuidadosos trabalhos de direção e da atriz. Talvez fosse necessário que o diretor tivesse se dado conta muito antes da pérola que tinha em mãos para aprofundar ainda mais a trajetória pessoal e tão próxima de qualquer sociedade. Deixasse a Terra 2 de lado, pois a astrofísica parece muito mais uma tentativa frustrada de parecer um Terrence Malick do que uma linguagem própria do cineasta. Há talento de sobra. Só falta lapidar.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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Grade crítica

CríticoNota
Matheus Bonez
6
Francisco Carbone
10
MÉDIA
8

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