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Apesar deste ser o décimo primeiro filme da série A Pantera Cor de Rosa, inaugurada em 1963 com o longa original de Blake Edwards, este é recém o primeiro a levar um numeral no título, ou seja, deixando clara a sua condição de sequência. Mas esta decisão se revela desnecessária, não só por ser uma trama completa e independente como também por ser superior à produção de 2006, que reiniciou do zero as aventuras do Inspetor Clouseau. E se Steve Martin, como protagonista, ainda está longe de poder ser comparado com o genial Peter Sellers, se demonstra bem mais confortável diante de um personagem tão icônico. Em resumo: não é digno dos áureos tempos da franquia, mas, pelo jeito, está no caminho certo.
Após o sucesso de sua primeira investigação, Clouseau despertou o ciúme do seu superior imediato (John Cleese, substituindo Kevin Kline), e acaba indo trabalhar como inspetor de trânsito em Paris – acreditando se tratar de uma importante missão! Só que uma perigosa ameaça faz com que ele seja convocado: o perigoso ladrão de antiguidades Tornado realizou assaltos espetaculares em Londres, Roma e Tóquio, e muitos acreditam que sua próxima parada seja a capital francesa, onde está o cobiçado diamante Pantera Cor de Rosa. Assim, um dream team de investigadores – Alfred Molina, Andy Garcia e Yuki Matsuzaki – é formado para elucidar o caso, cabendo à Clouseau liderar a equipe. Ao lado deles estará também uma estudiosa sobre a vida do vilão, interpretada pela belíssima Aishwarya Rai (Miss Mundo 1994 e uma das estrelas mais populares do cinema indiano), além dos assistentes Nicole e Ponton (Emily Mortimer e Jean Reno, os outros dois únicos, além de Martin, que estiveram também no primeiro filme).
Com roteiro co-escrito pelo próprio Steve Martin, a trama em si nada mais passa do que uma desculpa para uma série de piadas absurdas conduzidas com grande talento pelos protagonistas. Alguns momentos são de puro pastelão, a ponto de provocar constrangimento no elenco do Zorra Total, mas outros são absurdamente hilários, como toda a sequência no quarto do Papa, ou no equilibrismo de garrafas de vinho que acabam incendiando um restaurante italiano. Outro ponto positivo é a conclusão da história, feita de forma convincente e bastante perspicaz, de tal forma que só mesmo o idiota e atrapalhado Clouseau poderia ser capaz de revelar! Os suspeitos estão dispostos de forma um tanto óbvia, e não será complicado descobrir com bastante antecedência quem é o verdadeiro culpado. Mas é engraçado e curioso como a verdade acaba vindo à tona. Isso sem falar, é claro, dos sempre aguardados e deliciosos créditos de abertura, tradicionalmente dispostos numa animação com a carismática e popular personagem que dá título ao filme, a própria Pantera Cor de Rosa, além da iluminada trilha característica composta originalmente por Henry Mancini.
Harald Zwart, o diretor, não tem nenhum trabalho memorável no currículo (seu filme mais conhecido até o momento é o infantil O Agente Teen (2002), que também brincava com inspirações à lá James Bond), e não será dessa vez que irá colocar seu nome num outro patamar. Até porque A Pantera Cor de Rosa 2 foi um grande fracasso de bilheteria nos Estados Unidos, tendo arrecadado pouco menos de um terço do que o longa anterior (cerca de US$ 25 milhões), praticamente encerrando as possibilidades de continuidade da série. Mesmo assim, Martin e seu impressionante elenco – que inclui ainda participações especiais do vencedor do Oscar Jeremy Irons e da sempre ótima Lily Tomlin – cumprem à contento as expectativas, sem medo do ridículo (quando você imaginaria ver Andy Garcia e Alfred Molina, geralmente tão austeros e sisudos, levando torta na cara?) e buscando apenas a graça fácil e descomplicada. Em tempos de férias, pode ser uma boa e divertida opção. O segredo é só não esperar mais do que isso.
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