Crítica
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Sinopse
Enquanto viaja pela Tailândia, o jovem Richard encontra um mapa que os locais afirmam levar a uma ilha paradisíaca completamente afastada da civilização. Seguindo a trilha, ele encontra uma comunidade isolada.
Crítica
O quarto longa-metragem dirigido por Danny Boyle carrega uma alcunha injusta: a de ser o pior filme do cineasta. Com uma cotação de apenas 19% de aprovação no Rotten Tomatoes, o lançamento na época que repercutiu em críticas negativas por parte do público e da crítica e, ainda, uma infeliz indicação ao Framboesa de Ouro de Pior Ator para Leonardo DiCaprio, a produção parece ter sido amaldiçoada. Nem tanto ao céu ou à terra. A Praia pode não ser um filme perfeito, muito pelo contrário, mas está bem longe de ser ruim como já foi taxado, tanto na ideia inicial quanto em sua concepção.
O norte-americano Richardo (DiCaprio) está em busca de aventuras em Bangkok, na Tailândia. Seu vizinho lhe fala sobre uma ilha paradisíaca longe da sociedade capitalista e recheada de drogas. No outro dia, o mesmo é encontrado morto, deixando um mapa com a localização da tal comunidade, atiçando ainda mais a curiosidade do jovem turista. Ele convida um casal de franceses para se juntar à jornada, mas chegando lá, descobre que o tal paraíso é tão artificial quanto qualquer coisa tocada por mãos humanas.
Danny Boyle se apropria da obra literária de Alex Garland para criticar o consumismo da sociedade atual ao mesmo tempo em que também toca na ferida de que qualquer comunidade que tente viver longe do capitalismo acaba por dar espaço a outros tipos de conflitos que incluem tortura e morte na tentativa de manter as aparências de um local perfeito. Se por um lado as belas paisagens deixam qualquer um inebriado (por sinal, um belo trabalho de fotografia de Darius Khondji), com suas águas cristalinas, sol escaldante e uma floresta perfeita, por outro o que se esconde naquele povoado liderado por uma aterrorizante Tilda Swinton é capaz de causar medo em qualquer um.
Richard e seus companheiros tentam a todo modo serem aceitos pela comunidade, mas os traficantes e agricultores da região reagem com violência aos estranhos no ninho, como se eles fossem capazes de alterar toda a realidade supostamente perfeita em que vivem. Da calma ação inicial até a viagem (literal e figurativa) na bela praia e as consequentes sequências de tortura e fuga na região, Boyle mostra sua segurança como bom diretor que varia sua decupagem linear para momentos frenéticos de geração MTV que definem seu trabalho em qualquer obra assinada por ele.
O grande problema de A Praia é o casamento não tão bem sucedido entre seu discurso e o modo como o filme foi realizado, que lá pelas tantas parece ser apenas um filme de ação em que a crítica se perde em meio a sequências explosivas. Ainda assim, é uma tentativa interessante de estudo sobre sociedades alternativas e o quanto a ganância humana é capaz de destruir tudo aquilo que toca. Acima de tudo, um soco no estômago de jovens que acreditam que, para transformar o mundo, é preciso fugir dele mesmo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Matheus Bonez | 6 |
Ailton Monteiro | 5 |
Alysson Oliveira | 7 |
Suzana Uchôa Itiberê | 7 |
Alex Gonçalves | 1 |
Chico Fireman | 5 |
MÉDIA | 5.2 |
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