Crítica
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Sinopse
Em um bairro tomado pelo caos na cidade de Chicago, quase uma década após uma invasão alienígena no planeta Terra, como é a vida das pessoas em duas frentes de um mesmo conflito? De um lado, estão os colaboradores, e de outro, os dissidentes.
Crítica
A vocação de A Rebelião pela exploração simplória de sua trama já aparece nos primeiros momentos. Numa tela de computador são literalmente mencionados, em mensagem criptografada da resistência, os eventos que permitiram a subjugação humana por uma raça alienígena. Assim, como se lendo um manual, sem que a atmosfera seja concretamente sentida, tomamos ciência da incapacidade bélica da Terra contra os invasores, a subserviência forçada, a criação de áreas estratégias de isolamento mundo afora e, inclusive, ficamos sabendo de uma célula de reação duramente sufocada por extraterrestres e aliados/empregados terrenos. Apostando nesse didatismo contraproducente, que pretensamente substitui a necessidade de uma construção narrativa que sustente devidamente a ficção científica desvelada aos poucos, o filme de Rupert Wyatt transcorre de forma monocórdica, raramente oferecendo algo além do morno, com lampejos raros de tensão e densidade.
A Rebelião tem como protagonista Gabriel (Ashton Sanders), irmão de um revolucionário falecido, cujo rosto é pichado nas paredes para lembrar remanescentes do heroísmo que pode motivar insurreições. O garoto trabalha num centro de coleta de dados e deseja fugir de Chicago, especificamente do bairro periférico que cotidianamente é vítima de incursões policiais. Todavia, o roteiro promove uma dispersão nociva ao constantemente o perder de vista, ao não localiza-lo necessariamente no centro da ação com frequência, sobretudo quando alguém ressurge para deflagrar planos de contra-ataque. Essa revelação não chega a ser tão surpreendente, mas serve para guinar o todo a outros lugares, supostamente ampliando a noção a respeito dos meandros de uma luta desigual, mas que, involuntariamente, subtrai a potência dramática das sequências que, assim, se assomam sem ocasionar efeitos. Afora isso, certos mistérios são entregues antes do tempo.
Uma das charadas essenciais ao revide é a identidade do Número Um, do líder, aquele que não deve cair para o bem da sustentação do motim. É aqui que a escalação do elenco comete um erro crasso. Ao colocar uma atriz conhecida num papel estrategicamente posicionado – pela maneira como acessa elementos-chave do governo – , é fácil antever o “segredo” mal encoberto. A escolha, por si, chama atenção à figura aparentemente banal, algo esclarecido adiante sem muita repercussão. Sem dar tempo para que o protagonismo de Gabriel se efetive, tampouco elegendo pessoas carismáticas e eficientes como nucleares ao longo do caminho atabalhoado, A Rebelião acaba ficando refém de esparsos instantes de inspiração, até porque não investe energia o bastante na delineação da estruturação político-social desse planeta virado de cabeça para baixo. As escassas cenas com a presença física dos alienígenas são boas, embora desprovidas da tensão limítrofe que a intrusão mereceria.
Rupert Wyatt parece conduzir um trem desgovernado que não alcança notas consideráveis como sci-fi e nem como exemplar de ação. O maior problema é o modo desengonçado como o roteiro costura ocorrências, destituindo-as individualmente de consistência e, por conseguinte, condenando o conjunto. Outro sintoma da inabilidade diretiva é o aproveitamento do personagem de John Goodman, tipificado, mal encaixado nessa contenda que carece de uma pegada vibrante, mas que se revela essencial para o desfecho da batalha em que visitantes de outro planeta acabam como legisladores da vida humana. A Rebelião apresenta tentativas malfadadas de sublinhar ímpetos de resistência, principalmente por conta da displicência praticamente generalizada, observada mais evidentemente tanto na construção dessa realidade singular quanto no molde dos partícipes de uma guerra com implicações espetaculares. É tudo muito apressado e sem tônus.
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