Crítica
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Sinopse
Ao sair da facção Audácia, Tris e seu companheiro, Quatro, se tornam fugitivos. Os dois estão sendo procurados pela líder do grupo Erudição. Em busca de respostas, e assombrados por prévias escolhas, o casal enfrentará diversos desafios enquanto tenta descobrir a verdade sobre o mundo em que vive.
Crítica
Ainda que tenha apresentado um resultado nas bilheterias longe do impacto causado por similares como Crepúsculo (2008) e Jogos Vorazes (2012), os quase US$ 300 milhões que Divergente (2014) arrecadou em todo o mundo não podem ser desprezados. É por isso que, exatamente um ano após o lançamento do primeiro episódio, chega às telas A Saga Divergente: Insurgente, segundo capítulo da trama criada pela jovem Veronica Roth, que tinha apenas 19 anos quando começou a escrever seus livros. E antes mesmo desta estreia, as sequências finais – A Série Divergente: Convergente (2016) e uma suposta quarta parte, ainda a ser lançada – já estavam confirmadas. Uma decisão, no entanto, no mínimo apressada. Afinal, ainda que o longa original tenha cativado a atenção do público com uma competente protagonista e uma premissa curiosa, pouco este novo filme acrescenta ao que havia ficado explícito antes. E chover no molhado nunca foi uma boa opção, muito menos em Hollywood.
Insurgente tem sua ação iniciada exatamente no ponto em que Divergente nos deixou: com Tris (Shailene Woodley) e Quatro (Theo James), acompanhados do irmão dela, Caleb (Ansel Elgort), e do antigo desafeto, Peter (Miles Teller), fugindo da poderosa Jeanine (Kate Winslet). Para quem não lembra, estamos em um futuro distópico em que o mundo como conhecemos hoje não mais existe, e o que resta da humanidade está restringido dentro de uma cidadela protegida por uma alta muralha. A população está dividida entre cinco segmentos – Audácia, Abnegação, Erudição, Amizade e Franqueza – e aqueles que se encaixam em todos estes perfis são chamados de divergentes, pois representam um perigo ao delicado equilíbrio dessa nova sociedade. Tris é uma garota com essa característica, só que ainda mais perigosa é Jeanine, líder da Erudição, que pretende se sobrepor às demais facções, nem que seja à força. E uma vez que seu plano é descoberto, ela precisará recorrer às últimas circunstâncias para conseguir o que deseja.
É aí em que chegamos à Insurgente. Neste momento, tudo o que Jeanine deseja é abrir uma misteriosa caixa mágica deixada pelos Fundadores e que deverá indicar qual o próximo passo a ser dado. O problema é que logo percebe que apenas um divergente teria condições de desvendar o enigma que possibilita sua abertura, e, portanto, mais do que nunca irá precisar de Tris. Essa, ao lado de seus companheiros, primeiro se refugia na Amizade, para depois seguir para a Franqueza e, finalmente, entre os Sem Facções – se ela possui em sua personalidade elementos de todos os grupos, estes são os que não se encaixam em nenhum deles. E qual não é a surpresa quando percebem que a líder destes é Evelyn (Naomi Watts), a mãe desaparecida de Quatro. Mesmo com sua mágoa pelo abandono materno quase lhe sufocante, será a ela que eles precisarão se aliar para terem qualquer chance de vitória.
Em linhas gerais, essa é a trama básica de Insurgente, que se desenvolve de modo bastante linear, sem surpresas nem grandes revelações. Antes de mais nada, é preciso ter em mente que se trata de uma sequência intermediária – é a adaptação do segundo livro de uma trilogia – e, como costuma acontecer nestes casos, não há um início claro, muito menos uma conclusão satisfatória. Assim como entramos na história meio que no susto – quem não assistiu ao longa anterior certamente ficará perdido – também não há o que a ser explicado no final, ficando as ligações necessárias para os capítulos seguintes.
É neste ponto em que percebemos o quanto tudo é muito óbvio. Tris e Quatro já estão juntos, e nada abala o que sentem um pelo outro. Os pais dela se foram, e os dele pouca influência possuem – é de se esperar que Watts, a única grande novidade do elenco, tenha mais relevância nos próximos filmes. Kate Winslet deve ter gravado todas as suas cenas no mesmo cenário e em um único dia, pois tem realmente muito pouco a fazer a não ser ameaças que não se concretizam. E quando se espera por algo chocante, dê-lhe mais clichês – a sequência do depoimento sob o soro da verdade é tão ridícula e incoerente que beira o constrangimento, enquanto que a cena de amor antes do sacrifício é tão batida quanto evidente. Personagens com razoável destaque são descartados sem cerimônia, e outros dos quais se esperava mais nada fazem. Em resumo, é muito pouco para todo o hype que foi criado ao redor.
Shailene Woodley está com sua popularidade em alta por causa desta série e também pelo fenômeno A Culpa é das Estrelas (2014), e não será este filme que irá prejudicá-la. Porém, espera-se mais dela – toda a sua rebeldia ficou resumida a um corte de cabelo mais estiloso. Ao contrário do que o enredo prega, Insurgente transcorre por terreno seguro e sem solavancos, investindo em caminhos já trilhados, deixando de inovar quando poderia e apostando sempre nas opções de menor risco. Algo em comum que estas sagas adolescentes possuem é ir aumentando suas ambições e grandiosidade a cada continuação, garantindo um interesse renovado dos fãs e curiosos. Robert Schwentke (RED: Aposentados e Perigosos, 2010), que assume a direção no lugar de Neil Burger, deixa de lado as escolhas mais ousadas do seu precursor e investe apenas no garantido. E, neste caso, seguir com time campeão nem sempre é garantia de vitória. É preciso mais, e resta apenas esperar que esse cenário melhore a seguir.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 4 |
Thomas Boeira | 4 |
Roberto Cunha | 4 |
MÉDIA | 4 |
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