Olha, eu penso que a questão central com relação a Super Fêmea e a outras pornochanchadas é saber a razão do por que a ditadura deixava esses filmes existirem. As peças do Oduvaldo Viana Filho eram proibidas e quem tentasse encena-las ia preso. Agora, um filme onde um homem se apaixona por um manequim e o confunde com uma mulher podia ser exibido e ainda fazer sucesso. Não acho que a resposta a essa pergunta seja positiva e descobri-la pode ajudar muito a entender os males brasileiros atuais nas relações intimas entre as pessoas. O Brasil não conseguiu experimentar ainda uma verdadeira emancipação nas relações entre homens e mulheres: basta ver os números altos de estupros de mulheres adultas, violência sexual contra crianças e adolescentes (dentro e fora das famílias), gravidez precoce, abortos, doenças venéreas, prostituição (incluindo aqui os espancamentos de prostitutas por clientes e cafetões/cafetinas), exploração sexual de menores, etc. Isso tudo está, na suas formas atuais, está ligado a violência social, política e econômica da ditadura militar que formou o Brasil contemporâneo e muito do ethos atual brasileiro. Um filme como a Super Fêmea, ao invés de ser uma crítica a isso (independente do que pensem os que nele trabalharam), pode mais é está manifestando a terrível patologia da coisificação do ser humano (mais exatamente das classes trabalhadoras e dos seus defensores) que a ditadura militar realizou, sob uma forma de comédia erótica, permitida e tolerada pela administração Medici, a mais repressiva da ditadura.
Olha, eu penso que a questão central com relação a Super Fêmea e a outras pornochanchadas é saber a razão do por que a ditadura deixava esses filmes existirem. As peças do Oduvaldo Viana Filho eram proibidas e quem tentasse encena-las ia preso. Agora, um filme onde um homem se apaixona por um manequim e o confunde com uma mulher podia ser exibido e ainda fazer sucesso. Não acho que a resposta a essa pergunta seja positiva e descobri-la pode ajudar muito a entender os males brasileiros atuais nas relações intimas entre as pessoas. O Brasil não conseguiu experimentar ainda uma verdadeira emancipação nas relações entre homens e mulheres: basta ver os números altos de estupros de mulheres adultas, violência sexual contra crianças e adolescentes (dentro e fora das famílias), gravidez precoce, abortos, doenças venéreas, prostituição (incluindo aqui os espancamentos de prostitutas por clientes e cafetões/cafetinas), exploração sexual de menores, etc. Isso tudo está, na suas formas atuais, está ligado a violência social, política e econômica da ditadura militar que formou o Brasil contemporâneo e muito do ethos atual brasileiro. Um filme como a Super Fêmea, ao invés de ser uma crítica a isso (independente do que pensem os que nele trabalharam), pode mais é está manifestando a terrível patologia da coisificação do ser humano (mais exatamente das classes trabalhadoras e dos seus defensores) que a ditadura militar realizou, sob uma forma de comédia erótica, permitida e tolerada pela administração Medici, a mais repressiva da ditadura.