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Sinopse

O relacionamento do famoso físico Stephen Hawking com sua esposa Jane é  desafiado pela doença de Hawking, portador de esclerose lateral amiotrófica.

Crítica

Um garoto prodígio é afetado por algum trauma (insira aqui físico e/ou psicológico) que o faz se dedicar ainda mais aos seus estudos e talento, transformando-se num grande gênio (aqui, favor colocar se é da música, ciência, etc.). Quantas cinebiografias do gênero já não foram apresentadas ao público nestes mais de cem anos de cinema? Em A Teoria de Tudo, o foco é a vida do cientista Stephen Hawking e sua luta para superar a esclerose lateral amiotrófica pela qual é acometido, centralizando o tema na relação com sua primeira esposa, Jane. O longa indicado a cinco Oscar poderia ser apenas mais um entre tantos do gênero que são lançados todos os anos, mas ganha pontos a mais pela dupla central de protagonistas, jovens talentosos e totalmente dedicados ao trabalho em questão.

A história inicia ainda na época de faculdade, quando Hawking (Eddie Redmayne) conhece Jane (Felicity Jones). A atração é instantânea, assim como a química explosiva que emana na tela. Não demora para os dois começarem a namorar até a descoberta da doença do cientista. A garota demonstra ser mais corajosa do que se podia imaginar e assume de vez a relação, prometendo cuidar do companheiro perante qualquer dificuldade. É uma bela história de amor, antes de mais nada, com alguns toques acinzentados que deixam a obra do diretor inglês James Marsh um pouco mais interessante, ainda que convencional sob muitos aspectos.

Não que para fazer uma cinebiografia seja preciso grandes inovações em sua estética ou formato. Grandes histórias lineares com um tema tão específico e sem surpresas (o casal que supera tudo) já foram bem contadas na história do cinema. Na verdade, A Teoria de Tudo fica no meio do caminho entre o superestimado Uma Mente Brilhante (2001) e o ótimo Johnny e June (2005), para citar exemplos de longas com a mesma base: a companheira que faz de tudo para elevar o status de vida do parceiro. Se no vencedor de Melhor Filme do Oscar de 2002 há uma esquematização quase maniqueísta, o segundo se mostra mais verídico e com menos tons de preto e branco. Já no caso deste filme que falamos, a convencionalidade, ainda que bem editada e fotografada, acaba por desmerecer algumas histórias que surgem no caminho desta trajetória.

É um problema que atinge boa parte dos longas que querem contar uma vida quase inteira. Condensar décadas em 120 minutos não é uma tarefa fácil e é preciso fazer escolhas de quais períodos acabam por se tornar mais determinantes para o andamento da história do que outros. Por isto as performances de Redmayne e Jones acabam se destacando tanto. Afinal, como manter um casamento onde uma das partes mal pode se mexer (com o tempo, sequer falar) enquanto a outra vive uma saúde plena? É uma questão interessante que o diretor aborda e foca em boa parte de sua produção, lidando com temas como a quase (sim, exatamente) infidelidade - de ambas as partes - e a transformação da paixão irrepreensível em respeito, admiração, carinho e amizade.

Se Redmayne brilha com sua transformação física, em que os menores trejeitos de um Hawking ainda jovem começam a demonstrar que há algo de grave acontecendo, o ator atinge patamares inacreditáveis à medida em que o longa avança, culminando na sua quase total imobilidade. Frente a ele, Jones e sua Jane tem uma grande presença em tela, afinal, ela podia estar fisicamente em perfeitas condições, mas sua psique começa a fraquejar. Oras, cuidar de um marido 24 horas por dia, filhos e não conseguir trabalhar no que gosta afeta qualquer um. Ainda mais quando duvidam de seus sentimentos pelo homem em questão. Ela estaria com ele apenas por interesse? Por status de ficar ao lado de um grande gênio dos tempos? Qualquer traço ambíguo é sanado pelo rosto sincero da atriz, que não duvida da sua personagem em nenhum momento e faz o espectador simpatizar com ela cada vez mais. Esforços que foram reconhecidos nesta época de premiações com várias lembranças, culminando nas justas indicações ao Oscar de Melhor Ator e Melhor Atriz.

Porém, seria injusto dizer que só por eles o filme vale a pena. A fotografia, que parece sempre estar amarelada pelo final da tarde de um dia ensolarado, é exemplo de um bom trabalho, assim como a montagem de uma das cenas do clímax que remete à teoria do Big Bang e a gravidade. Se o espectador sentir falta de mais sobre os estudos que culminam na obra Breve História do Tempo, pode sentir algumas referências não apenas no texto, mas no jogo de imagens que há em alguns momentos. O que pode pesar contra A Teoria de Tudo é ser um dos exemplares britânicos do ano: aquela obra mais "quadradinha", fácil de digerir e que certamente vai emocionar o público em algum dado momento. Está bom do jeito que foi feito, mas talvez pudesse ter rendido um pouco mais. E por este fator o filme pode ser esquecido com o tempo, ao contrário de Hawkings.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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