Crítica
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Sinopse
Quando o ex-gerente de talentos Al Hart se reencontra com seu primeiro cliente, Buddy Green, um comediante que deixou o show business há 50 anos, ele convence Buddy a escapar de sua aposentadoria. Ambos pegam a estrada para uma turnê de comédia pelo país.
Crítica
O protagonista de A Última Gargalhada é Al Hart (Chevy Chase), empresário de artistas, semi-aposentado, que reluta em aceitar os efeitos da velhice e a obsolescência imposta pelo constantemente cambiante mundo do entretenimento. Sem qualquer aprofundamento nas questões levantadas, sendo a principal delas, justamente, a crise instaurada em idosos que gradativamente perdem perspectivas frente aos entornos diariamente em transformação, o filme dá indícios desde muito cedo de sua inclinação ao escapismo. Exemplo disso, o dilema de aceitar ou não a sugestão da neta de mudar-se para um luxuoso lar da terceira idade, situação sem um pingo de investigação mais acurada acerca de motivações e hesitações. O caminho é superficial, mas cativante ao mesmo tempo. Isso é acentuado, sobremaneira, quando entra na história Buddy (Richard Dreyfuss), ex-aspirante a comediante, na atualidade um interno que aparentemente gosta de estar no asilo cercado de atividades e programas por todos os lados.
Embora Chevy Chase seja um nome maiúsculo, especialmente pelas comédias estreladas nos anos 80, Richard Dreyfuss, outro astro que outrora gozou de prestígio, é quem rouba a cena frequentemente em A Última Gargalhada. Não obstante o talento do coadjuvante, o roteiro lhe aponta caminhos mais instigantes e promissores, mantendo por diversos momentos Al como mero espectador do retorno alheio. A mensagem que perpassa integralmente a produção é bastante clara, por conta da recorrência de diálogos expositivos. Eles deflagram a necessidade de movimento para que os idosos não sucumbam à melancolia e fiquem apenas esperando a morte. Intentando sentir-se útil novamente, o homem dos bastidores propõe ao antigo cliente uma turnê pelos Estados Unidos. Nesse momento, a trama aponta claramente à dinâmica do road movie – com direito à paródia de Sem Destino (1963) –, com os companheiros voltando a se sentir vivos no desempenho das funções do passado. Infelizmente, boa parte da densidade se perde pela falta de consistência.
A Última Gargalhada se encaixa no filão das dramédias centradas em idosos desfrutando de aventuras antes do inevitável fim. Todavia, o que oferece real valor ao longa-metragem dirigido por Greg Pritikin é a afiada dupla Chase/Dreyfuss, que vence as consecutivas fragilidades do texto e a urdidura frouxa do tecido narrativo com suas imensas capacidades e carismas, o que mantém a balança equilibrada. Assim, o conjunto não pende totalmente ao positivo, mas tampouco se rende completamente às falhas. A presença da personagem de Andie MacDowell é apenas instrumental e fria, quase absolutamente dispensável, aquém da representatividade dessa atriz já foi apontada como uma das mais promissoras dos anos 90. Ela serve tão e somente como porta de entrada de Al num mundo menos cartesiano e esquemático, oferecendo-lhe maconha, cogumelos e um pouco da paixão por ele considerada impossível depois de certa idade. Aos trancos e barrancos, a simpatia prevalece e, com boas doses de condescendência, é possível se divertir com as peripécias.
Afora as múltiplas construções bastante rasas e estereotipadas, como na rápida incursão de Al e Buddy pela cidade mexicana de Tijuana, A Última Gargalhada se beneficia da experiência dos atores, da forma como eles fazem do limão uma limonada relativamente saborosa. Greg Pritikin, também roteirista, oferece soluções simples para problemas complexos, mas, com isso, não compromete demasiadamente o resultado, exatamente porque assume o tom leve com o qual deseja abordar, inclusive, situações dramáticas. A revelação de um segredo não estremece estruturas como deveria, prova da fragilidade do discurso, bem como do caminho pavimentado para apresenta-lo ao espectador. Todavia, a adesão aos personagens, motivada pelo desempenho delicioso de Chase, mas, principalmente, de Dreyfuss, não é abalada, indício da dependência que o todo tem dos intérpretes principais. Não chega a ser um desastre, nem uma realização memorável, e consegue de aproximar do encantador ocasionalmente.
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