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Sinopse
Depois que largar a cidade grande para viver com o marido no belíssimo vinhedo, Eveleigh começa a ter premonições horripilantes.
Crítica
Isla Fisher recusou o convite de participar de Truque de Mestre: O 2° Ato (2016) com a desculpa de que estava grávida na época das filmagens. Mas a verdade por trás desta história, imagina-se, deve ter sido sua experiência no suspense A Última Premonição, em que interpreta justamente uma mulher à espera do seu primeiro filho. Com início relativamente promissor, a história logo começa a resvalar em opções equivocadas e em personagens mal construídos, revelando a inabilidade do diretor Kevin Greutert (o mesmo do problemático Jessabelle: O Passado Nunca Morre, 2014) em lidar com o roteiro esquemático de L.D. Goffigan e Lucas Sussman. E assim, ao invés de uma homenagem, temos apenas um pastiche que faz uso de elementos do clássico O Bebê de Rosemary (1968) em um dos resultados mais atrapalhados e absurdos dos últimos tempos, e isso que estamos falando de um formato afeito a exageros e excentricidades.
Fisher e o galã Anson Mount interpretam Eveleigh e David Maddox, que decidiram deixar para trás a correria da cidade grande ao adquirirem uma chácara no interior e investirem no negócio de vinhos. Porém, já na primeira recepção aos vizinhos e amigos, são alertados por um morador local, que admira a “coragem” do casal de colocarem tudo o que tem em um lugar onde nada costuma dar certo. Mas tal mudança tem a ver também com o fato de terem sofrido um acidente de trânsito cerca de um ano atrás, que deixou marcas profundas na protagonista – não só físicas, mas, principalmente, psicológicas. Deste episódio, ao qual temos acesso apenas de relance no começo da trama, sabemos somente que dois carros estavam envolvidos, e que no outro havia ainda uma criança. Não tarda, como é de praxe em produções similares, para que Eveleigh comece a se assustar com qualquer coisa. É uma porta que bate no meio da noite, um pesadelo que parece real demais, coisas que vê e logo em seguida desaparecem. Sua primeira impressão é de que se tratam de visões (o título original, aliás) sobrenaturais de alguma tragédia que teria acontecido no mesmo local muitos anos antes. No entanto, como o infeliz nome de batismo nacional já adianta, não se tratam de imagens do passado – e, sim, do futuro. Ou seja, são premonições (!) de algo que irá acontecer com eles. O problema é que só percebem isso tarde demais.
Isla Fisher é uma atriz de recursos evidentemente limitados, cujo único crédito como protagonista que carregava até então era a comédia Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (2009), que não lhe exigia muito e entregava ao espectador exatamente o que prometia: uma bobagem divertida e passageira. Dessa vez, no entanto, ela está praticamente sozinha a maior parte do tempo, e suas caras e bocas são exploradas até o limite do suportável, sem nuances nem posições intermediárias – tudo é exagerado e extremo, indo do casal feliz recém chegado à grávida paranoica em que ninguém acredita em duas ou três cenas. O elenco de coadjuvantes, por outro lado, é uma seleção de nomes populares na televisão que são desperdiçados vergonhosamente em cena. Mount apenas reage aos sustos e desesperos da esposa, em uma atuação pálida e desprovida de motivações. Gillian Jacobs faz a vizinha igualmente grávida que sofre uma mudança tão radical de comportamento que chega a parecer dois tipos distintos, pois tal transformação é conduzida sem o menor cuidado nem preparação. Joanna Cassidy tem papel crucial nas revelações na trama, mas assim que diz a que veio é descartada sem a menor cerimônia, em um desfecho que deve ter causado vergonha na atriz. Mas nada pior do que ver Jim Parsons, como o médico da família, e Eva Longoria, como a melhor amiga, ambos em participações inúteis e descartáveis que beiram o constrangimento.
Inédito nos cinemas norte-americanos, onde foi lançado diretamente nos serviços de streaming e disponibilizado para compra pela internet (nem DVD em formato físico chegaram a produzir), A Última Premonição é um longa que se esforça para ser ruim, e consegue ir além com a derradeira pá de cal proporcionada pelo batismo da distribuidora nacional – que entrega, ao mesmo tempo, dois spoilers sobre a trama (o ‘última’ e a ‘premonição’). Entre o elenco despreparado e um enredo que se apoia quase que exclusivamente nos mais desgastados clichês do gênero, chega-se ao limite dos absurdos em uma resolução patética, feita às pressas e dona de tantas improbabilidades que tudo que provocam são risos. Ao menos é curto, mas mesmo seus 82 minutos de duração são extensos demais para tanto desperdício combinado.
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