Crítica
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Sinopse
Em A Última Sessão, quando a magia dos filmes conquista o coração do jovem Samay, de 09 anos, ele faz de tudo para realizar o seu sonho de se tornar um cineasta. Mas o pequeno garoto nem imagina as dificuldades que está prestes a enfrentar. Premiado no Satellite Awards 2023.
Crítica
Amadurecimento e paixão pela sétima arte são temas atemporais que seguirão inspirando histórias nas mais diversas produções. Contudo, desde o estrondoso impacto de Cinema Paradiso (1988), tornou-se praticamente inevitável que obras posteriores carreguem traços de comparação ou até mesmo caminhem à sombra do inesquecível trabalho de Giuseppe Tornatore. Em A Última Sessão, essa influência vai além de perceptível, se apresentando como espécie de diálogo emocional, quase convite ao público para revisitar aquele sentimento nostálgico que marcou gerações. Ainda assim, o diretor Pan Nalin busca, com seu próprio olhar, converter essa admiração em algo singular, construindo homenagem que se destaca pela autenticidade.
A história acompanha Samay, vivido pelo carismático Bhavin Rabari, criança fascinada pelas maravilhas da Sétima Arte. Nalin não se esquiva de criar paralelos com o filme italiano, apresentando protagonista que, assim como Totó, descobre o poder das imagens através da sala de projeção. Nano, interpretado por Vikas Bata, assume o papel de mentor, ecoando o inesquecível Alfredo (Philippe Noiret), do projeto oitentista. Contudo, há algo novo na jornada de Samay: sua busca pela essência visual que transforma histórias em magia. Essa busca não é apenas técnica, mas filosófica, trazendo camada de originalidade à empreitada.
Samay não se contenta em ser apenas espectador, ele quer criar. Ao lado de seus amigos, o garoto enfrenta a precariedade com criatividade incansável, explorando os rudimentos do cinema de maneira quase artesanal. O longa revela, com delicadeza, que o verdadeiro combustível das histórias não está nas ferramentas sofisticadas, mas na paixão de quem as conta. Entre luzes, sombras e improvisos, Pan Nalin nos lembra que o audiovisual, mesmo em sua forma mais simples, ainda é capaz de emocionar e inspirar.
Ao contrário de produções que recorrem ao melodrama, o título se destaca por suas escolhas sutis. Samay está inserido em cenário marcado por privações e dificuldades que, sob a direção de cineastas menos experientes, poderiam facilmente descambar para apelo emocional excessivo ou forçado. Nalin, no entanto, adota abordagem diferente, optando por permitir que as imagens transmitam os sentimentos e nuances da história de maneira orgânica, dando mais voz aos retratados do que som a qualquer trilha que busque manipular emoções. Essa escolha revela confiança evidente tanto na força de sua narrativa quanto na profundidade e autenticidade dos personagens apresentados.
A Última Sessão é, acima de tudo, celebração da capacidade humana de perseverar diante das adversidades, mas com interessante cautela, para não romantizar a precariedade. O futuro do protagonista permanece indefinido, ainda mais com a modernidade se apresentando como desafio à caminhada. Tal qual o próprio cinema, Samay representa transição e metáfora pulsante de mundo em mutação. Aqui, não há respostas definitivas, muito menos finais felizes, mas o reforço de um conceito: o que realmente importa não é o destino, mas o brilho encontrado nos trilhos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 8 |
Alysson Oliveira | 6 |
Francisco Carbone | 8 |
Daniel Oliveira | 4 |
Chico Fireman | 4 |
Celso Sabadin | 7 |
MÉDIA | 6.2 |
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