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Crítica


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Onde Assistir

Sinopse

A trajetória das backup singers, imprescindíveis à música, mas quase nunca conhecidas por seus nomes. A visão da indústria e os motivos que levam muitas a não brilhar em carreiras solo.

Crítica

Nos shows, os backing vocals ficam ao lado ou um pouco atrás dos artistas que estão se apresentando no palco, sempre ajudando a tornar o espetáculo mais completo e brilhante para o público. Na maioria das vezes, não nos preocupamos com essas figuras, principalmente por estarmos concentrados em ver nossos ídolos tocando as músicas que gostamos. Mas eles estão lá e, mesmo que não os percebamos, são tão importantes quanto os músicos por quem pagamos os ingressos para assistir. E A Um Passo do Estrelato é um documentário interessantíssimo exatamente por trazê-los como seu tema central.

Incluindo depoimentos de artistas consagrados como Bruce Springsteen, Sting, Mick Jagger, Bette Midler e Stevie Wonder, A Um Passo do Estrelato conta um pouco sobre a vida de algumas cantoras que trabalham como backing vocals (e digo “cantoras” porque o diretor Morgan Neville não chega a mostrar homens que sigam essa carreira). Ao mesmo tempo, o longa busca fazer um retrato da profissão no sentido dela ser, na maioria das vezes, o primeiro passo rumo ao estrelato absoluto.

Por ter muito o que abordar e várias personagens para acompanhar, como Darlene Love (que muitos cinéfilos devem lembrar como a esposa de Roger Murtaugh, personagem de Danny Glover na franquia Máquina Mortífera) e as “raelettes” Merry Clayton, Mable John e Susaye Greene, A Um Passo do Estrelato demora um pouco para se organizar, pulando de um assunto a outro sem muita lógica. Mas depois que Neville apresenta os elementos do filme, a narrativa transcorre com mais naturalidade, e o trabalho de montagem do trio Douglas Blush, Kevin Klauber e Jason Zeldes traz um ritmo ágil e envolvente ao filme.

Um detalhe curioso é que, apesar de o público não dar tanta atenção as backing vocals, isso não quer dizer que os artistas a quem elas dão suporte nas canções as tratem da mesma forma. Na verdade, o respeito que astros como Sting e Mick Jagger têm por elas é admirável e até mesmo tocante, uma vez que eles têm plena noção de que estão cantando com pessoas que não só são essenciais para que suas músicas funcionem da forma como desejam, como também são tão talentosas quanto eles, donas de grande potencial para serem cantoras famosas no mundo todo.

O que nos traz a Lisa Fischer, cantora com uma voz que deslumbra qualquer um que pare para ouvi-la. Algum tempo depois de começar como backing vocal, ela alcançou o sucesso numa carreira solo, inclusive ganhando o Grammy por seu primeiro disco. Fischer é extremamente elogiada por boa parte das pessoas que aparecem dando depoimentos em A Um Passo do Estrelato. No entanto, não chegou a lançar um segundo disco e voltou a ser backing vocal, o que ilustra um pouco a dificuldade que profissionais da área tem na hora em que deixam de ser coadjuvantes e passam para a  condição de protagonistas. E por Morgan Neville tratar a posição de backing vocal como sendo tão importante quanto a dos outros membros das bandas, é difícil ver a decisão de Fischer como uma espécie de retrocesso em sua carreira, até porque ela continua fazendo aquilo que ama: cantar.

Embalado por canções empolgantes, como “Gimme Shelter”, dos Rolling Stones, A Um Passo do Estrelato é uma bela viagem pelas carreiras de figuras talentosas e admiráveis. E descobrir um pouco mais sobre as profissionais retratadas ao longo do filme acaba sendo realmente fascinante.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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